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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

PRATO DECORATIVO DA FÁBRICA DE LOUÇA DE SACAVÉM, JOSÉ MAIO

A Fábrica de Louça de Sacavém, dedicou-se não só à fabricação de louça utilitária, doméstica ou de restauração, mas a uma grande panóplia de louças, desde a sanitária, à de utilização higiénica, à decorativa, ao azulejo, às peças decorativas, às…às…, a tanta coisa!

Vamos hoje apresentar um prato decorativo da Fábrica de Louça de Sacavém do período Gilman & Cta., correspondente ao intervalo de fabricação de 1921-1970, mas cremos que seja da década de 30, pelas razões que indicaremos.

Este prato decorativo, branco, com um filete de cor azul na bordadura da aba, possui uma reserva central no fundo do prato, dedicado JOSÉ MAIO – a figura central e o motivo deste prato decorativo, na cor vinhoso.

Figura imponente, homem forte, de “ossos largos”, tão rude como humilde, tão áspero como dócil, tão bruto como meigo, com o seu olhar penetrante, corpo firme, patilhas grandes, com o barrete na cabeça, a casaca de botões e as suas seis medalhas expostas e cremos que também o colar ao peito, mas que o desgaste da decoração não deixa confirmar.



Completa a decoração três arranjos florais, de dimensões diferentes, policromáticos, verde, amarelo, castanho claro e lilás (roxo), que se assemelham a lilases (vou pelo conselho do caro Manel).


Possui no tardoz do covo do prato a marca estampada, enrugada, na cor verde-claro, correspondente ao período Gilman & Cta., período de 1921-1970, com as gravações na pasta de “4FC”, e “.ACAVEM”.

Trata-se de um prato raro e de elevado valor estimativo, pela evocação a JOSÉ MAIO, provavelmente quando se completou o cinquentenário do seu falecimento.

Não podemos pois deixar de contar um pouco de história sobre quem foi JOSÉ MAIO e o significado desta evocação.

JOSÉ MAIO, mais propriamente José Rodrigues Maio, mais conhecido como Cego do Maio ou Ti' Maio  foi um pescador poveiro, salva-vidas e herói.

Natural de Póvoa de Varzim, nasceu a 8 de Outubro de 1817, na Rua dos Ferreiros e faleceu a 13 de Novembro de 1884, na Rua de Poça da Barca (expansão da Rua da Areia), actual Rua 31 de Janeiro.

Foi a figura mais representativa de Póvoa de Varzim, no século XIX e era visto como o herói local, razão pela qual quando faleceu, as Câmaras de Póvoa de Varzim e de Esposende, apresentaram publicamente os votos de pesar.

Era pescador de sardinha e a sua marca ou sigla era um meio-sarilho.
Foi condecorado com a mais alta distinção do Estado, o Colar de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a medalha de ouro da Real Sociedade Humanitária do Porto, as quais foram colocadas, pessoalmente, pelo Rei D. Luís I, pelas vidas que salvou no mar de Póvoa de Varzim.

Faz parte da lenda que quando o rei o condecorou, o Cego do Maio retribuiu o seu presente com um punhado de conchinhas, dizendo: "Tome lá ó Ti' Rei, uns beijinhos para as suas criancinhas brincarem!"

Deste modo aqui fica mais uma peça rara da Fábrica de louça de Sacavém inventariada.

FONTES:



3) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Coleção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

4) – “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

5) – “Dicionário de marcas de Faiança” de Filomena Simas e Sónia Isidro – Edição Estar Editora - Lisboa – 1996;

6) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

7) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;