(Travessa oval de esponjados e carimbos, de Aveiro (?)) |
As peças em faiança decoradas a
esponjados são sempre um motivo de peculiar interesse, demonstrativos de uma
determinada época, e que dado o gosto que houve à mesma, eventualmente pelo seu
baixo custo, teve uma significativa utilização.
Atendendo à sua fabricação, simples e
sem esmeros de qualidade de produção ou de decoração, as peças que ficaram para
a posterioridade não são muitas e as que ficam enfermam de sinais de desgaste,
de uso ou de manuseamento, faltando o vidrado por fadiga, possuindo “cabelos” e
alguns tais que motivaram a aplicação de “gatos”, de “dentadas” nas bordaduras
da peça, enfim de sinais que demonstram a idade das peças.
Os esponjados são de vários tipos e a
sua apresentação configura processos e meios de execução diferentes. Há os
esponjados puros e simples, há os “carimbos” que mais não são que esponjados
aplicados com “rolhas” de cortiça, que criam decorações circulares.
Os esponjados foram utilizados por quase
todas as fábricas de faianças, desde os meados - finais do século XIX, até meados
do século XX, quer como decoração complementar e de integração ou composição em
decorações ou motivos característicos, por exemplo “Cantão Popular”, entre
muitos outros.
Mas existem peças simples, em que a
única decoração são esponjados, esponjados e filetes ou faixas, esponjados e
carimbos, etc, e esponjados, carimbos e outros elementos decorativos à época,
como é o caso da peça que apresentamos.
São peças simples, ingénuas, de
decoração fácil, ao gosto do decorador e aos gostos da época.
Estas peças, de esponjados eram fabricadas
nas várias fábricas de Aveiro, no Norte, e segundo consta na Fábrica da
Corticeira (pese embora tenhamos algumas dúvidas, pois cremos que não se produziu
tanto como se faz crer e se refere, pese embora na parte final da sua produção
tenha, eventualmente, adaptado tal estilo, ao gosto da decoração das faianças da
época, para conseguir ter concorrência entre as demais e sobreviver
financeiramente, numa época que já agonizava), para além de outras.
Este tipo de peças, eventualmente fabricadas
com predominância nas fábricas de Aveiro, em meados do século passado, com a
decoração de esponjados, escorridos e circulares – a “aplicação da rolha”,
policromados (azuis, amarelos-ocre, avermelhados ou cor de rosas); esponjados esverdeados
e com remates em triângulos, ou “bicos”, na cor azul, junto à bordadura, ou com
faixas de remate, ou filetes largos – no presente caso uma faixa larga cor-de-rosa
velho.
Trata-se de uma decoração simples e
rápida de efetuar, com a execução manual ao gosto de decorador da aplicação dos
esponjados, com uma esponja provavelmente do mar e dos “círculos”, com uma
rolha, para além de outras decorações, ao pincel, como é a do presente caso com
uma soberba decoração de um tema recorrente das Festas do Norte, os Bombos da
Festa e a Decoração do Arraial, de forma tão simples e deveras ilustrativa
exemplificada na presente peça.
A rapidez e o “descuido” colocado na
decoração destas peças “baratas” e de uso utilitário comum e frequente,
justificava que habitualmente no tardoz ou base das mesmas, aparecessem borrões
coloridos, correspondendo a alguns dos dedos do decorador, sujos de tinta da
decoração efectuada, ou outras situações de evidente descuido no seu fabrico, o
que não se passa na presente peça, pois, devido à sua decoração, soberba, a
travessa oval, deixou de ser uma peça de uso utilitário, para ser uma peça
decorativa de pendurar – o que é evidente e demostrativo através da “aranha”
artesanal que a mesma tinha, que preservamos e exibimos.
Esta peça, muito pouco corrente, para
não dizer rara, possui uma interessante decoração alusiva às Festas e Romarias
do Norte, em duas situações emblemáticas das mesmas, as suas decorações, 0s “Arcos
das Festas” e a animação cultural ao gosto popular “Os Bombos”.
(Travessa de Esponjados, Carimbos e decoração a pincel, de Coimbra (?)) |
Aqui fica o registo de mais uma
interessante peça de faiança, provavelmente de uma das fábricas de Aveiro, com
uma decoração esponjada falante.
Fontes:
-
As recorrentes habituais; sem nenhuma em específico;
Não há dúvida que esta peça tem um encanto muito popular. Pessoalmente aprecio sempre estas peças mais ingénuas e depois há toda uma alegria contida nela, que a torna irresistível. Um abraço e boas festas
ResponderEliminarCaro Luís Montalvão,
EliminarObrigada por mais uma visita.
Na verdade a ingenuidade destas peças encanta-nos.
Igualmente um abraço e retribuição de Boas Festas.