segunda-feira, 2 de maio de 2016

Prato Decorativo de suspensão – Faiança das Caldas – Decoração Crustáceos (Lagosta e Bivalves)


Interessante prato de suspensão, em faiança portuguesa das Caldas da Rainha, sem marcas, com decoração, policromática, motivo Lagosta e Bivalves, de pequenas dimensões: 18,4 cm.


Peça rodada e moldada em barro branco (faiança), com decoração de crustáceos, policromática, em que se denota a influência de Bernard Palissy, ceramista francês da Renascença, introduzida em Portugal por Manuel Cipriano Gomes “Mafra”, por ser de Mafra (Sobreiro) e que devido ao seu grande sucesso, em especial no estrangeiro, o estilo popularizou-se e foi copiado por muitos dos ceramistas caldenses do século XIX e inícios do século XX.


Os elementos característicos deste estilo, introduzidos por Manuel Mafra, para além dos elementos tradicionais de Palissy, foram conchas, peixes, lagostas, sapos, fauna e flora locais.

Introduziu, igualmente, novos elementos ao design tradicional, como o musgo ou o musgado, recorrendo a uma técnica egípcia com mais de 2000 mil anos.


Os esmaltes aplicados nestes pratos de suspensão foram também muito apreciados pela sua elevada qualidade técnica, e aturada e dedicada decoração cromática, com superior perfeccionismo de execução.

A beleza nesta peça, associada à decoração e ao esmalte em cores fortes, está a sua reduzida dimensão, tornando-a ainda mais bela entre as muitas peças semelhantes, mas de maior dimensões.




Fontes:





segunda-feira, 18 de abril de 2016

Peça da Ceramista Júlia Ramalho, do Figurado de Barcelos: “A senhora Porca de maçaroca”

"A Senhora Porca de Maçaroca"

Volvido mês e meio de total inércia; uma fase mais contemplativa do que interventiva, sem contudo deixar de continuar ligado às faianças, apreciando o que se exibe, expõe e vende…, um comungar com o tempo chuvoso, cinzento e triste que se tem feito sentir.

Mas, um dia de sol, um fim-de-semana calmo, de puro laser, deu-nos a força e a dinâmica regressou, para mais uma postagem.

Diferente,….

Nas feiras menos visitadas, menos divulgadas, sobre mantas no chão, entre a quinquilharia, as velharias e algum lixo, lá surge uma peça interessante – há que “ter olho”, para as descobrir no meio de tantas velharias, tralhas e traquitanas.

Foi o que aconteceu, num mercado regional, entre bancas de venda de hortaliças e fruta, de pão e bolos, de roupas, calçado, óculos e relógios… umas bancas a vender velharias.

"A nossa peça

E lá descobrimos uma interessante peça escultórica do figurado português, de Barcelos, com a marca JR – da ceramista Júlia Ramalho – inconfundível! – A Senhora porca de maçaroca.

 













       "A nossa peça - marca JR, vista de perfil"

Actualmente é uma das ceramistas (ou barristas) mais importantes do país e uma referência incontornável no artesanato – figurado de Barcelos, quer nacional, quer além-fronteiras.

"Júlia Ramalho, exibindo uma peça"

"Júlia Ramalho, a trabalhar"

A beleza das suas peças é inegável, moldadas em barro branco (faiança), com um acabamento vidrado, na cor castanho-mel, a sua “cor-de-caramelo”, uma das características do seu trabalho.

A paixão pelo que modela e cria trespassa as peças que produz!

Júlia Ramalho, neta da grande ceramista Rosa Ramalho, natural de São Martinho de Galegos, Braga, nasceu a 3 de maio de 1946, efectuou a sua aprendizagem e ganhou o gosto e arte da sua avó.

As suas peças são inconfundíveis e a que apresentamos é uma prova disso.

Peças com forte presença metafórica e hiperbólica; cria peças com cenários da vida rural, das suas actividades e profissões, facetas do quotidiano; mas também figuras religiosas e mitológicas.

Bacos e diabos; medusas, cristos e santos; figuras fantásticas, Padre Inácio e os 7 pecados mortais; cabras, porcos, elefantes e mochos; presépios.

As imagens que exibimos recolhidas em diversas que citamos, permitem-nos ter uma breve ideia da vasta produção da ceramista Júlia Ramalho e da beleza das suas peças e do imaginário e figurado em jogo.

"7 Pecados Mortais"

"Avareza"
"Gula"
"Inveja"
"Ira"
"Luxuria"
"Preguiça"
"Soberba"
"Cristo"
"Diabo"
"Presépio"
"Altar" ou "Santuário"
"Santo António"
"Rainha Santa Isabel"
"Medusas"
"Mulher"
"Casal"
"São Gordo - ?"
"Cabra"
"Caneca Antropomórfica"
E mais podíamos continuar a exibir, mas para finalizar, mais uma imagem da nossa peça.




Fontes:









sexta-feira, 4 de março de 2016

PRATÃO EM FAIANÇA, EM POLICROMIA, DECORAÇÃO VEGETALISTA COM CONTAS


Os pratos grandes em faiança, por vezes denominados palanganas, devido às suas dimensões, são, geralmente um encanto.


A Cor e interessante decoração ao gosto do Artista
Exemplo disso é o que apresentamos.

Pratão de covo acentuado, com aba estreita com interessante decoração policromática.


Pormenor da decoração da aba
Na bordadura da aba um filete em manganés, um outro, mais largo, na cor ocre, a meio da aba e depois, na mesma, uma decoração policromática com motivo vegetalista, na cor verde, uma flor central, na cor azul, inserido em reserva de contas vermelhas; motivo que se repete onze vezes.


Pormenor do covo do pratão e a sua decoração policromática
No fundo e a delimitar o mesmo um outro filete igualmente na cor manganés; no centro do mesmo dois filetes pouco espaçados, na mesma cor.

A meio, entre estes e o outro filete no limite do fundo, um outro filete, mais largo, na cor ocre, que serve de alinhamento para outras cinco decorações policromáticas, iguais às da aba.


Pormenor das marcas da trempe, aquando do vidrado da peça
Sem dúvida, uma decoração ingénua, mas trabalhosa, que dá cor e “alma” a um pratão desta dimensão.

No fundo e sobre os dois filetes centrais as marcas da trempe quando o prato foi vidrar, o qual, por motivos vamos lá saber porquê, ficou empenado, o que ainda lhe confere agora, mais beleza.


O tardoz do prato
Pelo tardoz, apreciamos um único frete, no limite do fundo do prato, uma pasta amarelada, cor de grão, um vidrado imperfeito, poroso também na cor de grão, as marcas da trempe quando o mesmo foi a vidrar… enfim um pouco da leitura que se faz deste pratão, mas cuja história não conseguimos escrever….


Pormenor do frete, do vidrado e a cor da pasta
Fabrico de Coimbra, do Norte, de onde?


Pormenor da má qualidade do vidra no tardoz
Produzido no final do século XIX, no início do século XX?

Falhas de vidrado (Pormenor)
São estas incógnitas e dificuldades de caracterizar com rigor as peças de faiança, que ainda mais nos motivam a gostar delas e a apreciá-las cada vez mais.

 

Mais uma vez a peça, para se apreciar!

DESLUMBRANTE TERRINA DE 1870-1882, DA FLS, MOTIVO ESTATUA OU CAVALINHO


Apresentamos uma deslumbrante terrina da Fábrica de Louça de SACAVÉM, com o motivo CAVALINHO ou ESTÁTUA, na cor sépia, com profunda, interessante e bastante decorada com estamparia do motivo citado.


A Terrina vista de cima
Terrina pequena, mas bela e digna de se apreciar, com profunda decoração, possuindo nomeadamente uma decoração interior ao nível da bordadura da terrina, com uma grinalda vegetalista, grinalda essa, mais estreita que se repete na bordadura da base da terrina e na bordadura da tampa da terrina.

A Terrina vista de cima, sem tampa
As asas da terrina bem com a pega, em forma de asa, da tampa também possuem decoração vegetalista.


A Terrina vista de perfil e o pormenor da decoração da asa
A decoração correspondente ao motivo, CAVALINHO, é das menos habituais e menos frequentes, com uma profunda decoração, em que os elementos característicos realçam pela diferença: cavaleiro com lança (estandarte) na mão esquerda e inclinada para trás, pedestal com profunda decoração; palácios no horizonte diferentes, motivos vegetalistas de enquadramento mais elaborados.


A Terrina vista de lado
Habitualmente o Cavaleiro tem o braço direito levantado para a frente, neste caso, a mão direita segura as rédeas do cavalo e com a esquerda e o braço, suporta o estandarte, o qual está inclinado para trás.


Pormenor da decoração (estampa) da Terrina

Pormenor da Decoração: Cavaleiro e lança

Pormenor da Decoração: Cavaleiro e Pedestal
Trata-se na verdade de uma peça interessantíssima, possuindo no tardoz do fundo, o carimbo, na cor sépia, com a indicação de “FÁBRICA de LOUÇA de SACAVÉM”, envolvendo a Ancora e a corda entrelaçada, aplicada sobre uma placa, correspondente ao período de 1870-1882 – e já lá vão, no mínimo, 128 Anos!

O tardoz da Terrina com o seu Carimbo


Pormenor do Carimbo - Período 1870-1882 (Carimbo Âncora)

Uma relíquia! Uma peça interessantíssima!

Há que saber apreciar e avaliar as diferenças nas decorações para se ajuizar do valor da peça.


Pormenor da Decoração - Estampa muito elaborada
São imensas as variantes das estampas do motivo ESTÁTUA ou CAVALINHO, pelo que só perante a sua identificação, se consegue avaliar da raridade peça ou se se trata de uma peça corrente.


Pormenor da Decoração: Palacete
Aqui a peça, através de várias imagens, para deleite de todos nós, apreciadores das Faianças de Portugal, e neste caso, muito em particular, do que de bom e belo se efectuou na Fábrica de Louça de Sacavém.
 

A Terrina "Cavalinho" do período de 1870-1882

FONTES:

1) -  “150 Anos – 150 Peças – Fábrica de Loiça de Sacavém” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Março de 2006;

2) – “Fábrica de Louça de Sacavém – Contribuição para o estudo da indústria cerâmica em Portugal 1856-1974” de Ana Paula Assunção, Colecção História da Arte – Edições INAPA – 1997;

3) – “Porta aberta às memórias” – Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2008;

4) - “Porta aberta às memórias” – 2ª edição, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Setembro de 2009;

5) – “Primeiras peças da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém: O Papel do Coleccionador”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Eugénia Correia, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2003;

6) – “História da Fábrica de Loiça de Sacavém”, de Ana Paula Assunção e Jorge Vasconcelos Aniceto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – Julho de 2000;

7) – “Roteiro das Reservas”, de Ana Paula Assunção, Carlos Pereira e Joana Pinto, Museu de Cerâmica de Sacavém – Câmara Municipal de Loures – 2000 (?);