terça-feira, 21 de outubro de 2014

TERRINA SOPEIRA EM FAIANÇA AZUL E BRANCA, “MIRAGAIA”? PORQUE NÃO !

Uma velha terrina em faiança esmaltada, com fundo branco e decoração monocromia azul, sopeira (por ser circular), sem tampa, com várias esbeiçadelas na bordadura, com a porosidade do vidrado e mesmo com falhas deste, no seu interior, não nos deixou de encantar.

Não sabemos concretamente o seu fabrico, mas do Norte será, provavelmente do Porto ou de Gaia, não sabemos; sendo do tipo de faianças conhecidas como de “Miragaia”, mas que nada tem a ver com o fabrico da Fábrica de Miragaia.

Trata-se de um terrina não muito grande, circular, e por isso, dita sopeira, com decoração vegetalista envolta em vastos esponjados, de tonalidade mais clara, continuando a cor azul como predominante. Na zona das asas o esponjado foi interrompido.

Possui em largo filete na sua bordadura, bem como dois largos na zona inferior ao bojo, estrangulada e alongada, cada um destes protegido, de cada um dos lados, por um filete fino, igualmente na cor azul, mas forte.


O vidrado é esbranquiçado, leitoso, com um acabamento exterior uniforme, mas interiormente bastante poroso e com falhas.

No tardoz do fundo, na coroa circular não vidrada, pode-se apreciar o tipo de argila utilizada: avermelhada e com textura fina, não arenosa, uniforme.

Trata-se de uma peça rodada, com duas asas moldadas e coladas, em que as mesmas evidenciam um entrançado, tipo corda, na qual, em parte, o vidrado já desapareceu.

Comparando com outras peças ditas de “Miragaia”, esta não possui decoração “País” de Miragaia, nem o dito “Cantão Popular”, fazendo parte de uma outra “variante”.


A decoração vegetalista aplicada, como que constituindo reservas e o envolvimento destas com esponjados, constituem um tipo de decoração não muito vulgar e consequentemente mais um enigma da produção de faiança nacional antiga, azul e branca.

Parece-nos que se trata de uma pintura efectuada com um traço manual livre, ao gosto do artista, mas com o recurso a outras duas técnicas, estampilha - o stencil (chapa recortada), para realizar as folhas, depois retocadas e o esponjado, para o envolvimento da restante parte da peça,

Cremos tratar-se de uma peça fabricada na segunda metade do século XIX, ou eventualmente no início do século XX, cuja origem de fabrico não conseguimos garantir, por não se encontrar marcada, mas que se trata de uma curiosa peça, não há dúvida.
De referir que o formato da base da terrina não é o habitual das ditas do tipo “Miragaia”, mas assemelha-se mais a outros fabricos do Norte, tais como a que foi exibida no blogue (1), ou uma que se encontra exposta no Museu Nacional de Soares dos Reis ou a que se encontra no Museu Abade de Baçal (Matriz Net, número de inventário 2632) – fonte (4).

Também no blogue referente à fonte (3) foi exibida uma terrina com o formato semelhante à nossa, pese embora com decoração diferente, com a decoração “Cantão Popular”,

Uma outra peça, com decoração semelhante, sem esponjado mas com motivos vegetalistas sobre reticulados está inventariada na Matriz Net e faz parte do acervo do Museu dos Biscainhos (número de inventário 995 MB) – fonte (4), possui autoria desconhecida, não sendo pois “Miragaia” !


Epílogo:

Nas feiras de velharias, e não só, toda a faiança que é azul e branca é “Miragaia”, seja a decoração do tipo “Cantão Popular” ou mesmo do dito “País” de “Miragaia”, ou qualquer outra… desde que seja azul e branca. (E de tanto “martelar”, quase que “vamos na onda”… mas há que separar o “trigo do joio”).

Este tipo de peças são encaminhadas para o 2º período de fabrico da Fábrica de Miragaia, fundada em 1775 por João Rocha, ou seja entre 1822 e 1850.

As peças produzidas neste período, em faiança com esmalte estanífero, caracterizam-se por uma produção mais industrial, com recurso à utilização da estampilha na decoração, isto é, a decoração deixa de ser exclusivamente pintada à mão, pese embora se continue a usar as cores de alto fogo – essencialmente o azul.

A pasta era bastante clara e as decorações deste período tinham influência inglesa, com a sua aplicação estampada, decorada na cor azul, e tendo como modelo as gravuras da época, em moda; tais como paisagens românticas, com castelos, palácios ou casas apalaçadas. Igualmente também continuava a haver as decorações orientais, que sempre estavam em voga.

Enquadradas nestas decorações surge a decoração “tipo País”, em que a marca era uma paisagem central, com edifícios, em que um termina em cúpula, tendo na outra extremidade uma torre, com remate de um crescente (um dos mais velhos símbolos da Humanidade) e na frente tendo um frontão triangular, sendo todo o conjunto rodeado por arvoredo.

É de especial importância ter em atenção que sendo a maioria das peças fabricadas pela Fábrica de Miragaia na cor azul, que esta cor se tornou sinónimo da produção de Miragaia ou na sua “justificação”.

Deste modo são atribuídas a fabrico de Miragaia todas as peças com decoração azul, pese embora com outros tipos de paisagens, estampilhadas, ou até mesmo esponjadas, pese embora nunca tenham surgido peças com essas decorações e com a marca de Miragaia, usada à época, ou então terem marca de outras fábricas da mesma época.

Em suma, o tipo de decoração a azul e branco, não é exclusivo, de Miragaia; logo à época outras fábricas suas contemporâneas o fizerem, como por exemplo a Fábrica Cavaco e a Fábrica de Santo António do Vale de Piedade.

Mas mais tarde, vários foram os fabricos que utilizaram, copiaram ou efectuaram variantes ao modelo de decoração azul e branco de Miragaia, sendo deveras difícil identifica-los, por não estarem marcados.

As peças de fabrico de Miragaia do período em causa encontram-se marcadas com marcas pintadas e estampilhadas que a seguir exibem (fonte 5), situação que confirma a sua origem, eliminando quaisquer dúvidas.

Concluindo, tanta indicação incorrecta ou irónica, atribuindo tudo o que é faiança azul e branca, seja que decoração for a “Miragaia” ou “tipo Miragaia”, quando nada tem a ver com esse fabrico.

Miragaia” sim !, mas com marca que o comprove !


Fontes:






5) – Fábrica de Louça de Miragaia, Museu Nacional Soares dos Reis, Museu Nacional do Azulejo, coordenação de Margarida Rebelo Correia, edição IMC, Lisboa, 2008;

sábado, 18 de outubro de 2014

PRATO DA FÁBRICA DE LOUÇA DE SACAVÉM, MOTIVO 1060

As peças de louça utilitária fabricadas pela Fábrica de Louça de Sacavém são “infindáveis” e transcendem o nosso imaginário e o motivo “Cavalinho” ou “Estátua” que toda a gente conhece…

As peças desconhecidas ou não catalogadas da mais conhecida e com maior longevidade de fabrico, a FLS, são sempre uma grata satisfação quando encontradas e constituem um desafio para a sua identificação, catalogação e divulgação.
Há-as com motivos que não conseguimos identificar por os mesmos não estarem estampados em conjunto com o respectivo carimbo, mas há as que têm o motivo numérico e aí a sua identificação é evidente.
Reportamos-nos ao MOTIVO 1060, desconhecido para nós, até ao momento, e que consideramos uma interessante realização da Fábrica de Louça de Sacavém, com motivos geométricos vários estampados na aba, rematando na bordadura com um filete de contas e de igual modo no limite do covo.
A bordadura da aba é recortada ou levemente lobada. A decoração é monocromática, na cor verde seco.
É perfeitamente notório o desencontro de decoração, quando do remate do acabamento da estampa.
Possui no tardoz do covo a marca estampada correspondente ao período Gilman & Cta.,período de 1921-1970, com a marca do motivo numérico 1060, bem assim como as gravações na pasta de “52 C”, “10’4” e “SACAVÉM”.

Deste modo aqui fica mais um motivo identificado e referenciado.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

PRATO “CAVALINHO” DE JOSÉ DOS REIS (ALCOBAÇA)


Há já algum tempo que pensávamos efectuar uma postagem sobre o motivo popularmente conhecido por “Cavalinho”, ou seja o “Estátua”, provavelmente o motivo mais divulgado; produzido em larga escala na Fábrica de Louça de Sacavém (a partir de 1863), e também na fábrica de Alcântara, mas também em várias fábricas na zona do Porto, como exemplo, Massarelos, Devesas, Corticeira e Soares dos Reis, e ainda, noutras, menos conhecidas, como Coimbra, Outeiro ou mesmo Alcobaça.

Imagem recolhida da fonte 1

Imagem recolhida da fonte 3



 Imagem recolhida da fonte 3
Tudo isto a propósito de um prato, com o motivo “Cavalinho”, numa interpretação popular, que presumimos ser fabrico de José dos Reis (dos Santos), durante o seu fabrico, entre 1875 até 1897, em Alcobaça, ou seja, depois de ter abandonado a sua actividade de mercador de faianças em Coimbra, não deixando de a sua louça apresentar alguns traços ou reminiscências das faianças de Coimbra.

Prato em apreciação

Prato em apreciação
Há dias, e no seguimento de conversa com colega e apreciador de faianças, esta situação foi reavivada e eis que surgiu então este apontamento.

Como dizíamos, a decoração do motivo deste prato foi aplicada a stencil (com recurso a chapa recortada) e com esponjados, na decoração central, sendo na aba a decoração aplicada igualmente a stencil.

Em suma a estampagem não foi o método escolhido e foi substituída pela estampilha - aplicação a stencil e pelo esponjado.

Este prato apresenta várias variantes decorativas que o diferencia entre os demais, com o mesmo motivo, senão vejamos:

- Possui uma interessante bordadura, com remate em filete grosso e escuro e decoração da aba com esponjados, com motivos vegetalistas, pintados a estampilha, constituindo um ornato floriado, num tom azul acinzentado, que recorda os floriados antes praticados em Coimbra;

Decoração da aba do prato
- Possui reserva central aplicada a stencil, com uma variante “popular” do motivo “Cavalinho”, pese embora com os elementos emblemáticos presentes: a estátua equestre; a coluna, o rio, o barco, os palácios e demais casario, a decoração arbórea de enquadramento, sendo utilizado também o esponjado;

Decoração reserva central - covo
A pintura é monocromática, num tom azul-acinzentado. Prato não marcado, com uma textura (fina), quase porcelana, com um esmaltado leitoso que poderia indiciar fabrico de Coimbra, mas que pelas análises efectuadas e pela bibliografia disponível (4, 5) nos permite concluir ser fabrico de José dos Reis (Alcobaça), do final do século XIX, com um período de fabrico entre 1875 e 1897.


 Imagem recolhida da fonte 5
Imagem recolhida da fonte 5
Um interessante prato, com o motivo “Cavalinho”, numa interpretação livre e popular, com recurso à estampilhagem e ao esponjado: Fabrico de José dos Reis (dos Santos),  em Alcobaça, provavelmente entre 1875-1897 – Século XIX.



Prato em apreciação
FONTES:




4) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

5) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PRATOS DE ALCANTARA, MOTIVO INVICTA, CARIMBO L&C E MARCA CHAMBERS


As faianças da fábrica de Alcântara continuam-nos a surpreender diariamente, conforme se vai descobrindo peças que há muito se encontravam guardadas, armazenadas, esquecidas e que vêm, agora, à luz do dia.

Tal facto permite-nos descobrir novas peças, novos motivos, novas decorações e a reescrever, em parte, o muito que já se disse sobre a fábrica de Alcântara.

Tudo isto por um par de pratos que “descobrimos” recentemente….
 

 
Quando nos deleitamos a apreciar, a desvendar e a catalogar peças de fabrico de Alcântara, não podemos deixar de recorrer à fonte principal (1), do Mercador Veneziano.

Um prato e motivo que sempre nos intrigou foi o denominado motivo “VARINA” (?), em que para além desta a decoração do prato era completada com motivos do Porto.

Nesse blogue a descrição desse prato era a seguinte:
Prato de motivo desconhecido até à data. Espécime decorado em tom monocromado a vermelho, de desenhos apelativos à cidade do Porto.
No topo do prato estão representados dois monumentos simbólicos da cidade, mais à esquerda a Torre dos Clérigos e à direita a Ponte Maria Pia com paisagem cénica para o Rio Douro. Em baixo, a figura de Varina com cesta à cabeça. Referir ainda que ambos os desenhos descritos são enquadrados com composições florais de diversos géneros. Exemplares com o mesmo motivo podem variar, pelo menos, entre a tonalidade apresentada, verde e castanho.

Relativamente ao período de produção da peça analisada, devido a não ter acesso à marca de fabrico, não foi possível precisar uma data concreta da sua produção, no entanto, pelo molde da peça diria pertencerá aos finais do século XIX.”

Pois os pratos que “descobrimos” recentemente, na tonalidade verde, apresentam esse motivo e o mesmo está identificado no respetivo carimbo “INVICTA” – fica pois, a partir de agora identificado e catalogado o motivo.

Mas algo mais deslumbrante:

- o prato de tons mais fortes e de decoração mais nítida, apresenta no tardoz do seu fundo um carimbo monocromático, verde, com as seguintes indicações: L & C, FABRICA D’ ALCANTARA, FAIANÇA FINA e INVICTA – o nome do motivo. Possui igualmente na pasta a marca circular de LOPES & C, ALCANTARA e LISBOA;

 
- o prato de tons mais esbatidos e de decoração menos nítida, mais esbatida, mais imperfeita, em que a varina aparece de menores dimensões e em que os armazéns na margem do Rio Douro, do lado de Gaia, são em maior número e com melhor identificação da sua fenestração, no seu tardoz, possui somente a marca circular na pasta, mas com a seguinte indicação CHAMBERS & C.


Estamos pois perante dois pratos de Alcântara, com o mesmo motivo “INVICTA”, mas de períodos diferentes de fabrico.




O prato com a marca de L & C, poderemos indicar, que provavelmente, o seu fabrico terá sido entre 1889 (ou 1886-?) a 1901, ou seja, do final do Século XIX.



 
O prato com a marca CHAMBERS & C, poderá, eventualmente o seu fabrico ter ocorrido entre 1930 (?) a 1934 (?), será?

Interessantíssimo, dois pratos da mesma fábrica, com o mesmo motivo, mas com apresentações bastante diferentes, separados temporalmente por 30 anos (?), em que o mais antigo apresenta melhor acabamento que o mais recente, sendo que este, no seu verso ainda continua a exibir o triplico “três pontos”, das trempes quando ia cozer o vidrado.

 
 




 
 
FONTES:


2)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987





domingo, 5 de outubro de 2014

PRATO EM FAIANÇA DE JOSÉ DOS REIS (ALCOBAÇA)


Há peças em faiança, monocromias, em azul, cor-de-rosa, vinoso ou verde-claro, que são uma incógnita e motivam muitas leituras ou indicações: do Norte (?), de Coimbra (?), de Vilar de Mouros (Caminha) (?), dos Açores (?), de José dos Reis (Alcobaça) (?) – enfim, vários possíveis fabricos!

São peças belas, interessantes na decoração, deslumbrantes nas composições, em especial nos seus casarios – cada artista desenvolvia ao seu gosto pessoal a dimensão e a volumetria do conjunto edificado desenhado.

Neste apontamento de inventário de mais uma peça, apresenta-se um prato covo, monocromado, em cor-de-rosa, com uma decoração vegetalista estampilhada na aba e com uma interessante reserva central com paisagem.

Um conjunto edificado à esquerda, sobre uma pequena colina, constituído por vários edifícios de um, dois e três pisos, com telhados de duas águas e estes com as fugas das chaminés e sobre o telhado mais à direita uma torre com uma cúpula, provavelmente de uma igreja encoberta pelo mesmo.

À direita desenvolve-se um bosque com frondosa e altiva vegetação, entre a qual se vislumbra uma ponte, com dois arcos, pelos quais passa a água que continua, pelo rio fronteiro, onde desliza um enorme e elegante cisne.

A completar esta apresentação bucólica e romântica, algumas nuvens, ao fundo, sobre o casario.

Faiança sem qualquer marca, caracter alfanumérico ou qualquer “sinal” que a pudesse identificar, pelo que se torna difícil a atribuição do seu fabrico.

O tardoz do prato possui um esmalte branco, recordando-nos a louça malegueira, no qual se denotam facilmente as marcas da trempe, quando foi à cozedura.

Pelo tipo de esmalte branco, leitoso, pela decoração a cor-de-rosa, pelo motivo da decoração central, pelo tipo de casario desenhado e pelo seu enquadramento, leva-nos a considerar que seja fabrico de José dos Reis (dos Santos), do período de Alcobaça, pese embora nos tivessem dito que era fabrico do “Norte”.

A comparação com outras peças semelhantes divulgadas na net (em locais de venda e em blogues) permitiu-nos ajudar na decisão e tornar a mesma mais consistente.

Mas ainda nos persiste uma dúvida, quanto a data do fabrico: se será de meados do século XIX, no período em que José dos Reis era mercador em Coimbra, ou de finais desse século, a partir de 1875, quando foi trabalhar para Alcobaça.

Mas pela cor do barro e respectivo vidrado do tardoz, inclinamos-nos para dizer que será de José dos Reis –  Alcobaça.

Da fonte (3) registamos a imagem que a seguir apresentamos e em que as semelhanças da decoração são enormes com a do prato, que inventariamos: casario de vários pisos, a torre com cúpula por trás do ultimo telhado à direita e o enquadramento de gracioso arvoredo.

Igualmente da fonte (3) registámos outro prato, em que as evidências são bastantes: o casario com telhados de duas águas, a cúpula da torre, as árvores de enquadramento, tudo isto no centro do covo, e em especial, a estampilhagem na aba do prato, semelhante à do prato em apreço, confirmando assim a nossa opinião.


Da fonte (6) registamos a imagem de um prato da colecção de Luís Pereira Sampaio, embora em tons de azul, mas em que o casario era semelhante, o que nos ajudou a consubstanciar a nossa opinião, quanto ao fabrico.


Da fonte (2) recolhemos a imagem que a seguir se apresenta, embora com motivo semelhante, mas com diferencias perfeitamente notórias e atribuído o seu fabrico a Manuel Ferreira da Bernarda, continuador no fabrico de peças “semelhantes” às de José dos Reis, após a sua morte em 1898.

Em suma, uma interessante peça de faiança da primeira fábrica de faianças de Alcobaça, localizada junto à Ponte D. Elias, fundada em 1875, por José dos Reis dos Santos, anteriormente com fabrico em Coimbra.

As características das peças produzidas em Alcobaça, neste período (1875-1898) assemelhavam-se às de Coimbra, nomeadamente na estampilhagem das abas com características da produção da ultima metade de Oitocentos, bem assim como na decoração da reserva central, com casario, paisagem de enquadramento, com estampilhas e esponjados, monocromáticos, azul ou cor-de-rosa.

FONTES:





6) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.


7) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

8) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

9) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.