A Cerâmica
Bombarralense, Limitada, CBL, de Jorge de Almeida Monteiro, seu mentor e
principal impulsionador teve uma vida efémera – foi fundada em 1944 e encerrou
em 1954 – uns escassos 10 anos de produção.
(Fig. 1 - Covilhete da CBL) |
No entanto não
deixou de produzir peças interessantes, ao estilo da louça de Alcobaça, mas com
uma decoração peculiar, pena é que as peças, actualmente, escasseiam, não
permitindo assim identificar cabalmente a sua produção
.
Exemplo disse,
foi um interessante galheteiro, com uma curiosa decoração na cor vinoso, com a
marca CBL no fundo das duas galhetas, que andou à venda numa das bancas das
feiras de velharias, pese embora por um preço proibitivo, apesar da raridade da
peça.
Pena temos de a
não ter fotografado, para simplesmente a mostrar, de modo evidenciar de uma
forma mais abrangente o fabrico de faianças desta fábrica do Bombarral.
No entanto,
volvido algum tempo eis que encontramos mais uma peça CBL, curiosa, e que aqui
vamos apresentar.
Trata-se,
segundo cremos de um covilhete, oval, de aba lobada, e bordadura ondulada, com
uma decoração, em franja, para o interior, na cor azul-escuro – azul-cobalto,
tão característico da louça de Alcobaça, das décadas de 40, 50 e 60, do século
passado.
(Fig.2 - Pormenor da decoração da bordadura) |
Essa decoração
franjada completa-se com três pintas vermelhas, em cada lobolo, cujo
significado não identificamos mas que ajuda a dar mais notoriedade à peça.
(Fig. 3 - Pormenor da decoração ) |
Soberba é a
decoração do covo cor um deslumbrante motivo floral, em que entre as pétalas se
abre o bolbo da flor, qual flor?, enquadrada com folhas alongadas, lanceoladas,
decoradas a cor verde seco, amarelo torrado e amarelo ocre, que se prolongam
por gavinhas na cor azul cobalto.
(Fig. 4 - Pormenor da Decoração) |
Na base, o
prolongamento é feito com mais duas folhas semelhantes às já descritas,
conjuntamente com mais um pequenos arranjos florais.
Uma peça que
pelas suas cores, não pela decoração, nos leva ao imaginário das cores da
Vestal/Vistal ou mesmo de um dos períodos da Fábrica de Faianças, de Alcobaça,
de Raul da Bernarda.
Conforma-se
assim uma tendência cromática desta fábrica, com os fundos em azul claro e as
decorações com o azul-escuro, azul-cobalto, vem como com os amarelos-torrados
ou acastanhados e os verdes secos, para além de apontamentos em vermelho escuro
ou sangue-de-boi.
Que pena se
encontrarem tão poucas peças desta Fábrica.
(Fig. 5 - O tardoz do covilhete) |
E no tardoz lá
está a marca manual de “C.B.L.”, “BOMBARRAL”, “PORTUGAL”, “R.V” e “282”: ou seja,
a identificação da fábrica; da sua localização; do País, tendo em vista a aquisição
de peças por estrangeiros; do decorador e/ou pintor “R.V.” – que não
identificamos e do número de catálogo ou registo da peças.
(Fig. 6 - O único frete do tardoz e a marca manual aposta) |
Há peças da
mesma fábrica com a indicação “A.L.”, o que evidencia ser outro
decorador/pintor, mas que também não conseguimos decifrar, bem assim como “F.M”.
(Fig. 7 - A marca manual CBL) |
Em suma uma
fábrica interessante, por onde passaram muitos artistas, que produziram peças
de arte, próprias, mas em que a sua tradicional fabricação é tão pouco
conhecida, apesar da sua qualidade em termos de decoração.
FONTES:
O pintor que assina com r.v era roderico nunes vinagre vitorino do Cintrão bombarral!
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