(Prato Falante da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra) |
A propósito da faiança falante:
A
faiança falante constitui uma interessante variante da faiança, com particular
e especial interesse, em função dos “ditos” ou “dizeres”, ou do modo como foi
escrita, à época, ou como se pronunciava, constituindo sempre uma cativante
atenção.
Os
“dizeres” são simples, ingénuos, cativantes, ao gosto popular ou da oralidade
(pronuncia), por vezes até invulgares, mas sempre interessantes.
Esta
faiança falante remonta já a épocas bastante antigas de fabricação, provavelmente
a meados do século XVIII, e quase todas as fábricas de faianças recorreram à
sua produção, em especial as de Coimbra.
Tal
facto deve-se, provavelmente, ao gosto que as pessoas tinham por este tipo de
faiança, a qual marcava o “tempo”, as “acções” e as “graças” ou os “desejos” e
os “votos”, projectando as mesmas para a sua longevidade, pois havia todo o
empenho e dedicação em as preservar:
Quem
não queria guardar e prolongar a exibição do seu prato, como:
“Vivam
os noivos”;
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(Recolha da Fonte 3) |
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(Recolha da Fonte 3) |
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(Recolha da Fonte 11) |
“Parabéns
aos Noivos”,
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(Recolha da Fonte 4) |
“Amor”;
“Amizade”,
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(Recolha da Fonte 2) |
"Amo-te muito",
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(Recolha da Fonte 11) |
“Sou
Teu”,
“O
prato de Menino”,
“O
prato da Menina”
ou
pela sua “graça” :
“Esta
vida ção dois dias”;
“Não
tentes fugir-me”,
"Ilusões de criança",
(Recolha da Fonte 5) |
“Não
chores que também vais”,
“Num
xe xabe”;
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(Recolha da Fonte 2) |
“Toma
lá Pinhões”,
“Menina
vamos o Vira”,
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(Recolha da Fonte 3) |
“Boa
Viagem não caias”,
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(Recolha da Fonte 3) |
“Já
cá canta pois comi é”,
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(Recolha da Fonte 3) |
“És
má”,
(Recolha da Fonte 4) |
“O
Caracol é Vadio”,
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(Recolha da Fonte 3) |
"Gostas de mim ?"
(Recolha da Fonte 11) |
“Talvez
te escreva”;
"Está quieto Lulu que é vergonha ficar nu"
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(Recolha da Fonte 3) |
"O amor é uma cabana"
“Tu
tens cara de sonsinho mas para cá vens de carrinho”
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(Recolha da Fonte 3) |
ou
mesmo circunstanciais:
“A beira do Oceano”
Uma
frase recorrente, pelo menos nas faianças mais recentes, produzidas durante os
meados e até final do século XX era “O prato do Menino” ou o “Prato da Menina”,
geralmente oferecido pelos padrinhos do menino ou da menina, e que os pais
preservavam; ou mesmo adquiridos pelos pais e por vezes pelos avós.
(Prato com frase: O prato de Menino) |
Apresentamos
agora “O prato do Menino”, de fabrico da Fábrica de Cerâmica Lusitânia, de
Coimbra.
(Faiança falante da Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra) |
Trata-se de um prato simples, em tons de
amarelo com a frase a azul na aba do prato “O prato do Menino”, com uma estampa
policroma no covo do prato e outras três, pequenas e diferentes na aba do
prato.
(Pormenor da estampa policroma do covo do prato) |
(Pormenor de uma das estampas policromadas da aba do prato) |
(Pormenor de uma das estampas policromadas da aba do prato) |
(Pormenor de uma das estampas policromadas da aba do prato) |
Denotam-se ainda dois filetes, dourados,
um na bordadura da aba e outro no limite da aba para o covo.
(O tardoz do prato com o carimbo da FCLC) |
No tardoz a marca da Fábrica e do provável
período de fabrico - início dos anos 40 do século passado.
A propósito da Fábrica de
Cerâmica Lusitânia de Coimbra:
No
final da década de 20 do século XX, em Coimbra, a fábrica de cerâmica “Fábrica
da Estação Velha” estava em falência, e foi adquirida pela Companhia da Fábrica
de Cerâmica Lusitânia, S.A.R.L, de Lisboa e passou a chamar-se Fábrica de
Cerâmica Lusitânia de Coimbra.
Dedicava-se
ao fabrico de louças sanitárias, azulejos, mosaicos, mas também louça em
faiança.
Tal
como as demais teve o final inevitável na década de 70 do século passado.
A propósito das marcas da
Fábrica de Cerâmica Lusitânia de Coimbra:
Conhecem-se
marcas desta fábrica pintadas à mão e marcas impressas com carimbo.
As
peças com marcas pintadas à mão são escassas e reportam-se essencialmente a
peças decorativas e de ornamentação, produzidas no início da década de 30 do
século XX.
Nas
peças com marcas impressas conhecem-se três carimbos, do período entre 1929/30,
até meados dos anos 40.
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(Marca CFCL.1 - Fonte 7) |
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(Marca CFCL.2 - Fonte 7) |
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(Marca CFCL.3 - Fonte 7) |
Crê-se
que a primeira marca tenha sido usada nos anos iniciais da década de 30, a
segunda entre os anos 30 e 36 (quando adquiriu a Fábrica de Massarelos e deu
outro impulso comercial e publicitário à Companhia) e a terceira, eventualmente
a partir do ano de 1940 (quando um dos edifícios da fabrica sofreu um incêndio)
e até meados dos anos 40 (1945).
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(Marca LUFAPO - LUSITANIA-PORTUGAL - Fonte 7) |
Aqui
reside a dúvida se esta terceira marca se prolongou para além do ano de 45, ou
se foi utilizada a marca comum a todas as fábricas desta Companhia: LUFAPO –
LUSITANIA - PORTUGAL.
Fontes:
1) - "Louça Tradicional de
Coimbra 1869-1965", de António Pacheco; Direcção-Geral do Património
Cultural; Coimbra,
3) – http://olx.pt;
11) - http://leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.pt/2013/05/faianca-falante-producao-de-aveiro.htm;