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domingo, 13 de dezembro de 2015

O PRATO DO MENINO – FAIANÇA FALANTE – FÁBRICA DE CERÂMICA LUSITÂNIA DE COIMBRA



(Prato Falante da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra)

A propósito da faiança falante:

A faiança falante constitui uma interessante variante da faiança, com particular e especial interesse, em função dos “ditos” ou “dizeres”, ou do modo como foi escrita, à época, ou como se pronunciava, constituindo sempre uma cativante atenção.

Os “dizeres” são simples, ingénuos, cativantes, ao gosto popular ou da oralidade (pronuncia), por vezes até invulgares, mas sempre interessantes.

Esta faiança falante remonta já a épocas bastante antigas de fabricação, provavelmente a meados do século XVIII, e quase todas as fábricas de faianças recorreram à sua produção, em especial as de Coimbra.

Tal facto deve-se, provavelmente, ao gosto que as pessoas tinham por este tipo de faiança, a qual marcava o “tempo”, as “acções” e as “graças” ou os “desejos” e os “votos”, projectando as mesmas para a sua longevidade, pois havia todo o empenho e dedicação em as preservar:

Quem não queria guardar e prolongar a exibição do seu prato, como:

“Vivam os noivos”;

(Recolha da Fonte 3)

(Recolha da Fonte 3)

(Recolha da Fonte 11)

“Parabéns aos Noivos”,

(Recolha da Fonte 4)

“Amor”; 
 “Amizade”,

(Recolha da Fonte 2)
"Amo-te muito",

(Recolha da Fonte 11)

           “Sou Teu”,
“O prato de Menino”,
“O prato da Menina”

ou pela sua “graça” :

“Esta vida ção dois dias”;
“Não tentes fugir-me”,
"Ilusões de criança",

(Recolha da Fonte 5)

“Não chores que também vais”,
“Num xe xabe”;

(Recolha da Fonte 2)

“Toma lá Pinhões”,
“Menina vamos o Vira”,

(Recolha da Fonte 3)

“Boa Viagem não caias”,

(Recolha da Fonte 3)

“Já cá canta pois comi é”,

(Recolha da Fonte 3)

“És má”,

(Recolha da Fonte 4)

“O Caracol é Vadio”,

(Recolha da Fonte 3)
"Gostas de mim ?"

(Recolha da Fonte 11)

“Talvez te escreva”;
"Está quieto Lulu que é vergonha ficar nu"


(Recolha da Fonte 3)

"O amor é uma cabana"
 

(Recolha da Fonte 3)
“Tu tens cara de sonsinho mas para cá vens de carrinho”


(Recolha da Fonte 3)


ou mesmo circunstanciais:

“A beira do Oceano”
 

(Recolha da Fonte 3)
Uma frase recorrente, pelo menos nas faianças mais recentes, produzidas durante os meados e até final do século XX era “O prato do Menino” ou o “Prato da Menina”, geralmente oferecido pelos padrinhos do menino ou da menina, e que os pais preservavam; ou mesmo adquiridos pelos pais e por vezes pelos avós.


(Prato com frase: O prato de Menino)
Apresentamos agora “O prato do Menino”, de fabrico da Fábrica de Cerâmica Lusitânia, de Coimbra.


(Faiança falante da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra)

Trata-se de um prato simples, em tons de amarelo com a frase a azul na aba do prato “O prato do Menino”, com uma estampa policroma no covo do prato e outras três, pequenas e diferentes na aba do prato.


(Pormenor da estampa policroma do covo do prato)


(Pormenor de uma das estampas policromadas da aba do prato)


(Pormenor de uma das estampas policromadas
 da aba do prato)

(Pormenor de uma das estampas policromadas
 da aba do prato)

Denotam-se ainda dois filetes, dourados, um na bordadura da aba e outro no limite da aba para o covo.


(O tardoz do prato com o carimbo da FCLC)

No tardoz a marca da Fábrica e do provável período de fabrico - início dos anos 40 do século passado.
 

(A marca da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra - 3º Período)


A propósito da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra:

No final da década de 20 do século XX, em Coimbra, a fábrica de cerâmica “Fábrica da Estação Velha” estava em falência, e foi adquirida pela Companhia da Fábrica de Cerâmica Lusitânia, S.A.R.L, de Lisboa e passou a chamar-se Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra.

Dedicava-se ao fabrico de louças sanitárias, azulejos, mosaicos, mas também louça em faiança.

Tal como as demais teve o final inevitável na década de 70 do século passado.


A propósito das marcas da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra:

Conhecem-se marcas desta fábrica pintadas à mão e marcas impressas com carimbo.

As peças com marcas pintadas à mão são escassas e reportam-se essencialmente a peças decorativas e de ornamentação, produzidas no início da década de 30 do século XX.

Nas peças com marcas impressas conhecem-se três carimbos, do período entre 1929/30, até meados dos anos 40.


(Marca CFCL.1 - Fonte 7)


(Marca CFCL.2 - Fonte 7)


(Marca CFCL.3 - Fonte 7)

Crê-se que a primeira marca tenha sido usada nos anos iniciais da década de 30, a segunda entre os anos 30 e 36 (quando adquiriu a Fábrica de Massarelos e deu outro impulso comercial e publicitário à Companhia) e a terceira, eventualmente a partir do ano de 1940 (quando um dos edifícios da fabrica sofreu um incêndio) e até meados dos anos 40 (1945).


(Marca LUFAPO - LUSITANIA-PORTUGAL - Fonte 7)
Aqui reside a dúvida se esta terceira marca se prolongou para além do ano de 45, ou se foi utilizada a marca comum a todas as fábricas desta Companhia: LUFAPO – LUSITANIA - PORTUGAL.


Fontes:

1) - "Louça Tradicional de Coimbra 1869-1965", de António Pacheco; Direcção-Geral do Património Cultural; Coimbra,


3) – http://olx.pt;