Surgem-nos
do nada verdadeiras peças de faiança, de elevado interesse e fora dos padrões
habituais, que nos criam forte mistério e nos obrigam a reescrever sobre o
fabrico ou sobre a história que presumimos das antigas fábricas de faiança
portuguesas.
Apresentamos um prato em que as suas características não são as habituais da faiança de Alcântara, mas que possui marcado na pasta o carimbo circular de ALCANTARA, LISBOA e CHAMBERS & C.a – o que não deixa dúvidas.
Trata-se de um prato de faiança fina e não pesada; parece de pó de pedra; no tardoz do fundo do prato possui não um único círculo externo saliente, mas mais três círculos internos, sendo que no terceiro, mais pequeno é onde se insere a marca na pasta.
Contudo, continua a apresentar os três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, das trempes, quando os mesmos iam cozer.
A consistência, textura e círculos no tardoz do fundo do prato são uma novidade! – 1ª Situação não corrente na Faiança de Alcântara!
A exibição do motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, na cor grená, esbatida, relevada, já que foi pintada, com stencil, evidenciando toda a piquetagem, nos sombreados ou nas decorações correspondentes ao motivo são uma novidade! Tal nunca tínhamos visto, pois o habitual são as estampagens – 3ª Situação não identificada na Faiança de Alcântara!
Trata-se
de um prato raso, com o motivo citado, aplicado com o recurso a stencil, pintura relevada, com
exuberante preenchimento e decoração, quer da aba quer do fundo do prato.
O
cavaleiro e o seu pedestal e as colunas de enquadramento assemelham-se às que
habitualmente outras fábricas produziram, por exemplo, a Fábrica de Louças de
Sacavém.
O preenchimento da aba é interessante: possui uma grinalda de elementos geométricos curvos no seu filete, seguem-se intervalos ou registos sombreados até à decoração vegetalista, na qual se criam três quadros de enquadramento, preenchidos com conjuntos edificados, nobres ou senhoriais, intervalados por menores arranjos vegetalistas nos quais se inserem jarrões com flores, apoiados em sólidas bases.
Toda esta decoração da aba termina com arranjos vegetalistas, já no covo do prato, constituindo uma moldura para a decoração do fundo do prato.
Em suma uma raridade de prato, que
nos cria algumas dúvidas e incertezas sobre os habituais padrões de fabrico,
decoração e marcas da Fábrica de Louça de Alcântara.
Não podemos contudo deixar de
referir e com base na fonte (1), que esta fábrica produziu pratos do motivo “CAVALLINHO”, mas no período de “LOPES
& C.a”, daí a referencia “L & C”, no carimbo estampado e em que a
decoração estampada era igual à do prato que apresentamos, como a imagem seguinte
evidencia.
Cremos tratar-se de uma iniciativa
comercial, de mais valia, acompanhando a proliferação do motivo, desenvolvido
pela Fábrica de Louça de Sacavém e, a Norte, pela Fábrica de Massarelos, com
enorme aceitação nos consumidores, tentando assim ter um melhor mercado, pese
embora a louça utilitária de Alcântara, ser mais “grosseira”, menos cuidada na
execução, de menor qualidade.
Aqui fica o registo, para que conste e seja tomado em consideração.
FONTES:
6)
-
“Cerâmica Portuguesa e
Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização,
Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da
Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;
Tenho um prato com as caracteristicas descritas e pata o qual gostaria de ter uma ordem de idéia do valor .Grata
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