Interessante travessa de cantos
arredondados, monocromática, em tons de castanho, partida, gateada há muito,
estimada e conservada – Faiança de Coimbra? – Cremos que sim!
No covo possui a decoração designada
por “Paisagem” ou, mais propriamente por “Casario”, composta por edificações
(igreja ou “challets”), com bandeirolas; ladeadas por exuberante arborização e
adequada base de enquadramento, esponjada.
No horizonte, aves sobrevoando as
edificações, entre a arborização e algumas nuvens, lá longe.
Esta decoração leva-nos aos “brasileiros”
“torna-viagens” que no seu regresso, edificações semelhantes, ditas “challets”,
edificaram pelo centro e norte do país.
Na aba, junto à bordadura um largo
filete castanho-claro e uma trabalhada decoração de cornucópias ou grinaldas,
repetidas, encadeadas, que por vezes ligeiramente sobrepostas; estampadas - aplicadas
a “chapa recortada”, o vulgo “stencil”; numa tonalidade castanho-escuro, que
sobressai da tonalidade geral da travessa, em castanho-claro.
Cremos tratar-se, de forma inequívoca,
de uma faiança de fabrico de Coimbra, pelo tipo de decoração, em especial a
vegetação (arvoredo), pelo esponjado do embasamento da decoração, bem assim
como pelo filete da bordadura da aba e pela decoração da aba aplicada a chapa
recortada; para lá do esmalte amarelado da peça.
Se a monocromia fosse em tons de verde,
logo haveria, provavelmente pessoas a sugerir ser de Caminha, ou mais
especificamente de Vilar de Mouros.
Mas mesmo que fosse nesses tons de
verde e pelas características da decoração, mantínhamos a nossa opinião de ser
fabrico de Coimbra.
Como é óbvio trata-se de peça não
marcada e por conseguinte de difícil atribuição de fabrico e catalogação, mas
pensamos que se poderá atribuir o seu fabrico a Coimbra.
Arriscamos-nos a sugerir que se trata
de um fabrico de um período que medeia entre meados e final do século XIX.
Será?
Comentário (2015-04-06):
(Caneca inglesa com padrão "Roselle", fabrico da John Meir & Son, apresentada na fonte 4) |
![]() |
(Travessa em faiança nacional com motivo inspirado no padrão inglês "Roselle", exibida na fonte 4) |
Aqui fica pois o comentário que se justifica e a inspiração do motivo da travessa, no padrão inglês "Roselle".
Fontes:
1) – “Faiança Portuguesa Séculos
XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.
2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros
Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda
Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial
Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.
3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”,
de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.
4) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2011/02/o-grand-tour-ou-caneca-inglesa-da-john.html;
4) - http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2011/02/o-grand-tour-ou-caneca-inglesa-da-john.html;
Caro Jorge
ResponderEliminarEsse motivo do Chalet, usado por vária fábricas portuguesas teve como inspiração uma decoração da faiança inglesa, o Roselle, conforme tive ocasião de mostrar no meu blog em http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2011/02/o-grand-tour-ou-caneca-inglesa-da-john.html..
Com efeito, essa faiança mais grosseira, parece-me mais da região de Coimbra, mas há tão poucos estudos sobre a faiança coimbrã dos séculos XIX e XX que é sempre um tiro no escuro termos certezas.
Um abraço
Caro Luís Montalvão,
EliminarAgradeço mais uma visita sua, com oportunos e importantes comentários.
Todas as suas visitas são bem vindas, pela colaboração que presta.
Já visitei a sua postagem, a que indicou e que vai permitir fazer uma adenda à minha, completando-a com as indicações que me prestou. Espero que não leve a mal, para completar a postagem que reproduza imagens da sua postagem, com a óbvia referencia à mesma.
Também penso, tal como o Luís, que seja fabrico de Coimbra.
Boa semana, até nova visita.
Um abraço,
Jorge Gomes