Deslumbrante palangana, em faiança,
com vistosa decoração vegetalista (floral), policromática, no covo, em tons de
verde, azul, vinoso de manganês e amarelo ocre; e com decoração na cercadura na
aba, de motivos geométricos, monocromáticos, alertados, a duas cores, azul e
vinoso de manganês.
A palangana em apresentação |
Com decoração estampilhada (aplicada
sobre chapa recortada) e decoração manual, simples, ingénua, ao gosto do
artista, cuja conjugação de decorações constitui assim uma peça única.
A decoração estampilhada no covo da palangana |
É a originalidade destas peças, ao
gosto do artista, que nos cria a sedução pelas mesmas.
Um malmequer com sete corações na cor
vinoso de manganés com uma rosácea em azul de cobalto.
Pormenor do Malmequer de sete pétalas em coração |
As marcas da trempe, aquando da
cozedura do vidrado são perfeitamente visíveis na transição do covo para a aba
da palangana.
As marcas da trempe |
Peça em faiança, crê-se, de Coimbra
(região) e do início do século XIX. As cores aplicadas na decoração do covo e a
cercadura de motivos geométricos da aba tal nos indicia tal origem.
O pormenor da cercadura de motivos geométricos estampilhados |
Com um diâmetro de aba de 35 cm e uma
altura de 7,5 cm, eis a geometria da palangana que apresentamos.
O tardoz da palangana |
Como sabemos o termo de designação
deste tipo de peças, é bastante discutível, pois as designações são imensas,
mas há que ter toda a atenção às respectivas formas cerâmicas:
- taça
fruteira: mas com aba mais rebaixada e com a concordância entre o covo e a
aba menos acentuada;
- alguidar:
em que a aba e a concordância entre o covo e a aba possuem a mesma pendente e
não se distinguem, com uma altura superior a 9 cm;
Mais um pormenor da decoração |
- bacia:
Em que a transição entre o covo e a aba e esta mesma possuem uma única
concordância, arredondada, côncava, a partir do covo, com uma altura superior a
9 cm;
- escudela:
consideramos ser o mesmo que palangana, mas trata-se de um termo de uso
medieval, com uma altura inferior a 7 cm;
- malga:
consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais característico da
zona norte e centro do país, (designação regionalista), com uma altura inferior
a 7 cm;
Pormenor da decoração - folhas |
- taça:
consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado nas zonas
urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação
regionalista). Há também quem designe simplesmente por taça, toda a palangana que tenha menos de 35 cm de diâmetro de aba,
com uma altura superior a 7 cm;
- tigela:
consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado na zona saloia,
na periferia de Lisboa, no século XX (designação regionalista), com uma altura
superior a 9 cm;
Pormenor dos elementos geométricos da cercadura na aba |
- prato
de cozinha: consideramos ser o mesmo que palangana, mas um termo mais usado
nas zonas urbanas – em especial, na zona de Lisboa, no século XX (designação
regionalista), com uma altura inferior a 7 cm;
- outras designações: tigela, cunca; almofa; almofia; conca;
cuenco;…, são designações com vocábulos de origem castelhana ou árabe.
Peça esmaltada, com aspecto grosseiro
e vidrado escorrido no tardoz junto ao único frete.
A Palangana na sua máxima afirmação |
Peça em Faiança, de forte presença,
interessantíssima e cativante. Faiança a manter e preservar!
FONTES:
1) – “Cerâmica
Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas
e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial
Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.
2) - “Faiança
Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º
Volume, Barcelos, 1985.
3) –
“Estudo Decorativo, Morfológico e Tecnológico da Faiança de Coimbra”, de Filipa
Antunes Formigo, Dissertação de Mestrado, do Instituto Politécnico de Tomar,
Tomar, Setembro, 2014.
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