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quarta-feira, 29 de junho de 2016

UMA PEÇA EM FAIANÇA DA FÁBRICA DO DESTERRO, DE LISBOA

Já se justificava a apresentação de uma peça em faiança de mais de uma das fábricas de louça de Lisboa – da Fábrica do Desterro.
(Imagem 1 - A nossa peça)
Apresentamos um interessante prato dessa fábrica, com o motivo Primavera, um dos padrões mais conhecidos desta fábrica, mas devidamente identificado no carimbo aposto no tardoz do prato.
(Imagem 2 - O tardoz da nossa Peça)
Prato raso, em que a decoração vegetalista, monocroma, na cor grená, com três representações vegetalistas, de flores e ramos, dois iguais em dimensão e outro de maior dimensão, ocupam parte da aba e que se prolongam até ao covo do prato.
(Imagem 3- A decoração da nossa Peça e os pormenores do remate da Aba)
O acabamento da aba é interessantíssimo, com a bordadura recortada em lóbulos e a própria aba em si com baixos e altos-relevos assentando a beleza do prato.
(Imagem 4  - Um pormenor da Decoração da Peça)
Em termos de aspecto parece uma peça “leve” mas quando se pega, nota-se o seu “peso”, característica da faiança efectuada à época, pese embora com um vidrado muito branco, que dá o “sentido” de leveza à peça.
(Imagem 5 - O carimbo na Peça - identificando o fabrico e o motivo)
O tardoz é característico da época da sua execução e do respectivo fabrico: fundo com dois fretes, um de bordadura da base e outro a meio, sendo que no círculo central é que se encontra aposto o carimbo com a marca da fábrica e com a identificação do motivo da decoração.
(Imagem 6 - O pormenor dos três pontos não vidrados da trempe)
No tardoz da aba identificam-se perfeitamente os três conjuntos de três pontos “picados”, vestígios das trempes, usadas à época e quando a peça, o prato, foi a vidrar.
(Imagem 7 - O Carimbo aposto no tardoz do prato)
O carimbo, monocroma, grená, possui o “brasão” desta fábrica, que correspondia ao brasão de armas da casa onde estava instalada, a sua identificação: “FÁBRICA DO DESTERRO”, “LISBOA” e o motivo da peça “PRIMAVERA”. Carimbo identificado como sendo de 1987.
 Há peças semelhantes á que apresentamos também na cor verde.
(Imagem 8 - Outro prato idêntico na cor verde - Fonte 1)


Um pouco de informação sobre a Fábrica:

Consta que a Fábrica do Desterro foi fundada em 1889, em Lisboa, na Rua Nova do Desterro, por três fundadores: Campos, Neves & Branco.
Em 1901 passou para as mãos do único fundador José das Neves, o qual assumiu a gerência, sozinho, crendo-se que encerrou definitivamente no início da década de trinta do século XX (por volta de 1920-1921).
Consta igualmente que teve um depósito de louças ou armazém na Rua da Prata 293 a 295 (em Lisboa).

Um pouco de informação sobre o seu fabrico:

Desde a sua fundação e até 1891 produziu peças em faianças e peças em pó de pedra, ou faiança fina.
(Imagem 9 - Faiança Fina - Bule com o Motivo Primavera - Fonte 4)
Esta louça era decorada com motivos a cores, monocromas, e esmaltada com qualidade, semelhante às louças produzidas pelas fábricas de Sacavém e de Alcântara pelo que foi uma forte concorrente a estas fábricas.
As estampas que usavam eram iguais, idênticas e semelhantes às que usavam as referidas fábricas, sendo o motivo "Cavalinho" (Grece Statue), um dos recorrentes. (fonte 4).

(Imagem 10 - Prato com o motivo "Cavalinho" ou "Estátua"- Fonte 4)

(Imagem 11 - Carimbo no prato - motivo "Estátua" - Fonte 4)
A marca usada tinha o brasão de armas que pertencia à casa onde estava instalada, propriedade adquirida pelos fundadores.
Esta fábrica igualmente se dedicou-se à pintura manual e ao fabrico de painéis de azulejos (fonte 3), de placas, para além de pratos decorativos.
(Imagem 12 - Painel de Azulejos da Fábrica do Desterro - Lisboa - Fonte 3)
Um dos motivos mais interessantes produzidos nesses pratos decorativos foi com a comemoração do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para a Índia, mas também outros como um com a decoração de Sintra, mais precisamente do Palácio da Pena, e com a indicação “CINTRA”.
(Imagem 13 - Prato com o motivo "CINTRA" - Fonte 1)
Igualmente produziu louça com decoração publicitária como, por exemplo, ao Armazém de Fazendas Gaspar C. Jacob, na Rua de Arroyos, 164 (em Lisboa). (fonte 2).
(Imagem 14 - Prato Publicitário - Fonte 2)
(Imagem 15 - Carimbo do Prato Publicitário - Fonte 2)
Em 1901 José das Neves ficou sozinho com a gerência da fábrica tendo passado a produzir sobretudo louça vermelha.
Desconhecemos se não seria com o encerramento da Fábrica do Desterro, quando já produzia louça de barro que se iniciou a Olaria do Desterro, que laborou até finais da década de 60 ou inicio da de 70 do século passado, quando encerrou.
 
(Imagem 16 - Antiga Fachada da Olaria do Desterro - Fonte 7)

FONTES:
8) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;
9) -“Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;
10) - “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

11) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

TRAVESSA DA FÁBRICA DE LOUÇA DE ALCÂNTARA, MOTIVO PRIMAVERA

A fim de desocupar a antiga casa senhorial da avó, distante, entretanto falecida, as suas netas venderam ao desbarato quase tudo o que lá existia – e lá foram as velhas peças de faiança…..


Foi uma venda discreta e rápida, a troco de alguns euros, a uma senhora também já idosa, muito querida e que se dedica ao negócio das velharias como forma de subsistência ou sobrevivência……


E lá conseguimos negociar uma antiga e interessante travessa “arredondada”, da Fábrica de Louça de Alcântara, com uma forma característica da faiança inglesa (rectangular de cantos arredondados).



Trata-se de uma peça com uma decoração simples, estampada, monocromática, cor verde-escura, com dois motivos florais diferentes, um maior, outro menor, mas sempre presentes as espigas, e na maior a papoila.


Trata-se de uma peça com carimbo verde da fábrica de Alcântara: FABRICA D’ ALCANTARA – FAIANÇA FINA – L & C – LISBOA, com indicação do motivo dentro duma raquete retangular: PRIMAVERA, possuindo ainda a marca gravada na pasta de LOPES & C.ª e a identificação alfanumérica L 7.


Tentando identificar o período de fabrico, pela marca circular gravada na pasta, segundo o livro “Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987, a páginas 75, item 391; Faiança Feldspática Moderna (fabrico após 1850), fabrico de 1897 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, proprietários atuais: Lopes & C.ª – marca gravada na pasta (marca da louça decorada à mão).

Por outro lado, pelo carimbo, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).


Em suma, trata-se de uma travessa de Fábrica de Louça de Alcântara de fabrico de 1897, em diante, com o motivo PRIMAVERA.

FONTES:



3) -Cerâmica Portuguesa – Marcas da Cerâmica Portuguesa”, de José Queirós, 2ª Edição, II Volume, (1ª reedição em fac-simile), José Ribeiro – Editor e Livraria Estante Editora, Aveiro – 1987;

4) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

sábado, 19 de julho de 2014

Motivos CACTOS e PRIMAVERA da Fábrica de Alcantara. Marca Figurativa por Identificar


Motivo CACTOS da Fábrica de Alcântara, estampagens diferentes. Marca figurativa por identificar.



Numa recente deslocação turística da nossa família a uma Vila Alentejana na raia de Espanha, encontramos mais uma feira de velharias, acantonada no jardim central à sombra fresca das frondosas árvores existentes.

Os vendedores não eram muitos, mas alguns já conhecidos, com os quais sempre trocamos algumas conversas…. E lá encontramos três pratos de fabrico de Alcântara.


Os dois primeiros sem qualquer identificação, mas com características inequívocas de serem de fabrico de Alcântara e um terceiro com outro motivo, esse sim com carimbo da fábrica de Alcântara: FABRICA D’ ALCANTARA – FAIANÇA FINA – L & C – LISBOA, e que pelas suas características confirmavam os outros dois.
 







Faiança grossa, pesada, com aspeto leitoso, em que o tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente, para além de três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando os mesmos iam cozer – característica esta que só encontramos nos pratos de Alcântara.






Tratam-se dois pratos rasos, com motivos vegetalistas, mono cromáticos, cor castanha escura, em que um dos ramos é uma silva, com frutos – amoras e o outro é um cardo, com bolbos, semiabertos, ainda não floridos.

 




















O vendedor assegurava-nos que eram pratos de fabrico de Alcântara, que faziam parte de um serviço que tinha comprado, em que as peças grandes (terrina e travessas) tinham o carimbo da fábrica de Alcântara e que os pratos poucos o tinham, os quais já tinha vendido, restando estes dois sem carimbo.

Pese embora os pratos sem carimbo de Alcântara, e como tal identificados, possuem uma gravação na massa, que agora conseguimos identificar por analogia em vários pratos (possuem uma marca em baixo relevo, quadrada na massa).

Eis a imagem da mesma:





Pese embora o vendedor nos assegurasse que os pratos eram iguais, isto é com a mesma estampagem, tal não correspondia à realidade. Após negócio fechado, indiquei a diferença das estampagens entre os dois pratos – um na gravura da silva, a mesma possuía seis amoras (frutos) e o outro só cinco – “Olha que engraçado, nunca tinha dado por isso!”



Tínhamos de memória que já tínhamos visto um blogue (1) em que tal motivo era descrito e lá fomos à procura do mesmo.




Na verdade a imagem do prato, que estava publicado (1), possuía na estampa da silva, a que possuía só cinco amoras, mas o carimbo no verso do prato não deixava dúvidas: para além do carimbo encontrado no prato, sob o mesmo estava identificado o motivo “CACTOS”: não restam dúvidas.


Finalmente o terceiro prato, mais pequeno, de sobremesa, possuía igualmente um motivo vegetalista, monocromático, castanho-escuro, em que a composição mais pequenoa era uma simples espiga de trigo, cujo caule possui três folhas e a maior um conjunto ornamental, com espigas de trigo, eventualmente papoilas e uma planta trepadeira que não conseguimos caracterizar. Que motivo será este?





Consultando mais uma vez um outro blogue (2) verificámos que se trata do motivo “Espigas de Trigo”,  ou “Trigo”,



Por posterior esclarecimento e através de consulta do blogue já citado (1), viemos a constatar que afinal o motivo se denomina "Primavera", sendo que no mesmo se encontram apresentadas as imagens que a seguir reproduzimos e que confirmam o nome do motivo indicado.




Tentando identificar o período de fabrico, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; trata-se de fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais (à data - 1907) são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).



Por outro lado, o sinal ou marca figurativa identificada nos pratos em apreço não nos permite ainda assegurar com rigor a data, sendo que o autor supra citado identificou um sinal (um circulo gravado na massa) – pagina 343, item 834, do livro atrás identificado, como fabrico de 1901, da época de Lopes & C.ª, mas para a “marca quadrada” ainda não conseguimos identificar o ano de fabrico, mas vamos tentando.



Em suma, todos os dias as peças de louça de fabrico de Alcântara nos continuam a surpreender e a criar-nos mais interrogações, que por sua vez nos motivam a pesquisa e procura de respostas.

FONTES:

1) http:// fabricadealcantara.blogspot.com;

2) http:// leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com;

3) ,Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987