Neste período estamos a dedicar-nos a
pequenas peças, bastante interessantes, profundamente decoradas, em policromia,
de diversos fabricos, características e identificativas dos mesmos.
A presente reporta-se a uma pequena
taça, com duas pequenas asas, com intensa decoração.
O intradorso da taça possui uma cor de
base azul claro e sobre a mesma um conjunto de círculos concêntricos, monocromáticos
em azul-escuro de alguma espessura, sendo o ultimo circulo, o menor decorado
com uma composição floral policromática, onde pontificam as cores verde-escuro,
azul-escuro, vermelho e amarelo-torrado.
No extra-dorso da bordadura da taça, dois filetes, um mais fino e outro mais largo,
na cor azul-escura.
A
delimitar a bordadura outro filete largo na cor azul-escuro.
Entre
os filetes da bordadura e o da base, quatro decorações policromáticas,
semelhantes à do fundo do covo, duas de cada lado das mini asas da taça, as
quais possuem uma decoração simples com um filete na cor azul-escura e umas
contas, com cinco esferas, na cor amarelo-torrado.
No
tardoz o carimbo da marca “VL” – Viúva Lamego e “MADE IN PORTUGAL” e o anagrama
desenhado manualmente identificando o seu decorador “ASN.” (?) e “(1477), na
cor vinoso.
Cremos
tratar-se de peça fabricada em meados do Século XX, mais especificamente entre
os anos trinta e 1992, quando a Fábrica era em Palma de Baixo, mas sem certeza
absolutas.
Resumidamente
pode-se acrescentar que a fábrica foi fundada por António da Costa Lamego, em 1849.
Após a sua morte passou a designar-se comercialmente por "Viúva
Lamego" - a Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, a qual ficava
situada no Largo do Intendente, com a Avenida Almirante Reis, em Lisboa, onde
permaneceu até aos anos trinta do século passado, sendo que daí até à actualidade funciona aí a Loja.
A
Câmara Municipal de Lisboa em (4) caracteriza o edifício e a sua fachada da
seguinte forma:
“Este edifício com
fachada voltada para o Largo do Intendente integra o conjunto de arquitectura
industrial, que foi a Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Construido entre 1849 e
1865,por iniciativa de António da Costa Lamego no local onde este abrira uma
oficina de olaria, veio dar continuidade a uma antiga tradição dessa zona.
A
fábrica, que adoptou o nome Viúva Lamego, após a morte do seu fundador, actualmente
é propriedade de uma sociedade designada por Fábrica de Cerâmica Viúva
Lamego,Lda..
Classificado como Imóvel de Interesse Público, trata-se de um
edifício, de estilo romântico, em 2 registos, com 2 janelas cada, no segundo
piso surgem a ladear uma varanda, rematado por empena, rasgada por um óculo
rodeado de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrição com a data da
construção.
De salientar a fachada decorada, na sua totalidade, por um
revestimento azulejar figurativo do séc. XIX, de gosto romântico-revivalista, muito
característico do seu autor, Luís Ferreira, mais conhecido por Ferreira das
Tabuletas, pintor de azulejos proveniente das Fábricas da Calçada do Monte e
Viúva Lamego.
Trata-se de uma das obras-primas do azulejo "naif"
oitocentista, incluindo as figuras alegóricas ao "Comércio" e à
"Indústria", que surgem a ladear a entrada. Actualmente existe apenas
a exposição e venda de azulejos, enquanto, que a parte fabril, onde são
produzidos azulejos de grande qualidade, quer industriais quer artísticos, se
mudou para outro local.”
A
Direcção Geral do Património Cultural caracteriza em (5) e em termos histórico/artísticos,
o edifício da seguinte maneira:
“A sua construção inicia-se em 1849, por
iniciativa de António da Costa Lamego, e prolonga-se até 1865. Edifício de
estilo romântico, situado na Avenida Almirante Reis, possui como elemento
decorativo dominante um vistoso revestimento azulejar, que abarca a totalidade
da fachada, da autoria de Luís Ferreira, o famoso Ferreira das Tabuletas,
pintor de azulejos oriundo das Fábricas da Calçada do Monte e Viúva Lamego.
Edifício
estruturado em dois registos, com duas janelas cada, que no segundo piso
ladeiam uma varanda, tem como remate uma empena, rasgada por um óculo rodeado
de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrição com a data da
construção. O programa cerâmico revela o gosto romântico-revivalista deste
pintor, considerado por José Meco um fascinante artista ingénuo de excepcional
graça, que aqui assume uma tentativa romântica de recuperar a tradicional
pintura figurativa e artesanal do azulejo polícromo sobre esmalte branco.
No
primeiro registo, os azulejos, de cromatismo predominantemente verde e amarelo,
possuem um cunho orientalizante, corroborado pelas figuras que alegorizam a
fábrica, segurando inscrições com o nome e a data de construção (1865), e
também um teor mais classicizante patente nas duas outras representações deste
primeiro registo. O revestimento azulejar do segundo registo é dominado por
motivos essencialmente vegetalistas, inspirado nas albarradas barrocas. No
remate, representam-se anjos segurando uma filactera comn a data da decoração,
em pintura de tons amarelos.
É de notar que o imóvel assenta sob uma mina de água que abastecia o chafariz da Avenida Almirante Reis. S.C.P.”
Interessante
peça de Faiança da Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, da qual, infelizmente, nada
mais conseguimos identificar e concretizar.
Fontes:
2) – www.viuvalamego.com;
5) - www.aleluia.pt/;
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