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domingo, 1 de janeiro de 2017

ESPLÊNDIDO PRATO EM FAIANÇA, DE COIMBRA? DE ALCOBAÇA?


Para começar o Ano de 2017 e após um prolongado interregno de colocação de postagens no blogue, eis que apresentamos um esplêndido prato em Faiança, que com uma interessante decoração, que o veio a tornar prato de pendurar ou de decoração, através do orifício efectuado com uma roca na aba, para tal.

(FIG. 1 - A nossa Peça - Fabrico de Coimbra ?)

Presumimos que tenha sido fabricado no final do século XIX, ou mais provavelmente na primeira metade do século XX, em… aí o grande mistério, e que torna a peça ainda mais interessante por tal incógnita, tal como a maioria das faianças não marcadas, que não se conseguem descobrir ou indicar com rigor a sua data de fabrico e onde foi fabricada.

Vamos então à peça.

Um prato covo ou sopeiro, de diâmetro mais pequeno que o habitual, mas perfeitamente identificado aos que faziam às épocas já indicadas.

(FIG. 2 - O Filete de bordadura e a decoração da Aba)

Vidrado na cor de grão, com um filete largo, na bordadura da aba, em cor-de-rosa esbatido, possuindo sete decorações monocromáticas, repetidas, efectuadas a chapa ou stencil, com as partes terminais sobrepostas ou desalinhadas, conforme a perícia do decorador deste prato.

No fundo do prato uma vistosa e elegante decoração policromática, ao gosto oriental mas com elementos vegetalistas da flora mediterrânica – o arranjo artístico ao gosto do decorador, certamente.

(FIG. 3 - A Beleza da decoração policromática do covo do prato)

Um pagode, com um chapéu chinês, com zimbório de remate, e sobre o mesmo várias aves sobrevoando, uma base de enquadramento, onde assenta o pagode e da qual desenvolve a vegetação arbustiva que encena a imagem, tornando a mesma harmoniosa, no formato e na cor.

A policromia usada: castanho-escuro, vermelho escuro, azul-marinho e verde-ervilha dão a beleza e a animação à cena apresentada, que preenche a quase totalidade do fundo do prato.

Na generalidade a técnica de decoração utilizada foi a chapa recortada ou stencil, somente com alguns apontamentos a pincel, nas folhas na cor verde-ervilha e nas flores na cor azul-marinho enquadradas na base castanha.

(FIG. 4 - O tardoz do prato)

No tardoz denotam-se algumas imperfeições na massa, aquando da moldagem da pasta, algumas imperfeições, faltas e arrepiados no vidrado, bem como as marcas das trempes que a peça voltou ao forno para cozer o vidrado.

(FIG. 5 - O Orifício para pendurar o trato)

Possui um único frete, na bordadura do fundo. Nada mais.

(FIG.6 - As imperfeições do vidrado)

Gostaríamos de completar esta postagem com a indicação da possível época de fabrico e do centro ou fábrica da sua execução, o que também não conseguimos.


1- ONDE E QUEM FABRICOU PEÇAS SEMELHANTES?

O centro Oleiro de Coimbra, com as suas diversas e anónimas fábricas, quer ao longo do século XIX, quer mesmo na primeira metade do Século XX produziram imensas peças semelhantes à que apresentamos, sem marcas e consequentemente não identificadas.

Mas as fábricas que surgiram no final do século XIX e nas primeiras três décadas do século XX no centro Oleiro de Alcobaça, também produziram peças muito semelhantes, pois que, afim e ao cabo, as produções copiavam-se, ou mesmos eram os artistas e decoradores que até mudavam de fábricas, para fábricas, o que ainda torna mais difícil indicar uma origem de fabrico, com algum rigor.

As mínimas diferenças que possam haver, ou as subtilezas que possam distinguir um fabrico de outro nem sempre são identificadas, por leigos como nós.
Vamos tentar sistematizar algumas ideias e identificar algumas particularidades dos vários fabricos.


2- FAIANÇA DE COIMBRA

A Faiança de Coimbra, para este tipo de peças, de uso quotidiano e utilitário, recorria com muito frequência ao motivo Casario, com predominância em policromia, com cores deslumbrantes.

Já usava o verde-ervilha ou o verde inventado por Vandelli.

A textura da peça era geralmente fina, leve e com uma pintura cuidada, sendo que a decoração tinha com frequência inspiração em motivos orientais.

A pasta, pelo que se consegue identificar era geralmente na cor de grão, ou alaranjada, em função da mistura de barros que faziam e o vidrado era geralmente amarelado (cor de grão).

(FIG 7 - A decoração do fundo do prato)


3- FAIANÇA DE ALCOBAÇA DE JOSÉ DOS REIS DOS SANTOS (1875-1898)

O motivo da decoração era predominantemente o Casario, o País e por vezes o Chalé, com pinturas monocromáticas, em tons de azul, rosa ou manganés.

As técnicas de decoração eram o estampilhado, o esponjado, mais o habitual pincel.

Quer em termos de decoração, pintura e vidrado, havia cuidado e dedicação no fabrico.


4- FAIANÇA DE ALCOBAÇA DE MANUEL FERREIRA DA BERNARDA JÚNIOR (1900-1930)

Fabrico percursor do anterior, tinha muitas semelhanças com o mesmo, pese embora com outros motivos de decoração, que não só o Casario, mas também como motivos zoomórficos.

A decoração era efectuada em policromia e em que os artistas e decoradores repetiam os mesmos temas, sem grandes variações e sem muita perfeição.

Tratava-se de uma louça com linhas (formas) e composições estéticas (motivos de decoração e cores) mais para as sociedades rurais.


5- FAIANÇA DE ALCOBAÇA DE RAUL DA BERNARDA (1931-2008)

Raúl da Bernarda era filho de Manuel Ferreira da Bernarda Júnior, e quando iniciou a sua actividade, independente do pai, pelo menos na sua fase inicial de produção repetiu os motivos e as decorações que eram realizadas na fábrica do pai, por vezes só identificadas, quando passaram a ser marcadas ou assinadas.


6- FAIANÇA DE ALCOBAÇA DE OLARIA DE ALCOBAÇA LDA. (OAL) (1927-1987)

Esta fábrica de produção foi fundada por Silvino Ferreira da Bernarda, também filho de Manuel Ferreira da Bernarda Júnior e por António Vieira Natividade e Joaquim Vieira Natividade e que também no seu início de fabrico produziu louça igual às anteriormente citadas.

Era uma produção de louça, na continuidade, do que o seu pai produzia, com o recurso aos habituais processos de estampilhagem, esponjado e a pincel, já com motivos vegetalistas incorporados, em policromia, pelo que se assemelhavam, facilmente, à louça de fabrico de Coimbra.


7- E ENTÃO?

Em suma, pode-se dizer, com alguma segurança, que as formas e os motivos decorativos usados eram copiados das peças que melhor se vendiam, por corresponderam aos gostos de quem as compravam ou de quem as podiam comprar e vários fabricavam igual ou semelhante e daí a impossibilidade de agora se indicar o seu provável fabrico e época de execução.

(FIG. 8 - O esplêndido prato, de Coimbra ? ou de Alcobaça?)


FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;

3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.

8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

PRATO FUNDO EM FAIANÇA, DE COIMBRA (?)

Hoje apresentamos mais um prato fundo, sopeiro ou covo, em Faiança com decoração policrómica, com recurso à chapa ou stencil.

FIG.01 - PRATO EM FAIANÇA POLICROMÁTICO

Trata-se de uma peça interessante, com uma decoração pouco comum: na aba uma decoração tipo grinalda, aplicada a stencil, na cor verde, com apresentações tipo pétalas, a vermelho; num fundo ou covo, uma decoração monocromática a cinzento-preto, dito manganés, igualmente executada com recurso a stencil (chapa recordada) e a esponjado, com uma temática recorrente.

FIG. 02 - PORMENOR DA DECORAÇÃO DO COVO

Um casario, com edificações de alturas diferentes, algumas, tipo torres, encimadas por cúpulas, à beira de um rio, no qual se vislumbram duas embarcações à vela e na zona anterior uma exuberante paisagem, com duas árvores de elevado portes, para além de vários arbustos.

FIG. 03 - PORMENOR DO CASARIO DA DECORAÇÃO

À primeira vista a decoração leva-nos logo para o motivo estátua ou o vulgar “Cavalinho”, tão vulgarizado no nosso país, parecendo ser um trecho dessa decoração, pese embora cremos que se trata de uma decoração resultante de uma interpretação livre desse motivo efectuado pelo artista que decorou e pintou este prato.

FIG. 04 - PORMENOR DA DECORAÇÃO POLICROMÁTICA DA ABA

A cor base do vidrado, ocre, do prato ajuda, a sobressair as decorações e suas cores, configurando assim um vistoso prato.

A nível do tardoz possui um único frete, no limite do fundo com o convexo do covo, identificando-se uma massa amarelado, com um vidrado na cor de grão, irregular, poroso e profundamente repleto de orifícios.

FIG. 05 - O TARDOZ DO PRATO

Pelo motivo da decoração, pelos métodos de pintura aplicados (Stencil, esponjado e eventualmente pincel), pelas cores aplicadas, pelo formato do preto, pelo frete do tardoz, pela cor do vidrado e pela irregularidade e porosidade deste crê-se ser uma peça fabricada, provavelmente, no início do século XX, por uma das imensas fábricas do centro do País, inclinando-nos para uma das existentes na zona de Coimbra.

Se não tivesse a decoração que tem na aba e a sua policromia, poderíamos eventualmente considerar como um fabrico dos inícios da fabricação em Alcobaça.

FIG.06 - PORMENOR DO VIDRADO NO TARDOZ DO PRATO

Se o vidrado fosse de outro tipo (branco leitoso) e o motivo e decoração do covo fosse outro talvez nos inclinássemos para fabrico de Aveiro.

FIG. 07 - A BELEZA DO PRATO

Mas estas indicações são suposições, não são certezas – é este enigma que nos motiva a efectuar mais pesquisa e uma procura continua no intuito de obter informações, através de comparações da origem das peças, já que as mesmas não têm qualquer informação do seu fabrico e vários fabricos, até de centos de produção diferentes se copiavam ou imitavam.

A peça fica apresentada, as dúvidas mantêm-se, mas a sua visualização continua…

FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950” – S. l. Jorge M. Rodrigues Ferreira, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 ;

3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.


8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

PRATO DE COZINHA, FABRICO DE COIMBRA?

PRATO DE COZINHA, FABRICO DE COIMBRA?

As peças em faiança com textura, de acabamento imperfeito e com decoração simples, aplicada com chapa ou cartão, dita estampilhada, quando de generosas dimensões são deveras interessantes.


E lá temos os pratos de cozinha ou as ditas palanganas - para além de muitas mais designações (fonte 7).

Hoje apresentamos um interessante prato de cozinha, com decoração vegetalista, policromada aplicada por estampilhagem, com retoques e complementos efectuados à mão pelo decorador.


A decoração da aba do prato possui um largo filete na bordadura na cor vermelho, dito “sangue-de-boi” e na transição da aba para o covo possui outro filete, igualmente largo, mas na cor amarelo-ocre, entre ambas uma decoração vegetalista, estampilhada, repetida dez vezes, na cor negra, com bolbos na cor verde-escuro, efectuados à mão, com o pincel do decorador.


A circundar a base do covo um outro filete num vermelho mais vivo e como preenchimento do círculo do covo um interessante arranjo floral, estampilhado, na cor verde-seco, com flores, flores e gavinhas. Completo esse arranjo os bolbos e algumas rosáceas, decoradas manualmente pelo pincel do artista, com círculos preenchidos em amarelo forte e outros, vazados, em vermelho escuro, tal como elementos raiados.

O gosto, a arte e empenho singelo, despretensioso do artista está aqui evidenciado.

Como são interessantes, estas simples peças em faiança, utilitárias, de uso doméstico, que com o passar dos anos passaram a peças decorativas, com valor sentimental, e que agora tanto as apreciamos e desejamos ter, coleccionando-as.


Estas peças em faiança, resistentes, anonimamente apresentadas, sem qualquer marca ou carimbo da sua origem de fabrico ou época - outra coisa não seria de esperar, pois não era dado valor a uma peça quotidiana, de uso continuado – criam-nos dúvidas e pomo-nos a adivinhar a sua origem, a sua época de fabrico comparando-as com outras e procurando bibliografia que nos passa ajudar a caracteriza-la.

É este desafio que nos agarra mais ainda às faianças.


Em relação a esta peça cremos ter como origem de fabrico a região de Coimbra, pelo tipo da massa (pasta) utilizada, sua cor amarelada; pela decoração e cores aplicadas e pela singeleza do vidrado e da sua cor leitosa.

Provavelmente das primeiras décadas do século XX – será?, não temos certeza, mas cremos que seja.


A apresentação do prato de cozinha, aqui fica, para que todos apreciem.


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PALANGANA EM FAIANÇA DE COIMBRA (?), DO INICIO DO SÉCULO XX


Deslumbrante palangana, em faiança, com vistosa decoração vegetalista (floral), policromática, no covo, em tons de verde, azul, vinoso de manganês e amarelo ocre; e com decoração na cercadura na aba, de motivos geométricos, monocromáticos, alertados, a duas cores, azul e vinoso de manganês.


A palangana em apresentação

Com decoração estampilhada (aplicada sobre chapa recortada) e decoração manual, simples, ingénua, ao gosto do artista, cuja conjugação de decorações constitui assim uma peça única.


A decoração estampilhada no covo da palangana

É a originalidade destas peças, ao gosto do artista, que nos cria a sedução pelas mesmas.

Um malmequer com sete corações na cor vinoso de manganés com uma rosácea em azul de cobalto.


Pormenor do Malmequer de sete pétalas em coração

As marcas da trempe, aquando da cozedura do vidrado são perfeitamente visíveis na transição do covo para a aba da palangana.


As marcas da trempe

Peça em faiança, crê-se, de Coimbra (região) e do início do século XIX. As cores aplicadas na decoração do covo e a cercadura de motivos geométricos da aba tal nos indicia tal origem.


O pormenor da cercadura de motivos geométricos estampilhados

Com um diâmetro de aba de 35 cm e uma altura de 7,5 cm, eis a geometria da palangana que apresentamos.


O tardoz da palangana

Como sabemos o termo de designação deste tipo de peças, é bastante discutível, pois as designações são imensas, mas há que ter toda a atenção às respectivas formas cerâmicas:

- taça fruteira: mas com aba mais rebaixada e com a concordância entre o covo e a aba menos acentuada;

- alguidar: em que a aba e a concordância entre o covo e a aba possuem a mesma pendente e não se distinguem, com uma altura superior a 9 cm;


Mais um pormenor da decoração

- bacia: Em que a transição entre o covo e a aba e esta mesma possuem uma única concordância, arredondada, côncava, a partir do covo, com uma altura superior a 9 cm;

- escudela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas trata-se de um termo de uso medieval, com uma altura inferior a 7 cm;

- malga: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais característico da zona norte e centro do país, (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;


Pormenor da decoração - folhas

- taça: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista). Há também quem designe simplesmente por taça, toda a palangana que tenha menos de 35 cm de diâmetro de aba, com uma altura superior a 7 cm;

- tigela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado na zona saloia, na periferia de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura superior a 9 cm;


Pormenor dos elementos geométricos da cercadura na aba

- prato de cozinha: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;

- outras designações: tigela, cunca; almofa; almofia; conca; cuenco;…, são designações com vocábulos de origem castelhana ou árabe.
 

Perfil do tardoz da palangana e o frete da mesma

Peça esmaltada, com aspecto grosseiro e vidrado escorrido no tardoz junto ao único frete.


A Palangana na sua máxima afirmação

Peça em Faiança, de forte presença, interessantíssima e cativante. Faiança a manter e preservar!


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.




sábado, 12 de setembro de 2015

AMOR – Prato Covo em Faiança “Falante”

AMOR, carinho e saudações o que desejamos e transmitimos a todos, após este interregno de postagens.


A vida, as suas vicissitudes, os acontecimentos condicionam-nos e por vezes interrompemos os nossos hobbies, mas logo que possível retomamos os mesmos.


É o que acontece com esta nova postagem, e é com AMOR que nos dirigimos a todos os amantes das faianças, aos visitantes do blogue, aos nossos amigos.


Recomeçamos com um interessante prato em Faiança, decorada em policromia, com cores alegres, com uma interessante cercadura ornamental com decoração geométrica, estampilhada (com aplicação de chapa recortada para pintura), na aba, na cor azul celeste e com uma vistosa decoração no covo.


Uma minhota, talvez de Viana, com o seu traje característico: uma saia rodada, larga na base, rosa pálido, com um debrum na cor preto. Sobre a mesma um avental amarelo, com listas verticais pretas e na base do mesmo, bordada a palavra AMOR. Uma camisa bufada, na cor azul, com punhos apertados e peitoril ou colete amarelo, com decoração no coz a verde, com atilho e pendente. A gola é preta. Completa um lenço verde na cabeça e uns tamancos pretos.


Com enquadramento de base duas palmas na cor verde-escuro.


Prato em Faiança com vidrado leitoso, deixando perceber no tardoz a cor da pasta, que é cor de grão, bem como as imperfeições do vidrado e os vincos das trempes, quando foi cozer e possuindo um único frete, na bordadura da base.



A beleza e a simpatia pelo prato e o AMOR ao mesmo, levou que os seus antigos proprietários o tenham tratado com todo o carinho e tenha sido um preto decorativo, de pendurar, com uma “aranha” muito pouco vulgar, mas interessante, a qual preservamos e mostramos


Para além disso o motivo da decoração do covo indicia uma figura minhota, o que corrobora a nossa opinião de ser um prato de fabrico do Norte.


Trata-se, cremos de um prato dos finais do século XIX ou princípio do século XX.

Fabrico de Aveiro, não é de certeza, pois os motivos, as cercaduras eram diferentes; as cores mais esbatidas e no tardoz, possuíam, geralmente, dois fretes.


Por outro lado, cremos que as cercaduras ornamentais de Coimbra eram mais elaboradas, mais trabalhadas, com figuras geométricas com simetrias (visão de caleidoscópio), e daí pensarmos ser fabrico do Norte.


Quer seja do Norte, ou eventualmente de Coimbra, é com muito AMOR que o apresentamos.



FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.