quinta-feira, 2 de outubro de 2014

PEQUENO PRATO DA OAL – OLARIA DE ALCOBAÇA LIMITADA


Às pequenas peças de faiança, por vezes, não lhe é dada a devida atenção, e são amontoadas no chão, sobre o pano, ou então colocadas a um canto da banca e vendidas a 1,00 Euro.

Da paciência com a pesquisa e sempre no intuito do alcance de alguma de interesse, por vezes surgem, e é uma satisfação, pese embora a aquisição se faça de forma simples e sem evidenciar tal.

Mais uma pequena aquisição dessas: um pequeno prato em faiança, da OAL – Olaria de Alcobaça Limitada, policromático, com decoração rural, interessante.



Uma camponesa de blusa azul, saia acastanhada, e lenço grená sobre o pescoço, sentada de lado sobre a albarda de um burro, que penosamente fazia o seu trajeto, provavelmente, a caminho de casa, vendo-se a paisagem ao fundo, onde são evidentes as silhuetas de dois montes.


Para enaltecer o prato, dois filetes de bordadura, o exterior, mais largo, acastanhado e o interior, menos largo e na cor amarelada.



Atendendo à natureza de pasta utilizada, ao motivo da decoração e ao tipo de pintura realizada, bem como ao vidrado, leva-nos a considerar que será uma peça fabricada na segunda metade dos anos quarenta ou primeiros anos da década de cinquenta, do século passado.




No tardoz do prato o carimbo, monocromático, na cor castanha, com a Indicação de *Olaria Alcobaça *Alcobaça* e no círculo interior, o logotipo OAL.




Trata-se de uma peça utilitária com uma decoração ao gosto nacional, bastante cultivado na época da sua fabricação e que é uma referencia de uma época do fabrico da OAL, na qual recorria a uma decoração evocando a ruralidade do país e utilizando cores do gosto popular.


Fontes:






6) – “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Prato de Alcântara, Motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, pintura a stencil, relevada, marca CHAMBERS & C.ª – 3 em 1!


Surgem-nos do nada verdadeiras peças de faiança, de elevado interesse e fora dos padrões habituais, que nos criam forte mistério e nos obrigam a reescrever sobre o fabrico ou sobre a história que presumimos das antigas fábricas de faiança portuguesas.


Apresentamos um prato em que as suas características não são as habituais da faiança de Alcântara, mas que possui marcado na pasta o carimbo circular de ALCANTARA, LISBOA e CHAMBERS & C.a – o que não deixa dúvidas.


Trata-se de um prato de faiança fina e não pesada; parece de pó de pedra; no tardoz do fundo do prato possui não um único círculo externo saliente, mas mais três círculos internos, sendo que no terceiro, mais pequeno é onde se insere a marca na pasta.


Contudo, continua a apresentar os três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, das trempes, quando os mesmos iam cozer.


A consistência, textura e círculos no tardoz do fundo do prato são uma novidade! – 1ª Situação não corrente na Faiança de Alcântara!

A exibição da marca na pasta de CHAMBERS & C.ª, trata-se de uma marca não muito habitual, crendo-se que corresponde ao período de fabrico de meados da década de trinta do século passado, antes da fábrica encerrar – 2ª Situação não habitual na Faiança de Alcântara!

A exibição do motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, na cor grená, esbatida, relevada, já que foi pintada, com stencil, evidenciando toda a piquetagem, nos sombreados ou nas decorações correspondentes ao motivo são uma novidade! Tal nunca tínhamos visto, pois o habitual são as estampagens  – 3ª Situação não identificada na Faiança de Alcântara!




 
Em suma, uma peça rara!

Trata-se de um prato raso, com o motivo citado, aplicado com o recurso a stencil, pintura relevada, com exuberante preenchimento e decoração, quer da aba quer do fundo do prato.

 O cavaleiro e o seu pedestal e as colunas de enquadramento assemelham-se às que habitualmente outras fábricas produziram, por exemplo, a Fábrica de Louças de Sacavém.

 A paisagem de enquadramento e a torre exibida já não são muito habituais neste motivo.

O preenchimento da aba é interessante: possui uma grinalda de elementos geométricos curvos no seu filete, seguem-se intervalos ou registos sombreados até à decoração vegetalista, na qual se criam três quadros de enquadramento, preenchidos com conjuntos edificados, nobres ou senhoriais, intervalados por menores arranjos vegetalistas nos quais se inserem jarrões com flores, apoiados em sólidas bases.

Toda esta decoração da aba termina com arranjos vegetalistas, já no covo do prato, constituindo uma moldura para a decoração do fundo do prato.

Em suma uma raridade de prato, que nos cria algumas dúvidas e incertezas sobre os habituais padrões de fabrico, decoração e marcas da Fábrica de Louça de Alcântara.

Não podemos contudo deixar de referir e com base na fonte (1), que esta fábrica produziu pratos do motivo “CAVALLINHO”, mas no período de “LOPES & C.a”, daí a referencia “L & C”, no carimbo estampado e em que a decoração estampada era igual à do prato que apresentamos, como a imagem seguinte evidencia.



Cremos tratar-se de uma iniciativa comercial, de mais valia, acompanhando a proliferação do motivo, desenvolvido pela Fábrica de Louça de Sacavém e, a Norte, pela Fábrica de Massarelos, com enorme aceitação nos consumidores, tentando assim ter um melhor mercado, pese embora a louça utilitária de Alcântara, ser mais “grosseira”, menos cuidada na execução, de menor qualidade.


Aqui fica o registo, para que conste e seja tomado em consideração.

FONTES:






6) -Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Interessantíssimo prato da Estatuária Artística de Coimbra – Lages – motivo “Estátua” ou “Cavalinho” Português


Como sabemos é comum o fabrico de louças utilitárias com o motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, em várias das fábricas nacionais durante os finais do século XIX e até meados do século XX.

Todos conhecemos este motivo, mais ou menos copiado do motivo inglês, original, ou com algumas interpretações, ao gosto da fábrica ou do artista, para marcar a diferença.

Mas o motivo “Estátua” ou “Cavalinho” Português é que certamente não é muito conhecido!



Tudo isto a propósito de um prato que cremos ser pouco comum e de escassa produção, digamos raro.


Trata-se de um prato de fabrico da Estatuária, presumimos que da Estatuária Artística de Coimbra – EAC, ou seja na sua vertente de produção de louça utilitária, pouco comum, aquando da sua fábrica na Quinta das Lages, pois a marca habitual, na cor verde, inserido num circulo, diz somente “ESTATUÁRIA” – “LAGES”.

Trata-se de um prato raso, estampado, com o motivo citado, monocromo, na cor azul “baço” em que o cavaleiro se assemelha a um guerreiro da época medieval, com proteções metálicas nas pernas, cotas de malha no tronco e uma lança ou espada em riste; o cavalo, parece um PSL – Puro-sangue Lusitano, saltando uma pequena travessia sobre uma linha de água.




Ao fundo, enquadrado com vegetação e o relevo da paisagem uma típica aldeia portuguesa, com o seu templo religioso, com sua torre sineira e ao seu lado a casa senhorial, mais alta e nobre que as restantes.

A decoração da aba é exuberante de motivos e preenchimento, com uma elevada decoração vegetalista, na qual se criam oásis onde despontam um templo religioso, com a sua torre sineira, um rio com a sua nora ou azenha e um passadiço sobre o mesmo; um conjunto de edificações, que nos parecem ser guaritas de minas de água, em redor da água-mãe, a construção que recolhe as águas das minas e a armazena, todas envoltas em vegetação.



Intervalando com estas exibições são apresentados florões em vasos, apoiados em balaustradas.





Em suma, algo de invulgar, mas que espelha bem, cremos nós, os motivos nacionais.




Possui no tardoz, tal como já referimos, o carimbo, na cor verde, identificando “ESTATUARIA” e “LAGES”, inserido num círculo verde, provavelmente antes de a Estatuária entrar para a Fábrica Cesol, e quando possuía a sua fábrica na Quinta das Lages, em Coimbra.





Presume-se que seja fabrico da década 40 do século passado, após 1943 e, eventualmente, antes de 1947, data a partir da qual participou na constituição da Cesol.

FONTES:




domingo, 21 de setembro de 2014

PRATO EM FAIANÇA DO NORTE (?) OU DE COIMBRA (?)


As peças em faiança monocroma azul claro, do Norte (?) ou de Coimbra (?), são um encanto e trazem-nos sempre algum mistério, começando logo pelo desvendar da origem do seu fabrico, pois, criam-nos incertezas e deixam-nos dúvidas.

A faiança sem qualquer marca, caracter alfanumérico ou mesmo um “arabesco” torna difícil a sua atribuição a uma zona específica de fabrico, podendo, frequentemente, haver dúvidas, situação que se passa com as faianças ditas de Coimbra ou do Norte, tal como a presente.




Tudo a propósito de um prato covo, com decoração monocroma azul claro, com uma flor no covo, um filete grosso a separar o covo da aba e na aba uma decoração vegetalista repetitiva.


Decoração estampilhada, em série, ingénua, sem muito cuidado na colocação do stencil, notando-se diferenças de posição e afastamentos diferentes na decoração repetitiva da aba.



O tardoz do prato possui um esmalte branco, leitoso, recordando-nos a louça malegueira, o que poderá ser um sintoma de ser faiança do Norte – não conseguimos garantir!

Mas o esmalte branco, leitoso, a decoração a azul claro, o motivo da decoração central, a decoração repetitiva da aba e a sua execução, digamos, algo ingénua, leva-nos a considerar que seja fabrico do Norte, dos  finais do século XIX ou mesmo do início do século XX.

A comparação com outras peças semelhantes divulgadas na net (em locais de venda e em blogues) permitiu-nos ajudar na decisão e tornar a mesma mais consistente, pese embora frequentemente, esses sites indiquem como produção provável "Miragaia", quando, na verdade, se trata de faiança, azul e branca, provavelmente, do Norte (?), ou será de Coimbra (?). A dúvida persiste, para nós, pese embora gente mais avalizada que nós indique ser Coimbra. 

Da fonte (1) recolhemos as seguintes imagens (que entretanto nos asseguraram ser fabrico de Coimbra):


Da fonte (5) registamos as imagens:


E finalmente da fonte (3) recolhemos ensinamentos e a imagem (seguramente fabrico do Norte):