quarta-feira, 23 de julho de 2014

Motivo EGYPCIO da Fábrica de Alcântara.


Motivo EGYPCIO da Fábrica de Alcântara


O interesse e o gosto pelas faianças, leva-nos, cada vez mais, a conhecer mais pessoas, maravilhosas e ávidas de conversa e comunicação, em algo que as apraz também, as faianças e as porcelanas de fabrico nacional.

Na verdade, nunca pensávamos que houvesse tantas pessoas interessadas nas faianças, colecionadoras e com vastos conhecimentos.

Temos vindo a aprender bastantes com elas e a saber muitas estórias, da história da fabricação de faianças em Portugal.

E algumas dessas pessoas, vindo a saber do nosso gosto e dedicação às faianças, efetuando o colecionismo possível, dão-nos a conhecer e a indicar onde existem peças que podem ser adquiridas ou de alguém que pelas mais diversas razões e motivos pretende desfazer-se de peças que possuem.

Tudo isto a propósito de uma senhora, uma querida velhinha, muito faladora e simultaneamente encantadora, que na companhia da sua netinha, de forma inibida, pretendia vendar alguns antigos pratos, que possuía na sua casa. Certamente para ajudar a sua netinha.

Indicaram-nos a senhora e lá fomos ter com ela. Fizemos negócio e compramos um dos pratos que consideramos dos mais encantadores da Fábrica de Alcântara – o motivo EGYPCIO, monocromático, na cor azul celeste.




Trata-se de um prato com decoração de composições florais, eventualmente alusiva à flor de lótus, com filetes de remate na bordadura da aba e no limite do covo. O rebordo da bordadura é rematado com uma grinalda de bandeiras triangulares e entre os filetes no limite do covo para a aba uma repetição de figuras geométricas retangulares com um topo arredondado.


Na verdade há algumas semelhanças com a flor de lótus:


No centro do covo do prato desenvolve-se uma rosácea, rematada com uma grinalda de bandeiras triangulares, com repetição pentagonal – tipo composição de caleidoscópio.


Veja-se uma imagem de caleidoscópio e na verdade há semelhanças:

Segundo um blogue consultado (2), este motivo teve influencia, tal como muitos outros, da produção inglesa, em especial na cor castanha ou azul, produzida pela fábrica Copeland, antiga fábrica Spode, por volta de 1855 e a que chamavam o padrão Honeysuckle ou Empire.


Este prato apresenta todas as características inerentes à faiança de Alcântara, a saber:

- Faiança grossa e pesada;

- O tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente;

- Três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando os mesmos iam cozer.



Para além destas características, possui todas as marcas e carimbos identificativos:


- Marca circular gravada na massa, com a indicação “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA” e por baixo da mesma, igualmente gravado na massa: “918”;

- Carimbo monocromático azul, “FABRICA D’ ALCANTARA”, “FAIANÇA FINA”, “LISBOA” e sob a mesma inserida num caixilho retangular o nome do motivo “EGYPCIO”;

- Marca figurativa gravada na massa, um pequeno quadrado;

Tentando identificar o período de fabrico, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).




Tentando sistematizar as datas pelos carimbos e marcas, poderemos considerar as seguintes situações:

1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA - LISBOA - firma Stringer, Silva e C.ª:


2. Fabrico de 1886 a 1889: L & C – LOUÇA À INGLEZA -FABRICA D'
ALCANTARA  - LISBOA – firma Lopes & C.ª.


 

2.a Idem, variante – 1889 a 1897 (?) : L & C – LOUÇA À INGLEZA – FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA - TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39


Imagem de prato que evidencia o carimbo em apreço:

ou outro carimbo semelhante,

3. Fabrico de 1889 a 1901: L & C – FAIANÇA FINA– FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª


Uma variante de carimbo, em que a raquete de FAIANÇA FINA está voltada para cima (ao contrário, para uma adequada leitura):


outra variante é a troca de "raquetes", a de baixo para cima diz "FAIANÇA FINA" e de cima para baixo diz "FÁBRICA D' ALCANTARA":



3.a Idem, variante – 1889(?) a 1898 : L & C – FAIANÇA FINA – TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39
(O respectivo prato que possui o carimbo comprova ser o mesmo de 1898)
4. Fabrico de 1897 (?) a 1930 (?): LOPES & C.ª - ALCANTARA - LISBOA




Cremos que o carimbo seguinte será da fase final do período indicado (1925 - 1930) (?), em que "ALCANTARA" e "LISBOA", possuem menor dimensão:


5. Fabrico de 1930 (?) a 1934 (?): firma CHAMBERS & C.ª
Não conhecemos qualquer carimbo referente a este período, mas sómente marca gravada na massa. 
Existem outras marcas de fabrico, que se confundem com faiança inglesa, mas que ao possuirem "F A" - de Fábrica de  Alcântara, ou "FAL & Cª" - de "Fábrica de Alcântara - Lopes & Cª" conjuntamente com a marca gravada na massa correspondente ao período de Lopes & C.ª, não deixam dúvidas.


As marcas gravadas na pasta, leva-nos a sistematizar as mesmas pelos vários períodos de fabricação, da seguinte maneira:
1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA LISBOA - firma Stringer, Silva e C.ª:





2. Fabrico de 1886 a 1897 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.

(desconhece-se qual a gravação na pasta - se a houve)

2. Fabrico de 1897 a 1930 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.



 
3. Fabrico de 1930 a 1934 (ou 1935): firma CHAMBERS & C.ª:

Trata-se de um período de fabrico que é ainda uma incógnita, mas que há marcas gravadas nas peças de Alcântara:



Por outro lado, o sinal ou marca figurativa identificada no prato em apreço não nos permite ainda assegurar com rigor a data, sendo que o autor supra citado identificou um sinal (um circulo gravado na massa) – pagina 343, item 834, do livro atrás identificado, como fabrico de 1901, da época de Lopes & C.ª, mas para a “marca quadrada” ainda não conseguimos identificar o ano de fabrico, mas vamos tentando.
Em suma: certezas não temos, dúvidas temos muitas; esta postagem tão sómente teve em vista tentar fazer uma sistematização dos carimbos, marcas, gravações na pasta e marcas figurativas igualmente gravadas na pasta, conjuntamente com a identificação do motivo EGYPCIO.
Contamos com a contribuição e correcção de todos, no sentido de melhorar o efectuado e agora postado, corrigindo eventuais falhas, erros ou imprecisões.
Oportunamente voltaremos ao tema, em especial para tentar desvendar a marca - gravação na massa  "CHAMBERS & C.ª, bem como ao facto da Fábrica de Massarelos ter tido um motivo "ALCÂNTARA", em homenagem à fábrica de Alcântara, que é identico ao motivo "PENICHE" desta ultima.

FONTES:
1) - http:// fabricadealcantara.blogspot.com;

2) - http:// artelivrosevelharias.blogspot.com/;

3) - http:// mercadoantigo.weebly.com/alcantara.html;

4) - http:// leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com;

5) - http:// mfls.blogs.sapo.pt/tag/alcântara;

6) - http:// artevelha-lm.blogspot.com;
7) -Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;








sábado, 19 de julho de 2014

PRATO MOTIVO PENICHE DA FABRICA DE ALCANTARA – INVULGAR


PRATO MOTIVO PENICHE DA FABRICA DE ALCANTARA – INVULGAR

 
A louça da Fábrica de Alcântara, continua-nos a surpreender, de forma continuada, consoante vamos tendo contacto com peças fabricadas nessa fábrica.
 

Tudo a propósito de um invulgar prato, com o motivo “Peniche”, com soberba estampagem em toda a aba, monocromática, na cor grená, motivo pouco conhecido.



Mas a massa grossa, pesada, com aspeto leitoso e em que o tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente, para além de três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando os mesmos iam cozer – permite-nos afirmar de forma inequívoca que se trata de um prato de Alcântara.

 


Afirmação perfeitamente confirmada, com a gravação na massa, pese embora algo indelével, mas suficiente para se perceber que se trata de: “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA”.



Prato com interessante decoração vegetalista que evidencia as flores, bem como as rendas de Bilros de Peniche, e os seus brincos de princesa, perfeitamente estampados.


 
Em suma, mais um prato da fábrica de Alcântara para algum dia se catalogar.

 
 FONTES:

- http:// fabricadealcantara.blogspot.com;

- http:// rendas-de-peniche.blogsop.com;

- http:// atlanticogolfehotel.com;

FAIANÇA DECORATIVA DE ALCANTARA, MOTIVO "FIGURAS CLÁSSICAS" (?)


FAIANÇA DECORATIVA DE ALCANTARA, MOTIVO FIGURAS CLASSICAS (?)


O fabrico de loiça da Fábrica de Alcântara, para além da louça utilitária, doméstica, pois à época não havia a vertente de restauração ou hoteleira, havia a loiça decorativa, a qual era de fabrico mais fino e que à época utilizava processos de execução mais avançados.




Uma das componentes era a aplicação de estampas policromadas e a aplicação de cores fortes com aerógrafo.
 


O exemplar que vamos analisar, da série ou motivo, que designamos por “Figuras Clássicas”, tendo em consideração o indicado num blogue que consultamos (1), trata-se de um prato de pendurar, de aba gomada, aerografada na cor laranja forte ou avermelhada, com bordadura ondulada,  com remate a filite dourado e com estampa no centro do prato.




O verso do prato possui filete de bordadura da base saliente, com cerca de 10 mm de altura, com duas perfurações, para colocação de elemento para fixação à parede.




Nessa base reentrada possui o carimbo gravado na massa "LOPES & C.”- "ALCANTARA" e "LISBOA", pelo que se pressupõe que seja do período de fabrico após 1896.




A estampa retrata uma ninfa ou deusa, talvez Venus ou Afrodite - a deusa do amor, com uma longa túnica cor-de-rosa, até aos pés, com cauda esverdeada, mas com os seios parcialmente desnudados, sendo a túnica atada, sob os seios, com um laço-faixa, dourada, comprida, que se prolonga pelas costas.




A ninfa ou deusa, de longos cabelos acastanhados caídos sobre as costas, possui os braços abertos, elevados e segura um arco dourado, incompleto.

O fundo é uma envoltura celeste, azul, com estrelas e a base um enquadramento castanho claro, aparentando ser uma nuvem ou a terra.

Trata-se de um prato decorativo, de pendurar, deste tipo, com cerca de 21 cm de diâmetro.




Assemelha-se a outro tipo de pratos, também de pendurar, com imagens edílicas, da natureza (2), de idênticas dimensões.



Em suma, mais um prato da fábrica de Alcântara para algum dia se catalogar.

 
FONTES:

1) hptt:// fabricadealcantara.blogspot.com/;

2) hppt:// artevelha-lm.blogospot.com/

Motivos CACTOS e PRIMAVERA da Fábrica de Alcantara. Marca Figurativa por Identificar


Motivo CACTOS da Fábrica de Alcântara, estampagens diferentes. Marca figurativa por identificar.



Numa recente deslocação turística da nossa família a uma Vila Alentejana na raia de Espanha, encontramos mais uma feira de velharias, acantonada no jardim central à sombra fresca das frondosas árvores existentes.

Os vendedores não eram muitos, mas alguns já conhecidos, com os quais sempre trocamos algumas conversas…. E lá encontramos três pratos de fabrico de Alcântara.


Os dois primeiros sem qualquer identificação, mas com características inequívocas de serem de fabrico de Alcântara e um terceiro com outro motivo, esse sim com carimbo da fábrica de Alcântara: FABRICA D’ ALCANTARA – FAIANÇA FINA – L & C – LISBOA, e que pelas suas características confirmavam os outros dois.
 







Faiança grossa, pesada, com aspeto leitoso, em que o tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente, para além de três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando os mesmos iam cozer – característica esta que só encontramos nos pratos de Alcântara.






Tratam-se dois pratos rasos, com motivos vegetalistas, mono cromáticos, cor castanha escura, em que um dos ramos é uma silva, com frutos – amoras e o outro é um cardo, com bolbos, semiabertos, ainda não floridos.

 




















O vendedor assegurava-nos que eram pratos de fabrico de Alcântara, que faziam parte de um serviço que tinha comprado, em que as peças grandes (terrina e travessas) tinham o carimbo da fábrica de Alcântara e que os pratos poucos o tinham, os quais já tinha vendido, restando estes dois sem carimbo.

Pese embora os pratos sem carimbo de Alcântara, e como tal identificados, possuem uma gravação na massa, que agora conseguimos identificar por analogia em vários pratos (possuem uma marca em baixo relevo, quadrada na massa).

Eis a imagem da mesma:





Pese embora o vendedor nos assegurasse que os pratos eram iguais, isto é com a mesma estampagem, tal não correspondia à realidade. Após negócio fechado, indiquei a diferença das estampagens entre os dois pratos – um na gravura da silva, a mesma possuía seis amoras (frutos) e o outro só cinco – “Olha que engraçado, nunca tinha dado por isso!”



Tínhamos de memória que já tínhamos visto um blogue (1) em que tal motivo era descrito e lá fomos à procura do mesmo.




Na verdade a imagem do prato, que estava publicado (1), possuía na estampa da silva, a que possuía só cinco amoras, mas o carimbo no verso do prato não deixava dúvidas: para além do carimbo encontrado no prato, sob o mesmo estava identificado o motivo “CACTOS”: não restam dúvidas.


Finalmente o terceiro prato, mais pequeno, de sobremesa, possuía igualmente um motivo vegetalista, monocromático, castanho-escuro, em que a composição mais pequenoa era uma simples espiga de trigo, cujo caule possui três folhas e a maior um conjunto ornamental, com espigas de trigo, eventualmente papoilas e uma planta trepadeira que não conseguimos caracterizar. Que motivo será este?





Consultando mais uma vez um outro blogue (2) verificámos que se trata do motivo “Espigas de Trigo”,  ou “Trigo”,



Por posterior esclarecimento e através de consulta do blogue já citado (1), viemos a constatar que afinal o motivo se denomina "Primavera", sendo que no mesmo se encontram apresentadas as imagens que a seguir reproduzimos e que confirmam o nome do motivo indicado.




Tentando identificar o período de fabrico, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; trata-se de fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais (à data - 1907) são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).



Por outro lado, o sinal ou marca figurativa identificada nos pratos em apreço não nos permite ainda assegurar com rigor a data, sendo que o autor supra citado identificou um sinal (um circulo gravado na massa) – pagina 343, item 834, do livro atrás identificado, como fabrico de 1901, da época de Lopes & C.ª, mas para a “marca quadrada” ainda não conseguimos identificar o ano de fabrico, mas vamos tentando.



Em suma, todos os dias as peças de louça de fabrico de Alcântara nos continuam a surpreender e a criar-nos mais interrogações, que por sua vez nos motivam a pesquisa e procura de respostas.

FONTES:

1) http:// fabricadealcantara.blogspot.com;

2) http:// leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com;

3) ,Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987