A
fábrica de Faianças Artísticas e Decorativas, Pereira e Lopes, Lda., que
fabricou louça regional de Alcobaça,
foi fundada em 1944, por três sócios: Álvaro Marques Pereira, José Pereira
(genro de Álvaro Pereira) e Eduardo José da Silva Lopes e implantou-se na
localidade de Valado de Frades.
(Publicidade à Fábrica no inicio da década de 50 - Fonte 1) |
A
louça decorativa que começou a fabricar possuía uma decoração da dita louça regional de Alcobaça, com fortes
influências de duas fábricas do concelho vizinho de Alcobaça, a Fábrica de Raul da Bernarda e a OAL – Olaria de Alcobaça, principalmente
na primeira década de produção.
(Da Fonte 1) |
(Identificação na Peça - Da Fonte 1) |
(Da Fonte 1) |
(Identificação da Peça - da Fonte 1) |
(Da Fonte 1) |
(identificação da Peça - Da Fonte 1) |
(Da Fonte 1) |
(Identificação da Peça - Da Fonte 1) |
(Da Fonte 1) |
(Identificação na Peça - Da Fonte 1) |
(Da Fonte 1) |
(Identificação da Peça - Da Fonte 1) |
O fundo em azul claro das peças, conjugado com a gramática decorativa característica da louça regional de Alcobaça, à base de arranjos florais policromáticos de cores fortes eram as suas principais características.
Era
seu principal mentor, o sócio, Eduardo Lopes, pois tinha estudado na Escola
Industrial, das Caldas da Rainha, cremos; vinha da fábrica Olaria de Alcobaça, onde tinha adquirido experiência e
conhecimentos bastantes, pelo durante a sua permanência na fábrica, era ele que
dirigia a produção, para além de ser também modelador de peças e pintor.
Posteriormente,
cremos no início da década de 50, do século passado, com a saída do sócio
Eduardo Lopes, passou a chamar-se Pereiras,
Lda., tendo vindo mais tarde, em 1969, a ser integrada na Fábrica Elias e Paiva, Lda., conhecida
comercialmente como ELPA.
A
melhor decoração desta fábrica foi efectuada nas décadas de 40 e 50 do século
passado, quando mão-de-obra era mais barata e se corria a jovens aprendizes,
pelo que o tempo despendido com a decoração de cada peça era muito maior e logo
a mesma era mais elaborada e intensa.
Refira-se
que na década de 60, já com a fábrica Pereiras,
Lda., a decoração efectuada era muito semelhante.
O
fundo das peças em azul mais claro e as decorações em azul forte, para além das
demais cores, amarelos-torrados, vermelhos escuros, verdes secos, denunciavam a
cozedura das peças em fornos de lenha.
(Do OLX) |
(Identificação na Peça - Do OLX) |
(Do OLX) |
(Identificação na Peça - Do OLX) |
(Do OLX) |
(Identificação na Peça - Do OLX) |
(Do OLX) |
(Identificação da Peça - Do OLX) |
Na
generalidade todas as peças tinham no seu fundo ou tardoz, a identificação da
fábrica, inicialmente, “P.L. Lda.”, e depois “P.L.”, com uma imagem
assemelhando-se a um pinheiro entre as iniciais; com a indicação do local da
fábrica “VALADO”, tipo de louça ou proximidade geográfica “ALCOBAÇA”, bem assim
como “MADE IN PORTUGAL”, as iniciais do pintor e o número da peça.
Os
pintores foram vários e consequentemente as iniciais são diversas nas peças que
se encontram:
-
A.M.R. – Américo Ribeiro;
-
A.J. – Alberto Toti (?);
-
N.L. – Aníbal Lopes (?);
-
J.T. – Jaime Torres;
-
S. – António Elias da Silva (?);
-
A.A. – (?);
Os
pintores na fase inicial desta fábrica eram os seguintes:
-
António Elias da Silva;
-
Américo Ribeiro (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);
-
Jaime Torres (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);
O
forneiro era o João Elias e o modelador o já citado sócio Eduardo Lopes.
No
entanto, refira-se que muitas peças não eram assinadas pelos seus pintores, provavelmente,
quando efectuadas pelos jovens aprendizes.
A
numeração das peças iniciou-se pelo n.º 1 e prolongou-se até cerca das 9
centenas, já no período dos Pereiras,
Lda., havendo muitas peças com numeração nas 8 centenas.
Também
deveras interessante é outro tipo de decoração, desta fábrica, de forma inequívoca
apresentada na fonte 3) citada, cujas imagens da mesma são as seguintes:
Sendo
referido na mesma que “Esta decoração,
com representações arquitectónicas organizadas em função da forma da peça,
evoca claramente a decoração das bases de candeeiro, particularmente o modelo
P955, que Ferreira da Silva (n. 1928) desenvolveu para a Secla durante a década
de 1950.
O
formato da jarra, contudo, assume-se como uma versão simplificada, visto
que as peças de Ferreira da Silva surgem perfuradas e apresentam excrescências
escultóricas.”
A
peça que apresentamos é um jarro, com uma interessante e soberba decoração,
característica do 1º período de fabrico da fábrica de Pereira e Lopes, Lda., provavelmente do final da década de 40 ou
inicio da de 50, do século passado.
Sobre
o fundo em vidrado azul mais claro, a intensa, harmoniosa e policromia
decoração de toda a peça com vários filetes em azul forte, para fazer realçar a
forma da peça, bem como para delimitar as bordaduras do pé da asa e da boca do
jarro.
Possui
na base a respectiva identificação: “P.L.”, “VALADO ALCOBAÇA”, “MADE IN PORTUGAL”,
“HAND PAINTED” e o número da peça “450”.
Mais
uma peça preservada e publicada para memorizar uma das muitas fábricas de
faianças extintas em Portugal.
Fontes:
6) – “Cem anos da louça de Alcobaça”, de Jorge Pereira de
Sampaio, Edição do Autor, 2008;
7) – “Faiança de Alcobaça, 1875 – 1950”, de Jorge Pereira
de Sampaio, Editora Estar;
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