domingo, 7 de junho de 2015

Fruteiro da Pereira e Lopes - Valado de Frades – Louça de Alcobaça


Interessante peça recortada decorada, quer pelo interior, quer pelo exterior, com profunda decoração policromática com motivos florais.


Estas peças geralmente eram designadas por taça vazada, centro de mesa ou fruteiro, fabrico da Fábrica de Faianças Artísticas e Decorativas, Pereira e Lopes, Lda., de Valado de Frades – Alcobaça.


Em apontamento recente referimo-nos a esta fábrica, mas lembramo-nos de apresentar esta peça, por ser deveras ilustrativa do bom trabalho e do consequente tempo despendido para a realizar e da soberba decoração aplicada na mesma.


É evidente a qualidade das faianças produzidas pela P L, em especial no período correspondente às décadas de 40 ou 50 do século passado.


Como eram belas e deslumbrantes as peças em faiança que se produziam em Portugal.


No fundo, encontra-se perfeitamente identificada, com a marca aposta pelo seu pintor, pese embora e infelizmente não se tenha identificado, com as suas iniciais, “P L”, “VALADO ALCOBAÇA”, “MADE in PORTUGAL”, “HAND PAINTED” e o número da peça “217”, não faltam.



Fontes:






6) – “Cem anos da louça de Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição do Autor, 2008;

7) – “Faiança de Alcobaça, 1875 – 1950”, de Jorge Pereira de Sampaio, Editora Estar;




Tigelinha em Faiança de Massarelos alusiva à Ericeira


A Fábrica de Louças de Massarelos, no tempo em que era propriedade da Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia, S.A.R.L., que corresponde ao período compreendido entre 1936 e 1945, dedicou-se também à produção de tigelas e de canecas, para além de todo o outro tipo de peças em faiança que produzia.


Uma das peças mais interessantes que produziu foi uma mini tigela ou tacinha, monocromática, com decoração a negro, alusiva à Vila da Ericeira (Vila piscatória, muito pitoresca, do concelho de Mafra, a norte de Lisboa, na zona Oeste) com o Brasão da Ericeira, com o símbolo alusivo à mesma – o Ouriço.


No período seguinte, após 1945, da era da LUFAPO, também foram produzidas algumas tigelas em miniatura ou tacinhas, em especial de publicidade, geralmente monocromáticas, como a que a seguir exibimos tigela alusiva à Confeitaria Centenário, no Porto.


Em ambos os períodos foram produzidas tigelas, com decoração monocromática ou policromática com diversos motivos florais ou com enquadramento paisagístico
.














A peça em apreço, para além de ser interessante pela sua pequenez, não deixa de ser muito curiosa pelo facto de uma fábrica do Norte – Massarelos, fazer estas peças alusivas à Vila da Ericeira e ao seu Brasão.


À época o brasão da Ericeira era o que a peça exibe, pois agora, o brasão é outro.


De referir que a Fábrica da Vista Alegre também produziu um paliteiro em porcelana, monocromático, na cor azul, com o mesmo brasão e correspondente ao período de fabrico de 1922-1947.


Terá sido que esta peça criou algum motivo para que a tigelinha de Massarelos alusiva à Vila da Ericeira e ao seu Brasão fosse produzida por aquela Fábrica?



FONTES:

1) – “ A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caraterização de uma unidade fabril pioneira” – Volume I, de Armando Octaviano Palma de Araújo; Dissertação de Mestrado em Estudos do Património, Universidade Aberta – Departamento de Ciências Sociais e de Gestão, Lisboa – 2012” 

2) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

3) – “Fábrica de Massarellos – Porto 1763 – 1936”, Exposição Fábrica de louça de Massarelos 1763 – 1936, Porto 1998; Coordenação de Mónica Baldaque, Teresa Pereira Viana e Margarida Rebelo Correia, Museu Nacional Soares dos Reis;

4) - “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

5) – “ A Fábrica de Louça de Massarelos – Contributos para a caraterização de uma unidade fabril pioneira – Volume I, de Armando Octaviano Palma de Araújo; Dissertação de Mestrado em Estudos do Património, Universidade Aberta – Departamento de Ciências Sociais e de Gestão, Lisboa – 2012” 

6) - Sites da Net: OLX, Custo Just, Com shop, etc.


domingo, 31 de maio de 2015

Faianças P.L. – Pereira e Lopes, Lda. – Valado de Frades – Louça de Alcobaça



A fábrica de Faianças Artísticas e Decorativas, Pereira e Lopes, Lda., que fabricou louça regional de Alcobaça, foi fundada em 1944, por três sócios: Álvaro Marques Pereira, José Pereira (genro de Álvaro Pereira) e Eduardo José da Silva Lopes e implantou-se na localidade de Valado de Frades.


(Publicidade à Fábrica no inicio da década de 50 - Fonte 1)
                                             
A louça decorativa que começou a fabricar possuía uma decoração da dita louça regional de Alcobaça, com fortes influências de duas fábricas do concelho vizinho de Alcobaça, a Fábrica de Raul da Bernarda e a OAL – Olaria de Alcobaça, principalmente na primeira década de produção.

(Da Fonte 1)
(Identificação na peça - da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(identificação da Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação na Peça - Da Fonte 1)

(Da Fonte 1)
(Identificação da Peça - Da Fonte 1)

O fundo em azul claro das peças, conjugado com a gramática decorativa característica da louça regional de Alcobaça, à base de arranjos florais policromáticos de cores fortes eram as suas principais características.

(Da Fonte 1)
(Da Fonte 1)

Era seu principal mentor, o sócio, Eduardo Lopes, pois tinha estudado na Escola Industrial, das Caldas da Rainha, cremos; vinha da fábrica Olaria de Alcobaça, onde tinha adquirido experiência e conhecimentos bastantes, pelo durante a sua permanência na fábrica, era ele que dirigia a produção, para além de ser também modelador de peças e pintor.

(Eduardo da Silva Lopes - Fonte 1)

Posteriormente, cremos no início da década de 50, do século passado, com a saída do sócio Eduardo Lopes, passou a chamar-se Pereiras, Lda., tendo vindo mais tarde, em 1969, a ser integrada na Fábrica Elias e Paiva, Lda., conhecida comercialmente como ELPA.

(Peça do inicio da laboração - meados anos 40 - Da Fonte 2)

A melhor decoração desta fábrica foi efectuada nas décadas de 40 e 50 do século passado, quando mão-de-obra era mais barata e se corria a jovens aprendizes, pelo que o tempo despendido com a decoração de cada peça era muito maior e logo a mesma era mais elaborada e intensa.

(Da Fonte 3)
(Identificação na Peça - Da Fonte 3)

Refira-se que na década de 60, já com a fábrica Pereiras, Lda., a decoração efectuada era muito semelhante.

(Da Fonte 2)

O fundo das peças em azul mais claro e as decorações em azul forte, para além das demais cores, amarelos-torrados, vermelhos escuros, verdes secos, denunciavam a cozedura das peças em fornos de lenha.

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação na Peça - Do OLX)

(Do OLX)
(Identificação da Peça - Do OLX)


Na generalidade todas as peças tinham no seu fundo ou tardoz, a identificação da fábrica, inicialmente, “P.L. Lda.”, e depois “P.L.”, com uma imagem assemelhando-se a um pinheiro entre as iniciais; com a indicação do local da fábrica “VALADO”, tipo de louça ou proximidade geográfica “ALCOBAÇA”, bem assim como “MADE IN PORTUGAL”, as iniciais do pintor e o número da peça.

Os pintores foram vários e consequentemente as iniciais são diversas nas peças que se encontram:

- A.M.R. – Américo Ribeiro;
- A.J. – Alberto Toti (?);
- N.L. – Aníbal Lopes (?);
- J.T. – Jaime Torres;
- S. – António Elias da Silva (?);
- A.A. – (?);

Os pintores na fase inicial desta fábrica eram os seguintes:

- António Elias da Silva;
- Américo Ribeiro (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);
- Jaime Torres (vindo da fábrica de Sant’ Anna, de Lisboa);

O forneiro era o João Elias e o modelador o já citado sócio Eduardo Lopes.

No entanto, refira-se que muitas peças não eram assinadas pelos seus pintores, provavelmente, quando efectuadas pelos jovens aprendizes.

A numeração das peças iniciou-se pelo n.º 1 e prolongou-se até cerca das 9 centenas, já no período dos Pereiras, Lda., havendo muitas peças com numeração nas 8 centenas.


(Da Fonte 1)

(Identificação na peça - Da Fonte 1)

Também deveras interessante é outro tipo de decoração, desta fábrica, de forma inequívoca apresentada na fonte 3) citada, cujas imagens da mesma são as seguintes:

(Jarra -Da Fonte 3)
(Identificação na Peça - Da Fonte 3)

Sendo referido na mesma que “Esta decoração, com representações arquitectónicas organizadas em função da forma da peça, evoca claramente a decoração das bases de candeeiro, particularmente o modelo P955, que Ferreira da Silva (n. 1928) desenvolveu para a Secla durante a década de 1950.

O formato da jarra, contudo, assume-se como uma versão simplificada, visto que as peças de Ferreira da Silva surgem perfuradas e apresentam excrescências escultóricas.”

A peça que apresentamos é um jarro, com uma interessante e soberba decoração, característica do 1º período de fabrico da fábrica de Pereira e Lopes, Lda., provavelmente do final da década de 40 ou inicio da de 50, do século passado.





Sobre o fundo em vidrado azul mais claro, a intensa, harmoniosa e policromia decoração de toda a peça com vários filetes em azul forte, para fazer realçar a forma da peça, bem como para delimitar as bordaduras do pé da asa e da boca do jarro.



Possui na base a respectiva identificação: “P.L.”, “VALADO ALCOBAÇA”, “MADE IN PORTUGAL”, “HAND PAINTED” e o número da peça “450”.


Mais uma peça preservada e publicada para memorizar uma das muitas fábricas de faianças extintas em Portugal.


Fontes:






6) – “Cem anos da louça de Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição do Autor, 2008;

7) – “Faiança de Alcobaça, 1875 – 1950”, de Jorge Pereira de Sampaio, Editora Estar;