É do conhecimento público o nosso
encanto pela Faiança da Estatuária Artística de Coimbra, e em especial pelas do
primeiro período, identificado por FRUTUOSO.
Corresponde ao período de fabricação
pré constituição da EAC (estatuária Artística de Coimbra) e eventualmente como
da primeira fase do fabrico da mesma, período esse, provavelmente entre 1926 e
1943, ou mesmo até 1947.
Foi o período com uma qualidade
superior de decoração, acabamento requintado e firmeza na pintura –
correspondendo, provavelmente, ao período de melhor qualidade e com maior
requinte de decoração da Estatuária Artística de Coimbra.
Havia gosto e prazer em fazer bem, com
uma decoração policromática interessante, harmoniosa e que preenchia a peça de
forma cativante, é perfeita a sintonia entre a forma da peça e a sua decoração,
com uma palete de cores fascinante, sobressaindo, como não podia deixar de ser
os tons fortes de azul.
“…Sabe,
naquele tempo, pelos pigmentos utilizados, pelas misturas efectuadas e pela cozedura em fornos, a lenha, conseguiam-se os azuis, que nunca mais se
conseguem,…”, isto dizia-me há tempos um “grande” coleccionador de faianças,
da Estatuária de Coimbra e de Louça de Alcobaça. Sou “forçado” a concordar,
pois peças com estas cores já não se conseguem fazer.
Apresentamos agora uma interessante e
bela peça, correspondente ao n.º 10 de catálogo (que interessante deveria ser o
catálogo), um jarro prismático octogonal assimétrico, (os lados da base não são
todos de igual dimensão), com ligeiro estrangulamento para a boca, com um singelo
reperfilamento para o bico, com uma asa, contraposta, de desenvolvimento
harmonioso.
Este jarro está soberbamente decorado,
em policromia, com cores muito fortes, em especial o azul (cobalto), mas também
com vermelhos fortes, amarelos-torrados, verdes fortes, verdes secos, verdes
ervilha e amarelos, para além da base da peça, com uma cor de vidrado azul
claro, celeste, que estabelece o contraste e acentua as outras cores.
A decoração é simplesmente
vegetalista, com vários arranjos, possuindo nas duas maiores faces laterais,
uma exuberante flor, em cada uma, com uma exuberante coroa com pétalas vermelhas
escuras e os estames amarelos; o pedúnculo floral em verde seco,
assemelhando-se a uma gerbera, será?
Todas as outras faces laterais
encontram-se decoradas com grinaldas florais, policromáticas. A asa, o bordo da
boca e o bico possuem também interessantes arranjos florais decorativos. Todas
as arestas das faces laterais, bordadura da boca, do bico, ilhargas da asa e
bordo da base encontram-se decoradas com um filete grosso na cor azul forte.
Possui na base a marca manual de “10” –
número de catálogo da peça, “ESTATUÁRIA”, “COIMBRA” e “FRUTUOSO” –
identificação do fabrico e da época e “LA” – a assinatura do seu fabricante –
artista da decoração.
Fontes:
1) – http://velhariastralhasetraquitanas.blogspot.pt/2014/05/faianca-da-estatuaria-artistica-de.html;
2) –
“Cerâmica – artes Plásticas e Artes Decorativas – Normas de Inventário”, Museu
Nacional do Azulejo, Ana Anjos Mântua, Paulo Henriques, Teresa Campos,
Instituto dos Museus e Conservação, 1ª Edição, Maio de 2007;
5) – “Cerâmica
de Coimbra, do Século XVI-XX”, de Alexandre Nobre Pais, António Pacheco e João
Coroado, Edições Inapa, Coleção História da Arte, 2007;
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