sábado, 12 de julho de 2014

MOTIVO FAISAO DA FABRICA DE ALCÂNTARA COM CARIMBO RARO


Motivo Faisão da Fábrica de Alcântara

Ao longo dos tempos vamos tendo fases em que nos inclinamos e nos entusiasmamos por um tipo de faiança ou por uma fábrica específica.

Estamos numa fase das Faianças da Fábrica de Alcântara (Lisboa), de cuja fábrica, exploração e motivos fabricados há pouca informação, a menos de poucas excepções (blogues - ver fontes indicadas).

Eis senão, quando recentemente encontramos numa banca de rua, algures numa das feiras de velharias, um vendedor já conhecido, que tinha à venda um prato com o motivo Faisão, sujo, partido, gateado e com uma esbeiçadela devido à antiga e tosca armação para pendurar o prato, pois o mesmo, ao longo da sua vida sempre serviu, exclusivamente para ornamentação.


Logo nos informou, o vendedor, quando olhamos para o prato que era um prato inglês, mas quando vimos o verso do mesmo, pese embora com uma marca tipicamente inglesa com a legenda “Aeratis Phasants”, sim é esta que se encontra marcada e não “Asiatic Pheasants”,  mas sob a mesma as iniciais “F A” - (Fábrica de Alcântara) não deixavam dúvidas de que se tratava de um prato da Fábrica de Alcântara.


E lá compramos o prato por 5,00 euros, antes que o vendedor se apercebesse da marca circular gravada na massa, mesmo sob a outra marca, com a indicação “LOPES & C.ª – ALCANTARA – LISBOA”.


Não restavam dúvidas, tratava-se de um prato de fabrico de Alcântara, motivo Faisão, com uma variante de carimbo, não habitual.


Para além da legenda, também a composição floral é diferente das habituais: quer a composição floral sobre a legenda, quer a inferior, a qual possui duas rosáceas em vez da uma habitual, que aparecem frequentemente noutros pratos, nomeadamente em pratos de fabrico de Massarelos (a).


Ou mesmo de de outros pratos de fabrico de Alcântara (a)


Trata-se de um prato numa faiança grossa e pesada, em que o tardoz do fundo do prato possui um único círculo extremo saliente o que igualmente evidencia ser Alcântara, caso não tivesse a marca e o carimbo referidos.


O motivo Faisão, ou seja o “Asiatic Pheasants” é um dos padrões mais utilizados por todas as fábricas portuguesas, devido à influência inglesa, em especial porque a cerâmica, em Portugal, no século XIX e princípio do XX era propriedade e gerida por Ingleses, não tendo a Fábrica de Alcântara fugido à regra.


E o prato em apreciação, na tonalidade castanha, é um exemplo digno dessa influência, pese embora com a particularidade da marca.


A marca em causa, tipicamente inglesa, possui um "design" dito “scroll mark”, (a), mas o deste prato é diferente de todos os detectados até hoje, quer pela sua configuração, quer pela sua designação .


A decoração do prato é exuberante e vistosa, em que a estampagem da aba se prolonga até ao fundo do prato, sem deixar de apresentar de forma forte a decoração do motivo, no fundo do mesmo, sobressaindo da base branca.


Mais um prato, invulgar, para a história ou monografia da Fábrica de Alcântara que alguém, algum dia escreverá, certamente.

FONTES: (a)http://artelivrosevelharias.blogspot.pt/2011/10/o-motivo-faisao-ou-asiatic-pheasants-em.html;

genérica -  http:fabricadealcantara.blogspot.com/2011/02/07-motivo-estio?-marca de fabrico por catalogar- (Firma Chambers & C.ª)



domingo, 15 de junho de 2014

UM RARO PRATO DE SACAVÉM (?), SEM MARCA, DE FABRICO POR VOLTA DE 1860 (?)

O FASCINIO DE UM PRATO SEM MARCA: O ESTUDO E PESQUISA QUE O MESMO MOTIVA


Prato fundo, grande, em faiança de Sacavém (?) ou de Alcântara (?), motivo cerejas (?), decorada em tom monocromático a negro com padrão baseada em composições frutíferas, uma grande, duas médias e uma pequena, esta no centro do covo, as outras estão decalcadas na aba mas que atingem o covo, identificando-se ramos com cerejas.




Crê-se ser fabrico de Sacavém, da época da Real Fábrica e fabricado por volta de 1860, isto é, anterior ao período de 1886-1894.

Não possui qualquer marca no verso a menos de um pequeno círculo esverdeado, gravado na massa, mas pelos seus três círculos concêntricos salientes da massa, denunciam a base onde assentou, aquando do seu fabrico, presumindo-se por isso ser da Real Fábrica de Sacavém, anterior à aplicação de marcas ou de gravações na massa.


Diâmetro: 26,2 cm; altura: 4,5 cm.

No sítio JP Antiguidades e Velharias foi publicado, em Maio de 2012, uma taça/saladeira, redonda, bicromada com frutos, considerada “provavelmente Alcântara”, com a seguinte imagem:

Se analisarmos o verso da mesma, vemos que é diferente do verso da nossa:


esta apresenta os três pontos da trempe usada na cosedura, pese embora também tenha uma pequena marca circular verde, mas não possui os diversos anéis concêntricos que a nossa possui, marca da base onde foi rodada, possuindo somente o círculo periférico exterior da base da peça característica da louça de Alcântara.
Os pratos de fabrico de Alcântara, a partir do período de 1886 apresentam sempre o verso do seu fundo com a imagem que se segue, ou seja com um único círculo periférico saliente, o que mais uma vez nos leva a considerar que o nosso prato é de fabrico da Real Fábrica de Sacavém.



Se for fabrica de Massarelos a situação é identica, veja-se por exemplo o verso de um prato:


No sítio Mercado Antigo numa postagem sobre a Real Fábrica de Sacavém é exibido um prato antigo com o motivo Alcobaça, em verde-escuro e não possui qualquer marca a menos de um pequeno círculo verde, igual ao que exibe o nosso prato fundo, o qual obviamente é identificado como sendo de Sacavém.


Os versos dos fundos dos pratos de Sacavém apresentam vários círculos concentricos, o que mais uma vez evidencia e confirma a identificação dada ao nosso prato, senão vejamos:






Por outro lado, a imperfeição do vidrado e a rugosidade da massa e das suas imperfeições induzem ser do fabrico do início da fábrica de Sacavém, qual a mesma era gerida por Manuel Joaquim Afonso (período de 1850-1865) antes a vendar ao inglês John Stott Howorth.



Em suma, mais um prato de fabrico da já mítica fábrica:

 

sábado, 14 de junho de 2014

UMA INVULGAR PEÇA DE CANTÃO POPULAR


UMA INVULGAR PEÇA DE CANTÃO POPULAR

 
O motivo Cantão Popular continua sempre a ser interessante, cativante e cada vez que surge uma peça nova, diferente e inusual, mais apaixonante se torna e constitui mais uma razão de pesquisa, comparação, estudo e …. de mais dúvidas.

É irresistível, apaixonante… merece a nossa dedicação e empenho!

Hoje vamos reportar-nos a mais três peças, uma delas, a ultima que apresentamos, que constitui o motivo deste “post”.


1ª. Peça:


 
Prato de sobremesa em faiança, com o motivo Cantão Popular, vulgarmente dita de fabrico de Miragaia, com uma decoração livre ao gosto do pintor, com tons de azul muito escuro, em que a árvore estilizada é uma conífera e em que a cercadura na aba entre os filetes da sua bordadura e os do seu covo, possui pelo exterior a grinalda ondulada e pelo interior o espinhado. Diâmetro 17,3 cm.



É perfeitamente notório no fundo do prato e no seu verso os três pontos dos apoios das trempes utilizadas para os empilhar na cozedura.
 

Não possui qualquer marca e o seu verso, aparenta um vidrado semelhante à louça malegueira.
 

Presumimos tratar-se de um fabrico de Aveiro, de meados ou finais do século XIX,  pois o fabrico do Norte tem a grinalda ondulada da bordadura pelo interior e o espinhado pelo exterior, se fosse de Coimbra, o azul da pintura seria mais claro e mais “desmaiado”.


  2.ª Peça:

 
Prato de sopa em faiança, com decoração motivo Cantão Popular, com marca pintada e manuscrita “LUSITANIA”, com uma decoração mais “industrial” e menos ao livre gosto do pintor. Possui no verso uma gravação na massa – um conjunto de dois números “52” e “149”. Diâmetro 25,0 cm.
 
 

Possui vários tons de azul na decoração, em que os elementos alegóricos ao motivo, desenhados no fundo do prato estão a azul-escuro, tal como o filete largo da sua bordadura. A árvore estilizada é uma árvore de fruto. Quer no limite do fundo quer a meio da aba, possui faixas rodadas esponjadas a azul claro e sobre as mesmas decorações a azul mais escuro.
 
 

Crê-se ser fabrico, provavelmente da década de 30 do século XX, e por conseguinte da fábrica Lusitânia, desconhecendo se da fábrica de Lisboa, se da de Coimbra.


 
3.ª Peça:
 

Invulgar peça em faiança com motivo de Cantão Popular, chamemos-lhe de taça quadrada, decorada com uma variante não habitual do motivo. Possui pintura manual, muito ao gosto e estilo do seu pintor.
 

Possui como decoração central um pequeno palácio oriental e não tem qualquer árvore estilizada. Com decoração “sui generis” na aba exterior.
 

Não possui qualquer marca e as suas dimensões são: 15,3 x 15,3 com a altura de 4,8 cm.
 

Quer no fundo da taça, quer no seu verso apresenta os três pontos dos apoios das trempes utilizadas para as empilhar na cozedura e o seu verso, aparenta um vidrado semelhante à louça malegueira.
 

Aparenta ser fabrico do final do século XIX, não configurando ser Miragaia (fabrico do Norte), podendo, eventualmente, ser fabrico de Coimbra?
 

Mas para ser Coimbra, parece-nos que as cores aplicadas possuem tons fortes de mais para o habitual e o desenho e decoração aplicado nos cantos não é habitual nem característico de Coimbra.
 

Poderá eventualmente ser fabrico de Aveiro? Ou mesmo de Alcobaça? De Santo António do Vale da Piedade não cremos. Aceitam-se sugestões e indicações de quem nos possa ajudar.

 
Sem dúvida uma bela peça, pela sua particularidade, ingenuidade e criatividade da decoração e pela sua raridade!