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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Prato de Alcântara, Motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, pintura a stencil, relevada, marca CHAMBERS & C.ª – 3 em 1!


Surgem-nos do nada verdadeiras peças de faiança, de elevado interesse e fora dos padrões habituais, que nos criam forte mistério e nos obrigam a reescrever sobre o fabrico ou sobre a história que presumimos das antigas fábricas de faiança portuguesas.


Apresentamos um prato em que as suas características não são as habituais da faiança de Alcântara, mas que possui marcado na pasta o carimbo circular de ALCANTARA, LISBOA e CHAMBERS & C.a – o que não deixa dúvidas.


Trata-se de um prato de faiança fina e não pesada; parece de pó de pedra; no tardoz do fundo do prato possui não um único círculo externo saliente, mas mais três círculos internos, sendo que no terceiro, mais pequeno é onde se insere a marca na pasta.


Contudo, continua a apresentar os três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, das trempes, quando os mesmos iam cozer.


A consistência, textura e círculos no tardoz do fundo do prato são uma novidade! – 1ª Situação não corrente na Faiança de Alcântara!

A exibição da marca na pasta de CHAMBERS & C.ª, trata-se de uma marca não muito habitual, crendo-se que corresponde ao período de fabrico de meados da década de trinta do século passado, antes da fábrica encerrar – 2ª Situação não habitual na Faiança de Alcântara!

A exibição do motivo “Estátua” ou “Cavalinho”, na cor grená, esbatida, relevada, já que foi pintada, com stencil, evidenciando toda a piquetagem, nos sombreados ou nas decorações correspondentes ao motivo são uma novidade! Tal nunca tínhamos visto, pois o habitual são as estampagens  – 3ª Situação não identificada na Faiança de Alcântara!




 
Em suma, uma peça rara!

Trata-se de um prato raso, com o motivo citado, aplicado com o recurso a stencil, pintura relevada, com exuberante preenchimento e decoração, quer da aba quer do fundo do prato.

 O cavaleiro e o seu pedestal e as colunas de enquadramento assemelham-se às que habitualmente outras fábricas produziram, por exemplo, a Fábrica de Louças de Sacavém.

 A paisagem de enquadramento e a torre exibida já não são muito habituais neste motivo.

O preenchimento da aba é interessante: possui uma grinalda de elementos geométricos curvos no seu filete, seguem-se intervalos ou registos sombreados até à decoração vegetalista, na qual se criam três quadros de enquadramento, preenchidos com conjuntos edificados, nobres ou senhoriais, intervalados por menores arranjos vegetalistas nos quais se inserem jarrões com flores, apoiados em sólidas bases.

Toda esta decoração da aba termina com arranjos vegetalistas, já no covo do prato, constituindo uma moldura para a decoração do fundo do prato.

Em suma uma raridade de prato, que nos cria algumas dúvidas e incertezas sobre os habituais padrões de fabrico, decoração e marcas da Fábrica de Louça de Alcântara.

Não podemos contudo deixar de referir e com base na fonte (1), que esta fábrica produziu pratos do motivo “CAVALLINHO”, mas no período de “LOPES & C.a”, daí a referencia “L & C”, no carimbo estampado e em que a decoração estampada era igual à do prato que apresentamos, como a imagem seguinte evidencia.



Cremos tratar-se de uma iniciativa comercial, de mais valia, acompanhando a proliferação do motivo, desenvolvido pela Fábrica de Louça de Sacavém e, a Norte, pela Fábrica de Massarelos, com enorme aceitação nos consumidores, tentando assim ter um melhor mercado, pese embora a louça utilitária de Alcântara, ser mais “grosseira”, menos cuidada na execução, de menor qualidade.


Aqui fica o registo, para que conste e seja tomado em consideração.

FONTES:






6) -Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Motivo EDEN da Fábrica de Louça de Alcântara


Motivo EDEN da Fábrica de Louça de Alcântara

 
Esta postagem refere-se a mais uma catalogação de peças originárias da Fábrica de Louça de Alcântara, em Lisboa


 
Trata-se de dois pratos, um raso e outro de sopa, de um motivo denominado “EDEN”, em tom monocromático azul-escuro, que ainda não identificamos como tenha sido catalogado.


 

Considera-se ser de fabrico dos finais do século XIX (após 1886), (3) ou início do século XX, motivo “EDEN”, pois possui gravação na massa (marca circular): “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA e com carimbo estampado, azul-escuro, “L & C.ª” – “FAIANÇA FINA” e “FÁBRICA DE ALCANTARA” e sob o mesmo, a identificação do motivo “EDEN”





Pratos com soberba composição vegetalista na aba, com repetição geométrica, monocroma, cor azul-escura; no covo igual composição vegetalista, soberba, entrelaçando, o que presumimos ser a letra “E”.

 

Em suma, de vez em quando mais peças de louça de produção da Fábrica de Louça de Alcântara continuam a surgir, a surpreender e a criar prazer pela sua identificação, catalogação e divulgação do Portugal de outros tempos, em termos de cerâmica.


FONTES:



3)Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Motivo EGYPCIO da Fábrica de Alcântara.


Motivo EGYPCIO da Fábrica de Alcântara


O interesse e o gosto pelas faianças, leva-nos, cada vez mais, a conhecer mais pessoas, maravilhosas e ávidas de conversa e comunicação, em algo que as apraz também, as faianças e as porcelanas de fabrico nacional.

Na verdade, nunca pensávamos que houvesse tantas pessoas interessadas nas faianças, colecionadoras e com vastos conhecimentos.

Temos vindo a aprender bastantes com elas e a saber muitas estórias, da história da fabricação de faianças em Portugal.

E algumas dessas pessoas, vindo a saber do nosso gosto e dedicação às faianças, efetuando o colecionismo possível, dão-nos a conhecer e a indicar onde existem peças que podem ser adquiridas ou de alguém que pelas mais diversas razões e motivos pretende desfazer-se de peças que possuem.

Tudo isto a propósito de uma senhora, uma querida velhinha, muito faladora e simultaneamente encantadora, que na companhia da sua netinha, de forma inibida, pretendia vendar alguns antigos pratos, que possuía na sua casa. Certamente para ajudar a sua netinha.

Indicaram-nos a senhora e lá fomos ter com ela. Fizemos negócio e compramos um dos pratos que consideramos dos mais encantadores da Fábrica de Alcântara – o motivo EGYPCIO, monocromático, na cor azul celeste.




Trata-se de um prato com decoração de composições florais, eventualmente alusiva à flor de lótus, com filetes de remate na bordadura da aba e no limite do covo. O rebordo da bordadura é rematado com uma grinalda de bandeiras triangulares e entre os filetes no limite do covo para a aba uma repetição de figuras geométricas retangulares com um topo arredondado.


Na verdade há algumas semelhanças com a flor de lótus:


No centro do covo do prato desenvolve-se uma rosácea, rematada com uma grinalda de bandeiras triangulares, com repetição pentagonal – tipo composição de caleidoscópio.


Veja-se uma imagem de caleidoscópio e na verdade há semelhanças:

Segundo um blogue consultado (2), este motivo teve influencia, tal como muitos outros, da produção inglesa, em especial na cor castanha ou azul, produzida pela fábrica Copeland, antiga fábrica Spode, por volta de 1855 e a que chamavam o padrão Honeysuckle ou Empire.


Este prato apresenta todas as características inerentes à faiança de Alcântara, a saber:

- Faiança grossa e pesada;

- O tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente;

- Três locais com três pontos cada, no verso da aba do prato, marca do apoio, quando os mesmos iam cozer.



Para além destas características, possui todas as marcas e carimbos identificativos:


- Marca circular gravada na massa, com a indicação “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA” e por baixo da mesma, igualmente gravado na massa: “918”;

- Carimbo monocromático azul, “FABRICA D’ ALCANTARA”, “FAIANÇA FINA”, “LISBOA” e sob a mesma inserida num caixilho retangular o nome do motivo “EGYPCIO”;

- Marca figurativa gravada na massa, um pequeno quadrado;

Tentando identificar o período de fabrico, segundo o livro Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987, a páginas 277, item 186; fabrico de 1886 em diante – Fábrica fundada por Stringer, Silva e C.ª, cujos proprietários atuais são Lopes & C.ª – marca estampada Louça estampada).




Tentando sistematizar as datas pelos carimbos e marcas, poderemos considerar as seguintes situações:

1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA - LISBOA - firma Stringer, Silva e C.ª:


2. Fabrico de 1886 a 1889: L & C – LOUÇA À INGLEZA -FABRICA D'
ALCANTARA  - LISBOA – firma Lopes & C.ª.


 

2.a Idem, variante – 1889 a 1897 (?) : L & C – LOUÇA À INGLEZA – FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA - TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39


Imagem de prato que evidencia o carimbo em apreço:

ou outro carimbo semelhante,

3. Fabrico de 1889 a 1901: L & C – FAIANÇA FINA– FABRICA D´ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª


Uma variante de carimbo, em que a raquete de FAIANÇA FINA está voltada para cima (ao contrário, para uma adequada leitura):


outra variante é a troca de "raquetes", a de baixo para cima diz "FAIANÇA FINA" e de cima para baixo diz "FÁBRICA D' ALCANTARA":



3.a Idem, variante – 1889(?) a 1898 : L & C – FAIANÇA FINA – TRAVESSA D’ ASSUMPÇÃO 37 E 39
(O respectivo prato que possui o carimbo comprova ser o mesmo de 1898)
4. Fabrico de 1897 (?) a 1930 (?): LOPES & C.ª - ALCANTARA - LISBOA




Cremos que o carimbo seguinte será da fase final do período indicado (1925 - 1930) (?), em que "ALCANTARA" e "LISBOA", possuem menor dimensão:


5. Fabrico de 1930 (?) a 1934 (?): firma CHAMBERS & C.ª
Não conhecemos qualquer carimbo referente a este período, mas sómente marca gravada na massa. 
Existem outras marcas de fabrico, que se confundem com faiança inglesa, mas que ao possuirem "F A" - de Fábrica de  Alcântara, ou "FAL & Cª" - de "Fábrica de Alcântara - Lopes & Cª" conjuntamente com a marca gravada na massa correspondente ao período de Lopes & C.ª, não deixam dúvidas.


As marcas gravadas na pasta, leva-nos a sistematizar as mesmas pelos vários períodos de fabricação, da seguinte maneira:
1.Fabrico de 1885 a 1886: S.& S. - F.ª DE LOUÇA INGLEZA - ALCANTARA LISBOA - firma Stringer, Silva e C.ª:





2. Fabrico de 1886 a 1897 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.

(desconhece-se qual a gravação na pasta - se a houve)

2. Fabrico de 1897 a 1930 (?): LOPES & C – ALCANTARA - LISBOA – firma Lopes & C.ª.



 
3. Fabrico de 1930 a 1934 (ou 1935): firma CHAMBERS & C.ª:

Trata-se de um período de fabrico que é ainda uma incógnita, mas que há marcas gravadas nas peças de Alcântara:



Por outro lado, o sinal ou marca figurativa identificada no prato em apreço não nos permite ainda assegurar com rigor a data, sendo que o autor supra citado identificou um sinal (um circulo gravado na massa) – pagina 343, item 834, do livro atrás identificado, como fabrico de 1901, da época de Lopes & C.ª, mas para a “marca quadrada” ainda não conseguimos identificar o ano de fabrico, mas vamos tentando.
Em suma: certezas não temos, dúvidas temos muitas; esta postagem tão sómente teve em vista tentar fazer uma sistematização dos carimbos, marcas, gravações na pasta e marcas figurativas igualmente gravadas na pasta, conjuntamente com a identificação do motivo EGYPCIO.
Contamos com a contribuição e correcção de todos, no sentido de melhorar o efectuado e agora postado, corrigindo eventuais falhas, erros ou imprecisões.
Oportunamente voltaremos ao tema, em especial para tentar desvendar a marca - gravação na massa  "CHAMBERS & C.ª, bem como ao facto da Fábrica de Massarelos ter tido um motivo "ALCÂNTARA", em homenagem à fábrica de Alcântara, que é identico ao motivo "PENICHE" desta ultima.

FONTES:
1) - http:// fabricadealcantara.blogspot.com;

2) - http:// artelivrosevelharias.blogspot.com/;

3) - http:// mercadoantigo.weebly.com/alcantara.html;

4) - http:// leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com;

5) - http:// mfls.blogs.sapo.pt/tag/alcântara;

6) - http:// artevelha-lm.blogspot.com;
7) -Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, com Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença – 3ª Edição – 1987;