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quinta-feira, 26 de maio de 2016

PRATO DE COZINHA, FABRICO DE COIMBRA?

PRATO DE COZINHA, FABRICO DE COIMBRA?

As peças em faiança com textura, de acabamento imperfeito e com decoração simples, aplicada com chapa ou cartão, dita estampilhada, quando de generosas dimensões são deveras interessantes.


E lá temos os pratos de cozinha ou as ditas palanganas - para além de muitas mais designações (fonte 7).

Hoje apresentamos um interessante prato de cozinha, com decoração vegetalista, policromada aplicada por estampilhagem, com retoques e complementos efectuados à mão pelo decorador.


A decoração da aba do prato possui um largo filete na bordadura na cor vermelho, dito “sangue-de-boi” e na transição da aba para o covo possui outro filete, igualmente largo, mas na cor amarelo-ocre, entre ambas uma decoração vegetalista, estampilhada, repetida dez vezes, na cor negra, com bolbos na cor verde-escuro, efectuados à mão, com o pincel do decorador.


A circundar a base do covo um outro filete num vermelho mais vivo e como preenchimento do círculo do covo um interessante arranjo floral, estampilhado, na cor verde-seco, com flores, flores e gavinhas. Completo esse arranjo os bolbos e algumas rosáceas, decoradas manualmente pelo pincel do artista, com círculos preenchidos em amarelo forte e outros, vazados, em vermelho escuro, tal como elementos raiados.

O gosto, a arte e empenho singelo, despretensioso do artista está aqui evidenciado.

Como são interessantes, estas simples peças em faiança, utilitárias, de uso doméstico, que com o passar dos anos passaram a peças decorativas, com valor sentimental, e que agora tanto as apreciamos e desejamos ter, coleccionando-as.


Estas peças em faiança, resistentes, anonimamente apresentadas, sem qualquer marca ou carimbo da sua origem de fabrico ou época - outra coisa não seria de esperar, pois não era dado valor a uma peça quotidiana, de uso continuado – criam-nos dúvidas e pomo-nos a adivinhar a sua origem, a sua época de fabrico comparando-as com outras e procurando bibliografia que nos passa ajudar a caracteriza-la.

É este desafio que nos agarra mais ainda às faianças.


Em relação a esta peça cremos ter como origem de fabrico a região de Coimbra, pelo tipo da massa (pasta) utilizada, sua cor amarelada; pela decoração e cores aplicadas e pela singeleza do vidrado e da sua cor leitosa.

Provavelmente das primeiras décadas do século XX – será?, não temos certeza, mas cremos que seja.


A apresentação do prato de cozinha, aqui fica, para que todos apreciem.


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PALANGANA EM FAIANÇA DE COIMBRA (?), DO INICIO DO SÉCULO XX


Deslumbrante palangana, em faiança, com vistosa decoração vegetalista (floral), policromática, no covo, em tons de verde, azul, vinoso de manganês e amarelo ocre; e com decoração na cercadura na aba, de motivos geométricos, monocromáticos, alertados, a duas cores, azul e vinoso de manganês.


A palangana em apresentação

Com decoração estampilhada (aplicada sobre chapa recortada) e decoração manual, simples, ingénua, ao gosto do artista, cuja conjugação de decorações constitui assim uma peça única.


A decoração estampilhada no covo da palangana

É a originalidade destas peças, ao gosto do artista, que nos cria a sedução pelas mesmas.

Um malmequer com sete corações na cor vinoso de manganés com uma rosácea em azul de cobalto.


Pormenor do Malmequer de sete pétalas em coração

As marcas da trempe, aquando da cozedura do vidrado são perfeitamente visíveis na transição do covo para a aba da palangana.


As marcas da trempe

Peça em faiança, crê-se, de Coimbra (região) e do início do século XIX. As cores aplicadas na decoração do covo e a cercadura de motivos geométricos da aba tal nos indicia tal origem.


O pormenor da cercadura de motivos geométricos estampilhados

Com um diâmetro de aba de 35 cm e uma altura de 7,5 cm, eis a geometria da palangana que apresentamos.


O tardoz da palangana

Como sabemos o termo de designação deste tipo de peças, é bastante discutível, pois as designações são imensas, mas há que ter toda a atenção às respectivas formas cerâmicas:

- taça fruteira: mas com aba mais rebaixada e com a concordância entre o covo e a aba menos acentuada;

- alguidar: em que a aba e a concordância entre o covo e a aba possuem a mesma pendente e não se distinguem, com uma altura superior a 9 cm;


Mais um pormenor da decoração

- bacia: Em que a transição entre o covo e a aba e esta mesma possuem uma única concordância, arredondada, côncava, a partir do covo, com uma altura superior a 9 cm;

- escudela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas trata-se de um termo de uso medieval, com uma altura inferior a 7 cm;

- malga: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais característico da zona norte e centro do país, (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;


Pormenor da decoração - folhas

- taça: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista). Há também quem designe simplesmente por taça, toda a palangana que tenha menos de 35 cm de diâmetro de aba, com uma altura superior a 7 cm;

- tigela: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado na zona saloia, na periferia de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura superior a 9 cm;


Pormenor dos elementos geométricos da cercadura na aba

- prato de cozinha: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;

- outras designações: tigela, cunca; almofa; almofia; conca; cuenco;…, são designações com vocábulos de origem castelhana ou árabe.
 

Perfil do tardoz da palangana e o frete da mesma

Peça esmaltada, com aspecto grosseiro e vidrado escorrido no tardoz junto ao único frete.


A Palangana na sua máxima afirmação

Peça em Faiança, de forte presença, interessantíssima e cativante. Faiança a manter e preservar!


FONTES:

1) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

2) - “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

3) – “Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar, Tomar, Setembro, 2014.