Como sabemos é comum o fabrico de louças utilitárias
com o motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, em várias das fábricas
nacionais durante os finais do século XIX e até meados do século XX.
Todos conhecemos este motivo, mais ou
menos copiado do motivo inglês, original, ou com algumas interpretações, ao gosto da
fábrica ou do artista, para marcar a diferença.
Mas o motivo “Estátua” ou “Cavalinho” Português é que certamente não é muito conhecido!
Tudo isto a propósito de um prato que
cremos ser pouco comum e de escassa produção, digamos raro.
Trata-se de um prato de fabrico da Estatuária, presumimos que da Estatuária Artística de Coimbra – EAC,
ou seja na sua vertente de produção de louça utilitária, pouco comum, aquando
da sua fábrica na Quinta das Lages, pois a marca habitual, na cor verde,
inserido num circulo, diz somente “ESTATUÁRIA”
– “LAGES”.
Trata-se de um prato raso, estampado, com o
motivo citado, monocromo, na cor azul “baço” em que o cavaleiro se assemelha a
um guerreiro da época medieval, com proteções metálicas nas pernas, cotas de
malha no tronco e uma lança ou espada em riste; o cavalo, parece um PSL – Puro-sangue
Lusitano, saltando uma pequena travessia sobre uma linha de água.
Ao fundo, enquadrado com vegetação e o
relevo da paisagem uma típica aldeia portuguesa, com o seu templo religioso, com
sua torre sineira e ao seu lado a casa senhorial, mais alta e nobre que as
restantes.
A decoração da aba é exuberante de motivos
e preenchimento, com uma elevada decoração vegetalista, na qual se criam oásis
onde despontam um templo religioso, com a sua torre sineira, um rio com a sua
nora ou azenha e um passadiço sobre o mesmo; um conjunto de edificações, que
nos parecem ser guaritas de minas de água, em redor da água-mãe, a construção
que recolhe as águas das minas e a armazena, todas envoltas em vegetação.
Em suma, algo de invulgar, mas que espelha
bem, cremos nós, os motivos nacionais.
Possui no tardoz, tal como já referimos, o
carimbo, na cor verde, identificando “ESTATUARIA”
e “LAGES”, inserido num círculo
verde, provavelmente antes de a Estatuária
entrar para a Fábrica Cesol, e quando
possuía a sua fábrica na Quinta das Lages, em Coimbra.
Presume-se que seja fabrico da década 40 do
século passado, após 1943 e, eventualmente, antes de 1947, data a partir da qual participou na
constituição da Cesol.
FONTES:
Caro Jorge Amaral
ResponderEliminarNão conhecia ainda o seu blog. Cheguei cá através do blog do Amarildo. Fico muito contente por haver na internet mais um espaço dedicado à cerâmica.
Nunca tinha ouvido falar desta fábrica, Estatuária Artística de Coimbra – EAC, que produzia nas Lages.
O que lhe tenho a dizer é muito simples. A vista junto à estátua parece-me representar Coimbra, com a torre da Cabra a dominar o casario. Na reserva da borda do prato, parece óbvio que existe uma representação de Santa Clara-a-Velha.
Quanto ao cavalo ser um puro Sangue Lusitano já coloco as minhas reservas. Parece-me um cavalo normalíssimo.
Um abraço
Caro Luis Y,
ResponderEliminarAgradeço calorosamente os seus comentários e ajudas na caracterização da peça, pois não tinha desvendado o que indica.
Em relação ao cavalo, concordo consigo, foi um excesso de entusiasmo da minha parte.
Mais uma vez, muito obrigada, pela ajuda.
Um abraço,
Boa tarde!
ResponderEliminarHá tempos comprei numa loja de tranqueiradas dois pratos que dizem LAGES na parte de trás! Não sei se não podem pertencer a essa fábrica! Gostava de anexar fotografia no entanto isto não permite! contudo o simbolo é diferente desse...diz só LAGES!
Obrigada pela partilha!
Rafaela
Tenh uma chávena e pires lages da minha avó...
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