sexta-feira, 31 de outubro de 2014

FAIANÇAS VESTAL – ALCOBAÇA: CATÁLOGOS

Uma fábrica fascinante foi a VESTAL – Fábrica de Faianças Artísticas, de Alcobaça, mais propriamente sediada na localidade de Vestiaria, empresa ícone na louça de Alcobaça, que infelizmente também já encerrou há alguns anos e cuja proprietária inicial era a empresa Batista & Almeida, Limitada.

A qualidade das suas peças, perfeitamente identificáveis, no conjunto das louças de Alcobaça, quer pelos elementos decorativos, quer pelas suas cores, evidenciavam a qualidade dos seus artesões, em especial dos seus decoradores.
A sua história é conhecida, e foi bastante bem retratada, através de uma interessante publicação (fonte 1), a qual aqui reproduzimos:

“A “Vestal” – ou “Vistal”, como também era denominada nos seus primeiros anos – foi fundada em Fevereiro de 1947 por António Branco, Joaquim Batista Branco, Veríssimo de Almeida e Acácio Bizarro.

A sua primeira fornada teve lugar em 11 de Julho do mesmo ano. Nessa data, eram pintores Leopoldo Machado, Noel Costa, Augusto Moreira, Joaquim Dias Marques e Mário Silva; Carlos Fernandes era oleiro rodista; Acácio Bizarro, o forneiro; Veríssimo de Almeida era fornista; o quador de barro era Manuel Clementino; eram aprendizes José Coelho e António Amado – onze pessoas, no início.

A sua produção destinava-se essencialmente ao mercado local e Lisboa. Entretanto, em 1948, a quota de Joaquim Batista Branco foi comprada por António Henriques Real. Uma vez que o novo sócio possuía já uma empresa de distribuição sediada na capital, a “Vestal” atingiu assim novos horizontes. Com efeito, após a I Feira das Indústrias, a fábrica projectou-se no mercado externo, tendo sido a Grã-Bretanha o primeiro foco. Até 1960, a “Vestal” desenvolveu-se atingindo cerca de cento e cinquenta funcionários.

As matérias primas utilizadas eram o barro dos Capuchos, chumbo proveniente da sucata, estanho de Belmonte e tintas importadas de Inglaterra e da Alemanha. A sua produção consistia em pratos de parede, jarras, fruteiras, bengaleiros, castiçais, galheteiros, entre outras variadíssimas peças. Além das decorações populares características desta louça, em que as flores são elemento dominante, a “Vestal” introduziu também temas históricos, pintados em talhas e pratos – desde efemérides como a Restauração de 1640 ou a Tomada de Lisboa aos Mouros. Outros motivos de sabor erudito figuram em algumas peças de faiança daquela fábrica: sonetos de Camões, poemas de Guerra Junqueiro e João de Deus, figuras como Vasco da Gama, António de Oliveira Salazar ou Chopin, foram retratados, tal como alguns pintores e seus quadros – Goya, Da Vinci. Também a visita da Rainha Isabel II de Inglaterra a Alcobaça, em 20 de Fevereiro de 1957 levou à elaboração de uma interessante talha. Todos estes motivos foram introduzidos por um funcionário que foi admitido na empresa em 1952 – Hélder Lopes – que veio a tornar-se sócio da “Vestal” em 1962.

Pela “Vestal” passaram destacados pintores, além dos que estavam na data da fundação: Almeida Ribeiro, António José, Luís Cipriano da Silva, Luís Ferreira da Silva e Joaquim Pereira Assunção (conhecido por Marcos).

Tal como a “Olaria de Alcobaça”, também a “Vestal” fez imitações da louça antiga do Juncal, bem como dos pratos conhecidos por “aranhões”. Nos dias de hoje ainda a “Vestal” continua a fabricar a louça típica de Alcobaça. No entanto, em 1968, os seus antigos fornos artesanais foram substituídos por outros eléctricos, que mecanizaram e aumentaram a produção – mas que tiraram de vez a cor genuína da louça regional.”

A Vestal encerrou as suas portas no início deste século, mais precisamente em 2002, pese embora só passados 9 anos foi considerada falida, a 9 de Setembro de 2011, a então denominada VESTAL – Faianças de Alcobaça, Lda.

Para caracterizar, identificar e catalogar as peças de uma fábrica, confirmando a veracidade das mesmas, nada melhor que ter os catálogos.

Que saibamos a Vestal durante os seus 54 anos de laboração teve dois catálogos, um na década de 50, que nem encadernado era, mas que possuía duas ilhoses para agrupar as páginas e outro posterior, cremos, na década de 70, em que todas as peças que produziam eram apresentadas, de forma temática e devidamente numeradas.










Há bastante tempo que porfiávamos pelo primeiro catálogo, pois sabíamos que o mesmo existia, mas não o tínhamos, o que finalmente conseguimos, mas não foi fácil….





É um fascínio e uma grande satisfação ter catálogos das peças de faiança artística, neste caso da VESTAL, o que facilita grandemente a identificação e inventariação das peças que surgindo.

Esta satisfação, distribua-a convosco, amantes das faianças.


FONTES:

1) - “Cerâmica de Alcobaça, Duas Gerações”, edição do Museu de Alcobaça, 1992, texto de Jorge A. F. Ferreira Sampaio e Raul J. Silveira da Bernarda.

2) – “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente”; exposição de 6 Abril a 4 de Maio 2011 – Catálogo da exposição, coordenador: Luís Afonso Peres Pereira.

3) – “História da Industria na Região de Leiria – Cerâmica”, Edição Jornal de Leiria, revista integrante da edição n.º 1558, do Jornal de Leiria, em 22.05.2014.



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Jarra policromática da Estatuária Artística de Coimbra

Apresentamos uma jarra policromática, com pintura manual, da Estatuária Artística de Coimbra, peça rodada, marcada no tardoz, com a identificação do número de catálogo 587 e escrito manualmente “Estatuária”, “Coimbra”, “Portugal” e a assinatura do autor, cremos, indecifrável.

Trata-se de uma interessante jarra, baixa, bojuda, de boca larga, com decoração floral policromática: verde, azul, amarela, vermelho e castanho claro, com ornatos em curva. Possui dois filetes azuis junto à bordadura da boca, três na estrangulação entre a boca e o bojo, sendo a do meio larga, e mais duas junto à base, sendo a que está mesmo no limite da base, larga.

Presume-se que seja uma peça de fabrico no período entre 1943 e 1947 do século passado.

Mais uma peça referenciada, para caracterizar o fabrico da Estatuária Artística de Coimbra.




FONTES:


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

JARRA COM DUAS ASAS, TIPO ANFORA, DA FABRICA DE CERÂMICA DE SOARES DOS REIS, GAIA

As faianças não são só pratos, travessas e terrinas, há muitas outras peças, quer utilitárias domésticas, quer utilitárias não domésticas, quer decorativas – vamos pois efectuar um percurso por essas outras peças.

Reportamos-nos já a uma interessante peça em faiança da “Fábrica de Cerâmica de Soares dos Reis”, em Gaia, assinada por um tal “José”.
Trata-se de uma jarra alongada com duas asas elípticas, gargalo não muito largo, assemelhando-se a uma ânfora, com uma cor de base tipo branco leitoso e uma exuberante decoração vegetalista policromática, pintada à mão, com largos filetes azuis e amarelos no bordo do gargalo e no limite da base, tendo aqui mais um filete de contas, na cor grená, sobre o vidrado.

As asas, lateralmente estão decoradas a azul forte e de frente com uma decoração amarela, com frisos acastanhados.

Peça partida no pé e mal colada, mas que mesmo assim não deixa de ter o seu valor, pela raridade da mesma – é inegável como logo se reconhece como sendo um fabrico de “Soares dos Reis”.

Nesta fábrica habitualmente consideram-se dois períodos distintos da sua fabricação, o primeiro de 1915 ou 1919 a 1941 e o segundo de 1941 a 1964.

Cremos que a peça que apresentamos se reporta ao segundo período de fabrico, provavelmente da década de 40 ou 50.

Aqui fica o registo e apresentação da peça.


FONTES:


2)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987


3) “A Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas” – Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Alves, Silvestre Lacerda e Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova Série, Vol. XXI, 1995.

sábado, 25 de outubro de 2014

EXPOSIÇÃO DE PRATOS EM FAIANÇA E PORCELANA EM LISBOA

Está a decorrer em Lisboa, no Centro das Artes Culinárias, no Mercado de Santa Clara, no Campo de Santa Clara, em Lisboa, (onde decorre a Feira da Ladra, às terças e sábados) uma interessante e bem organizada exposição de pratos.

Trata-se de uma exposição intitulada. "VAMOS PÔR TUDO EM PRATOS LIMPOS", que percorre todo o percurso da evolução do prato, desde "quando não existia", até aos pratos de hoje "descartáveis", fazendo uma interessante retrospectiva pela fabricação do prato em Portugal.

Percorre e apresenta os vários fabricos, os mais relevantes, em cada época, os vários tipos de pratos, de decorações; passa pela faiança, pela porcelana e pelos outros materiais de que foram e são efectuados os pratos.

Apresenta uma introdução histórica ao prato, através de painéis informativos, sobre os quais, superiormente, são expostos, de forma apelativa e convidativa, conjuntos de 18 pratos.

Igualmente são apresentados apontamentos de comparação e enquadramento do fabrico dos pratos em Portugal.

Eventos destes são sempre bem recebidos, e de louvar. Só é pena não haver um catálogo desta exposição, com as imagens das peças expostas, nem que fosse só em PDF.

Recomendo a todos que façam uma visita a esta exposição. Aqui fica o cartaz  apelativo da exposição.


Estão de parabéns os promotores e organizadores desta exposição !

PRATOS DE ALCÂNTARA, MOTIVO BORBOLETA (?)

As faianças da fábrica de Alcântara continuam-nos a surpreender continuamente, com o surgimento de peças com motivos desconhecidos.

O presente prato raso, de motivo desconhecido até à data, é um espécime decorado em tons policromados, nas cores de rosa, verde, castanho, azul e amarelo com desenho baseado na representação de dois arranjos florais, um de menor dimensão e outro maior, com um insecto, uma borboleta com asas azuis celestes e amarelas.


Trata-se de uma interessante peça, com uma faiança mais fina do que habitualmente Alcântara apresenta, com um filete dourado na bordadura da aba e com os motivos policromados aplicados na bordadura mas que se prolongam até ao fundo do prato, constituindo um exemplar não muito vulgar, quer pela textura da pasta, quer pelo motivo e acima de tudo pela decoração policromada.


Possui gravada na massa a marca de “LOPES & C.ª”, pelo que o seu período de produção, segundo o livro Ceramica Portugueza, do autor José Queiroz, 1907,  pp. 356, item 284, deverá ter começado em 1897.

POST-SCRIPTUM:

Na verdade o elemento mais relevante e notório na decoração desta peça é a borboleta, quer pela sua apresentação, exposição ou mesmo pela sua policromia (azul celeste e amarelo vivo).

Em bom tempo, o caro Luís Y (Luís Montalvão do blogue http://velhariasdoluis.blogspot.pt) me alertou para a decoração deste prato e me indicou que “é muito semelhante a um motivo usado pela Vista Alegre entre 1870-80, de que mostrei uma peça no meu blog http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2014/10/uma-borboleta-num-jarro-da-vista-alegre.html.”

Mais, disse que: “Julgo que estas decorações traduzem uma certa influência japonesa, que veio através de França, da fábrica de Haviland de Limoges.”

Presumimos que a peça que apresentamos, da fábrica de Alcântara, seria de fabrico posterior a 1897. A peça da Vista Alegre que o Luís Y apresentou é, conforme ele indicou, de fabrico entre 1870-80.

Tal como o Luís Y refere na sua postagem acima citada este tipo de decoração, com o reporte a borboletas, foi inspirado no Japão e um artista que se destacou, na fábrica de Haviland de Limoges foi Félix Bracquemond, havendo referências da mesma (decoração) como “Limoges 1876”.

Através de uma simples e rápida pesquisa na Internet lá encontramos um açucareiro Limoges 1876, com o motivo onde sobressai a borboleta:
Tal como, quando se reportam imagens a Félix Bracquemond, logo surgem peças de porcelana com borboletas
Digamos que foi um motivo recorrente à época,  em que as fábricas iam-se copiando umas às outras, nestas decorações, provavelmente mais ao gosto da época. 

FONTES:


2)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

PRATO COM DECORAÇÃO AO GOSTO ORIENTAL DAS FAIANÇAS CAPÔA – ARADAS - AVEIRO

Continuando na análise, catalogação e divulgação de faianças de fábricas menos conhecidas, algumas já extintas, vamos com este post referenciar um prato de sopa das Faianças “CAPÔA”, Fábrica da localidade de Aradas, em Aveiro.

Trata-se de um prato com uma decoração simples: um vidrado branco, leitoso, com um filete, na cor azul claro, na bordadura da aba e uma interessante reserva no fundo.

Esta interessante reserva, no fundo do prato, monocromática, na cor azul-turquesa, com uma decoração ao gosto oriental, pintada sobre o vidrado, e evocando, através de uma interpretação livre, o célebre “Cantão Popular”.

Na decoração os elementos simbólicos do “Cantão Popular” estão presentes: um pagode, uma ponte, com dois orientais sobre a mesma, duas aves no céu, duas árvores de fruto, um salgueiro.


Trata-se de um motivo, pouco conhecido das Faianças “Capôa”, que cremos ter sido produzida nas décadas de 60 a 80.

Para além deste motivo as Faianças Capôa possui um outro motivo, ao gosto oriental, policromático, muito conhecido e largamente utilizado na restauração durante bastantes anos, desde o início dos anos 60, até aos finais dos anos 90 (ainda me recordo perfeitamente de comer em pratos destes, nos restaurantes de província).

Eram pratos de textura frágil, mas em contrapartida sobravam em decoração policromática, com cores de tons vivos.



Os carimbos não deixavam dúvidas, pois eram sempre estes que se viam nas costas do fundo dos pratos:


Nessa época, os mesmos cansavam-nos a visão, agora recordamos-os com nostalgia – a vida é assim, os anos vão passando e vamos recordando as coisas de épocas passadas, da nossa juventude…..

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

PRATO MOTIVO “CHINOISERIE” DAS FAIANÇAS CESOL

Há já algum tempo que vínhamos pensando em colocar "postagens" sobre outras fábricas de faianças nacionais, muitas já extintas, infelizmente, mas que não deixaram de ter a sua importância e cujas peças merecem ser catalogadas e divulgadas.
Vamos pois começar pela CESOL, tudo a propósito de um interessantíssimo prato, com decoração ao gosto “chinoiserie” que faz parte no nosso acervo.
Prato com uma interessante decoração floral e de pequenas cartelas com decoração policromática em tons de amarelo, castanho, rosa e com alguns apontamentos a azul, rematado com um largo filete rosa na bordadura da aba.
No cento do fundo uma reserva com decoração e motivos orientais, com um casal de orientais, dois pagodes, um salgueiro, duas árvores de frutos, as colinas no horizonte e as nuvens no céu para enquadramento, tudo em tons de amarelo, castanho, rosa e azul.
Esta peça recorda-nos um motivo semelhante da Fábrica de Louças de Sacavém, o Motivo “Chinez”, pelo que pensamos que este motivo e peça da Cesol era uma tentativa comercial e de aproveitamento concorrencial ao da Fábrica de Louças de Sacavém, pelo seu sucesso a nível da população.

Esta peça no tardoz possui o carimbo verde, encordoado e com nó da marca "CESOL", não restando assim dúvidas quanto ao seu fabrico.


1. Um pouco de história

A CESOL – Cerâmica de Souselas (Coimbra), foi fundada em 1947, tendo tido uma actividade regular na produção de faianças, sendo que no início da década de 1990 foi integrada no grupo Apolo Cerâmicas e em 2004 as suas instalações foram deslocalizadas para Aguada de Baixo, no concelho de Águeda.

Em Fevereiro desse mesmo ano, a Apolo Cerâmicas foi integrada no grupo CeramicApolo, que por sua vez foi integrada na Aleluia Cerâmicas, em Janeiro de 2006.

No final de 2006 a Aleluia Cerâmicas, cresce com a integração da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego (unidade de Sintra). No final de 2007 a Aleluia Cerâmicas fundiu-se com a Keratec- Indústria Cerâmica (Vagos) e inaugura o seu centro logístico em Ílhavo.

 Finalmente em 2012 a Aleluia Cerâmicas integrou o Grupo Prébuild.

Com estas integrações todas e com a reconversão da produção verificou-se o gradual abandono da produção de louça utilitária doméstica e a consolidação da produção industrial monoporosa de azulejos e ladrilhos de revestimento, não se ficando a saber quando realmente deixou de se fabricar a louça utilitária doméstica "CESOL".

2. Características das peças da CESOL

As peças da Cesol caracterizam-se, no seu primeiro período de fabrico, por peças pesadas, com pouca qualidade na decoração e pouco cuidado no acabamento.

A seguir assistiu-se a um período com um fabrico que apresenta mais qualidade na decoração e com acabamento superior, do qual o prato que apresentamos, pertence, provavelmente.

Muitas das peças que a Cesol fabricou foram aerografadas (feitas a aerógrafo), e cujos motivos, mono ou policromáticos, eram florais, de frutos ou motivos ao gosto popular, em certa medida semelhantes aos motivos e decoração de outras fábricas, pese embora de qualidade e acabamento inferiores.

Muitas das peças fabricadas tiveram uma decoração feita por estampilhagem, aplicada com stencil (chapa perfurada), igualmente mono ou policromática, por vezes com retoques de pintura posterior.

Assistiu-se depois a um período de melhor qualidade, com peças menos pesadas, com vidrado mais branco, menos leitoso, com motivos muito simples, ou simplesmente com filetes, mono ou policromáticos, tentando concorrer com as demais produções à época.


3. Marcas da CESOL

Conhecemos somente três marcas das Faianças Cesol.

A marca provavelmente mais antiga, generalizada e conhecida: apresenta a corda entrelaçada formando um círculo, com um nó e no interior do qual esta a designação CESOL. As cores poderiam variar entre o castanho mais claro ou mais escuro, o verde e o azul.







Cremos que há alguma semelhança com a marca da Fábrica de Louça de Sacavém, em que era representada por um cinto, fechado, com uma fivela, sendo que a informação correspondente era apresentada na coroa circular formada pelo cinto.

A outra marca, menos vulgar, na fase posterior da sua produção, a partir de 1978, apresenta um conjunto pentagonal de torres triangulares vazadas, que se podem assimilar a uma estilização de cinco pessoas, sob as mesmas o lettering CESOL, e sob este MADE IN PORTUGAL.

A “terceira” marca, identificada numa saladeira monocromática, na cor castanha, aerografada com motivos florais e frutos possui simples indicação de Cesol, tipo caligrafia. Será provavelmente a 1ª marca da Cesol, a qual teria sido somente usada nos primeiros anos de produção (1947 e 1948?). Não conseguimos confirmar tal hipótese. Ou terá sido uma marca de transição, entre as duas mais conhecidas? 

4. Curiosidades

Os C.C.T. de Souselas, aplicaram uma franquia postal em 06.10.78 em que apresentava a nova marca da Cesol para a Louça Doméstica, bem assim como para os azulejos e pavimentos decorativos, sobre envelope postal da própria Cerâmica de Souselas.
Por outro lado, em 1986 foi produzido e distribuído um calendário publicitário com 20,5 x 20,5 cm, com a decoração de todos os signos do Zodíaco ao longo do ano, o qual identificava as três marcas do fabrico da Cesol.


5. Peças de Referência

Apresentamos algumas peças de referência da Cesol:

a) Taça fruteira em faiança da Cesol, com cerca de 7,5 cm. de altura e 27 cm. de diâmetro, apresentando decoração floral estilizada, ao gosto Art Déco, aerografada sobre stencil (chapa recortada). A Cesol comercializou também decorações florais, dentro da gramática Art Déco e aplicadas a aerógrafo, que geralmente são mais associadas à produção da CFC Lusitânia e da FLS. (1):


(Imagens de: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/cesol) 
b) Prato com decoração estampada a preto, e posteriormente colorida, sob o vidrado. A cercadura a azul, que surge por cima de um rebordo com uma variante do formato espiga em relevo, foi aplicada sobre o vidrado.(2)
(Imagens de: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/cesol) 
c) Manteigueira com motivo floral, policromático, ao gosto Art Déco (6)
d) Travessa com motivo floral, rosa (6), do período pós 1978 (6)

e) Jarro alto, de cozinha, decoração bolas, nas cores verde, azul ou vermelha, presume-se que seja fabrico dos finais dos anos 50 ou década de 60 (6)




f) Chávenas de chá, com motivo floral policromático (6)
g) Chávena almoçadeira, com decoração floral, mono cromática, verde, provavelmente do final da década de 40 ou da década de 50 (6)

h) Louça utilitária com decoração simples, dois filetes no bordo da aba e na transição para o covo, com decoração floral policromática, fabrico provável da década de 60 ou primeira metade de 70  (6)

i) Louça utilitária com decoração minimalista- vários filetes em cores diversas: preto, laranja, castanho (6)

j) Louça utilitária com decoração minimalista- pintura total da aba em cores diversas: laranja, castanho-escuro (6)


l) Saladeira monocromática decorada com motivos florais aerografados com a “terceira” marca (6)



6. Conclusão

Efectuamos as pesquisas possíveis, a bibliografia àcerca desta Fábrica é muito escassa, tentamos sistematizar e dar indicações generalistas desta faiança; efectuamos algumas conjecturas e suposições que não temos a certeza, mas tentámos ser o mais credíveis possível.

No entanto se algo do que indicamos não estiver correcto, muito agradeciamos as indicações e os conhecimentos de quem mais saiba que nós.

FONTES:






6) – http://olx.pt;


8) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

9) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

10) – “Dicionário de marcas de Faiança” de Filomena Simas e Sónia Isidro – Edição Estar Editora - Lisboa – 1996;

11) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

12) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;