As peças falantes, em faiança, são
sempre algo de interessante, em especial dos dizeres que transmitem.
Peças em faiança, com decoração de
esponjados e carimbos, falantes, é algo que ainda não tínhamos visto.
A ingenuidade da saladeira falante que
apresentamos é notória “Pode ir ao Forno” – evidenciando a sua dupla função
utilitária doméstica.
Cremos tratar-se de uma peça fabricada
numa das muitas fábricas de Aveiro, em meados do século passado, com a
decoração de esponjados, escorridos e circulares – a “aplicação da rolha”,
policromados (azuis, amarelos-ocre, avermelhados); esponjados esverdeados e com
remates em triângulos, ou “bicos”, na cor azul, junto à bordadura, quer
interior, quer exterior, bem assim como no limite da base ou fundo.
A decoração de esponjados é no
interior e no exterior da terrina, sendo que no interior se prolonga até ao
fundo da saladeira, deixando só espaço para a decoração “falante”: “Pode ir ao
Forno”.
No tardoz possui um frete, o que nos
leva a considerar que se trata de uma peça da região de Aveiro, pois este
elemento era característico desta zona.
Trata-se de uma decoração simples e
rápida de efectuar, com a execução manual dos “bicos” e com a aplicação dos
esponjados, com uma esponja provavelmente do mar e dos “círculos”, com uma
rolha.
A rapidez e o “descuido” colocado na
decoração destas peças “baratas” e de uso utilitário comum e frequente,
justificava que habitualmente no tardoz ou base das mesmas, aparecessem borrões
coloridos, correspondendo a alguns dos dedos do decorador, sujos de tinta da decoração
efectuada.
Mas a decoração, mesmo ingénua, era
interessante e “deslumbrante” para uma louça barata e de uso corrente.
Quando as peças não apresentam os
remates em “bicos” ou triângulos, mas sim com um filete largo, atribui-se o seu
fabrico à Fábrica da Corticeira do Porto (mas sem certezas). Exemplo disse é a
saladeira em exibimos a seguir.
As Faianças Falantes geralmente possuíam
frases de votos a noivos “Parabéns aos Noivos”, “Vivam os Noivos”; à noiva e à
esposa; “Amo-te muito”; ou com “dizeres
brincalhões”: És Má”, “Gostas de mim?”, “Alto que é jesuíta”, “Ilusões de
Infância”, mas com indicações utilitárias é a primeira vez que detectamos “Pode
ir ao Forno”.
Aqui fica o registo de mais uma
interessante peça de faiança, provavelmente de uma das fábricas de Aveiro, com
uma decoração esponjada falante.
Por oportuno reparo da Isa Coy, apreciadora de faianças como nós, corrigimos a denominação da peça que apresentamos, pois é mais uma ASSADEIRA, de que uma SALADEIRA - aqui fica a correcção (2016.02.16).
FONTES:
Por oportuno reparo da Isa Coy, apreciadora de faianças como nós, corrigimos a denominação da peça que apresentamos, pois é mais uma ASSADEIRA, de que uma SALADEIRA - aqui fica a correcção (2016.02.16).
FONTES:
Curioso, tenho uma travessa igualita, igualita, que também suspeito que seja de Aveiro, embora nunca se saiba ao certo. Dei-lhe uma função utilitária de fruteiro, porque obviamente não tenho muita confiança no indicação de quem pintou esta travessa tão bonita, de que "pode ir ao forno".
ResponderEliminarUm abraço
Caro Luis Montalvao,
ResponderEliminarObrigada pela sua visita e comentário. Concordo totalmente consigo, o "pode ir ao forno" é duvidoso. Mas é na verdade uma peça "popularucha" e interessante.
Um abraço,
Jorge Gomes