Motivo
EGYPCIO da Fábrica de Alcântara
O interesse
e o gosto pelas faianças, leva-nos, cada vez mais, a conhecer mais pessoas,
maravilhosas e ávidas de conversa e comunicação, em algo que as apraz também,
as faianças e as porcelanas de fabrico nacional.
Na
verdade, nunca pensávamos que houvesse tantas pessoas interessadas nas
faianças, colecionadoras e com vastos conhecimentos.
Temos
vindo a aprender bastantes com elas e a saber muitas estórias, da história da
fabricação de faianças em Portugal.
E
algumas dessas pessoas, vindo a saber do nosso gosto e dedicação às faianças, efetuando
o colecionismo possível, dão-nos a conhecer e a indicar onde existem peças que
podem ser adquiridas ou de alguém que pelas mais diversas razões e motivos pretende
desfazer-se de peças que possuem.
Tudo
isto a propósito de uma senhora, uma querida velhinha, muito faladora e
simultaneamente encantadora, que na companhia da sua netinha, de forma inibida,
pretendia vendar alguns antigos pratos, que possuía na sua casa. Certamente
para ajudar a sua netinha.
Indicaram-nos
a senhora e lá fomos ter com ela. Fizemos negócio e compramos um dos pratos que
consideramos dos mais encantadores da Fábrica de Alcântara – o motivo EGYPCIO,
monocromático, na cor azul celeste.
Trata-se
de um prato com decoração de composições florais, eventualmente alusiva à flor
de lótus, com filetes de remate na bordadura da aba e no limite do covo. O
rebordo da bordadura é rematado com uma grinalda de bandeiras triangulares e entre
os filetes no limite do covo para a aba uma repetição de figuras geométricas retangulares
com um topo arredondado.
Na verdade há algumas semelhanças com a flor de lótus:
No
centro do covo do prato desenvolve-se uma rosácea, rematada com uma grinalda de
bandeiras triangulares, com repetição pentagonal – tipo composição de
caleidoscópio.
Segundo
um blogue consultado (2), este motivo teve influencia, tal como muitos outros, da
produção inglesa, em especial na cor castanha ou azul, produzida pela fábrica Copeland, antiga fábrica Spode, por volta de 1855 e a que chamavam o
padrão Honeysuckle ou Empire.
Este
prato apresenta todas as características inerentes à faiança de Alcântara, a
saber:
- Faiança
grossa e pesada;
-
O tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente;
- Três
locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando
os mesmos iam cozer.
Para
além destas características, possui todas as marcas e carimbos identificativos:
-
Marca circular gravada na massa, com a indicação “LOPES & C.ª – ALCANTARA –
LISBOA” e por baixo da mesma, igualmente gravado na massa: “918”;
-
Carimbo monocromático azul, “FABRICA D’ ALCANTARA”, “FAIANÇA FINA”, “LISBOA” e
sob a mesma inserida num caixilho retangular o nome do motivo “EGYPCIO”;
-
Marca figurativa gravada na massa, um pequeno quadrado;
Tentando identificar o período de
fabrico, segundo o livro Cerâmica
Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação,
Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto,
Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; fabrico de
1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários
atuais são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).
Tentando sistematizar as datas pelos
carimbos e marcas, poderemos considerar as seguintes situações:
1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA - LISBOA - firma Stringer,
Silva e C.ª:
2. Fabrico de 1886 a 1889: L & C –
LOUÇA À INGLEZA -FABRICA D'
ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.
2.a Idem, variante – 1889 a 1897 (?) : L
& C – LOUÇA À INGLEZA – FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA - TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39
Imagem de prato que evidencia o carimbo em apreço:
ou outro carimbo semelhante,
3. Fabrico de 1889 a 1901: L & C
– FAIANÇA FINA– FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª
Uma variante de carimbo, em que a raquete de FAIANÇA FINA está voltada para cima (ao contrário, para uma adequada leitura):
outra variante é a troca de "raquetes", a de baixo para cima diz "FAIANÇA FINA" e de cima para baixo diz "FÁBRICA D' ALCANTARA":
3.a Idem, variante – 1889(?) a 1898 : L & C – FAIANÇA FINA – TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39
3.a Idem, variante – 1889(?) a 1898 : L & C – FAIANÇA FINA – TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39
(O respectivo prato que possui o carimbo comprova ser o mesmo de 1898)
4. Fabrico de 1897 (?) a 1930 (?): LOPES & C.ª - ALCANTARA - LISBOA
Cremos que o carimbo seguinte será da fase final do período indicado (1925 - 1930) (?), em que "ALCANTARA" e "LISBOA", possuem menor dimensão:
5. Fabrico de 1930 (?) a 1934 (?):
firma CHAMBERS & C.ª
Não conhecemos qualquer carimbo referente a este período, mas sómente marca gravada na massa.
Existem outras marcas de fabrico, que se confundem com faiança inglesa, mas que ao possuirem "F A" - de Fábrica de Alcântara, ou "FAL & Cª" - de "Fábrica de Alcântara - Lopes & Cª" conjuntamente com a marca gravada na massa correspondente ao período de Lopes & C.ª, não deixam dúvidas.
As marcas gravadas na pasta, leva-nos a sistematizar as mesmas pelos vários períodos de fabricação, da seguinte maneira:
1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA LISBOA - firma Stringer, Silva e C.ª:
2. Fabrico de 1886 a 1897 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.
(desconhece-se qual a gravação na pasta - se a houve)
2. Fabrico de 1897 a 1930 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.
Trata-se de um período de fabrico que é ainda uma incógnita, mas que há marcas gravadas nas peças de Alcântara:
FONTES:
1)
- http:// fabricadealcantara.blogspot.com;
2)
- http:// artelivrosevelharias.blogspot.com/;
3)
- http:// mercadoantigo.weebly.com/alcantara.html;
4)
- http:// leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com;
5)
- http:// mfls.blogs.sapo.pt/tag/alcântara;
6) - http:// artevelha-lm.blogspot.com;
7) -
“Cerâmica Portuguesa e
Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização,
Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da
Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;
8) - www.tapadademafra.pt;