Entre os vários motivos de faianças
produzidos nos finais do século XIX e início do século XX, um dos mais
frequentes foi o motivo Estátua ou Cavalinho, com as suas variantes, quer a
nível da estampagem, quer a nível da sua fabricação, já que as várias fábricas
não repetiam ou utilizavam estampagens iguais aos motivos das outras.
Contudo, alguns motivos surgiram,
raros, não imitados ou copiados, somente numa das fábricas de então: reportamo-nos
a um prato da Fábrica da Corticeira do
Porto, com o motivo “Castelo”
(raro), em que a estampagem monocromática é grená (vermelha).
Possui carimbo circular laureado, monocromático,
na cor grená, correspondendo provavelmente ao 1º período da fábrica.
Trata-se de um prato com uma soberba
decoração na aba, que se prolonga até ao covo, possuindo este uma composição
decorativa que quase absorve o seu espaço, sendo assim mínima a zona sem
decoração.
A decoração no covo do prato é
constituída por um conjunto edificado de nobres edificações, realçando uma
torre de três pisos, amuralhada no cume, (torre de castelo?) circundada por
outras edificações de menor porte, mas com amplos vãos e bancadas debruçadas
sobre áreas de água – lago ou rio.
Ao fundo e entre a vegetação lateral
que enquadra o conjunto edificado vislumbram-se duas elevações (montanhas -
picos).
No rio, presumimos que assim seja,
vê-se uma embarcação, com carga, com dois vultos sentados e outro vulto, em pé,
à popa, com um remo, de encaminhamento da embarcação.
A decoração da aba, com composição
vegetalista repetitiva, com molduras em forma de ferradura, nas quais se exibem
decorações com edificações, vegetação de enquadramento, elevações, em forma de
picos ao fundo e na parte frontal eventualmente um lago. Como remate na bordadura da aba possui um entrelaçado
de dois cordões.
Esta decoração possui algumas características
que se assemelham ao dito motivo Estátua
ou Cavalinho, mas o carimbo
identificativo “Castelo”, não deixa
dúvidas.
Este motivo, fez-nos recordar a
apresentação de um prato da fábrica de Alcântara (5), com motivo desconhecido,
mas sugerido como origem no motivo “Roselle”
???, já que o preenchimento da decoração da aba é semelhante, embora com
diferenças significativas a nível da decoração vegetalista, contudo a decoração
de preenchimento do covo tem algumas semelhanças com a que apresentamos, nos
seus aspetos essenciais: edificações (castelo), arvoredo, lago, orografia do
horizonte.
(imagem - fonte 5)
Por outro lado, a Fábrica de Massarelos,
também nos finais do século XIX e início do século XX também fabricou pratos
com motivo semelhante, nos seus aspetos essenciais, tendo sido identificado
como o motivo “Roselle” (6).
(imagem - fonte 5)
Será que poderemos considerar que são
do motivo “Castelo”, perante esta constatação?
Crê-se (1) que esta fábrica –
Corticeira do Porto - laborou desde os finais do século XIX até meados da
década de sessenta do século XX, pelo que se presume que o fabrico desta
travessa remonte a finais do século XIX ou início do XX, quando o carimbo era
mais cuidado e com maior beleza.
A marca neste período era constituída
por uma coroa circular, dentro da qual estava indicado “CORTICEIRA” e “PORTO”,
no círculo central o monograma “CP” e exteriormente à coroa, ladeando a mesma,
dois ramos de louro – uma marca “laureada”; em fases posteriores o carimbo era
muito mais simples: só o monograma: um entrelaçado “C-P”.
Em suma, uma peça que consideramos
rara, pois até ao presente nunca conseguimos identificar este motivo catalogado,
e que perante a sua exibição poderá permitir identificar motivo semelhante
produzido noutras fábricas de faiança; à mesma época.
FONTES:
6)
– Fábrica de Massarellos – Porto, 1763-1936, edição do Museu Nacional Soares
dos Reis;
Caro Jorge Gomes,
ResponderEliminarrealmente não tinha conhecimento deste motivo produzido pela Corticeira. bem bonito, os meus parabéns.
mais logo envio-lhe um e-mail para lhe mostrar umas coisas.
obrigado,
Mercador Veneziano
Caro Mercador Veneziano,
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário, reconhecido.
Como sabe, interesso-me por peças que foram pouco correntes, ou mesmo raras, tendo todo o prazer e satisfação em as tentar catalogar e divulga-las ao público em geral.
Mais tenho para divulgar, mas escasseia-me o tempo.
Um abraço,
Jorge Gomes
INTERESSANTE ADORO
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