As
faianças da fábrica de Alcântara continuam-nos a surpreender continuamente, com
o surgimento de peças com motivos desconhecidos.
O presente prato raso,
de motivo desconhecido até à data, é um espécime decorado em tons policromados, nas cores de rosa,
verde, castanho, azul e amarelo com desenho baseado na representação de dois arranjos
florais, um de menor dimensão e outro maior, com um insecto, uma borboleta com
asas azuis celestes e amarelas.
Trata-se de uma
interessante peça, com uma faiança mais fina do que habitualmente Alcântara
apresenta, com um filete dourado na bordadura da aba e com os motivos policromados
aplicados na bordadura mas que se prolongam até ao fundo do prato, constituindo
um exemplar não muito vulgar, quer pela textura da pasta, quer pelo motivo e
acima de tudo pela decoração policromada.
Possui
gravada na massa a marca de “LOPES & C.ª”, pelo que o seu período de produção, segundo o livro Ceramica
Portugueza, do autor José Queiroz, 1907, pp. 356, item
284, deverá ter começado em 1897.
POST-SCRIPTUM:
Tal
como, quando se reportam imagens a Félix
Bracquemond, logo surgem peças de porcelana com borboletas
Na verdade o elemento mais relevante e notório na decoração desta peça é a
borboleta, quer pela sua apresentação, exposição ou mesmo pela sua policromia
(azul celeste e amarelo vivo).
Em
bom tempo, o caro Luís Y (Luís Montalvão do blogue http://velhariasdoluis.blogspot.pt)
me alertou para a decoração deste prato e me indicou que “é muito semelhante a um motivo usado pela Vista Alegre entre 1870-80,
de que mostrei uma peça no meu blog
http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2014/10/uma-borboleta-num-jarro-da-vista-alegre.html.”
Mais, disse que: “Julgo que estas decorações
traduzem uma certa influência japonesa, que veio através de França, da fábrica
de Haviland de Limoges.”
Presumimos
que a peça que apresentamos, da fábrica de Alcântara, seria de fabrico posterior
a 1897. A peça da Vista Alegre que o Luís Y apresentou é, conforme ele indicou,
de fabrico entre 1870-80.
Tal
como o Luís Y refere na sua postagem acima citada este tipo de decoração, com o
reporte a borboletas, foi inspirado no Japão e um artista que se destacou, na fábrica de Haviland de Limoges foi Félix Bracquemond, havendo referências
da mesma (decoração) como “Limoges 1876”.
Através
de uma simples e rápida pesquisa na Internet lá encontramos um açucareiro Limoges
1876, com o motivo onde sobressai a borboleta:
Digamos
que foi um motivo recorrente à época, em
que as fábricas iam-se copiando umas às outras, nestas decorações, provavelmente
mais ao gosto da época.
FONTES:
2)
“Cerâmica
Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação,
Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto,
Editorial Presença – 3ª Edição – 1987
caro Jorge
ResponderEliminarJá há uns tempos que era para vir aqui comentar este seu prato, mas ultimamente o tempo escorre pelas minhas mãos
A decoração desse prato é muito semelhante a um motivo usado pela Vista Alegre entre 1870-80, de que mostrei uma peça no meu blog http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2014/10/uma-borboleta-num-jarro-da-vista-alegre.html. Julgo que estas decorações traduzem uma certa influência japonesa, que veio através de França, da fábrica de Haviland de Limoges.
Um abraço
Um abraço
Caro Luís Y,
ResponderEliminarObrigada por mais uma visita ao meu blog.
Fico lisonjeado pelo seu comentário e analogia que fez, a qual não me tinha apercebido.
Vou ver em pormenor a sua postagem, fazer mais pesquisa e eventualmente acrescentar um comentário final na minha postagem
Mais uma vez obrigada pelas suas digas, que são valiosas ajudas, para mim.
Um abraço.
Jorge Gomes