“Vão-se
os anéis, ficam os dedos”… vão-se as terrinas ficam as tampas!
Hoje
apresentamos mais uma tampa de terrina, deveras interessante: pequena,
monocromática, na cor vinoso (cor de amora).
Trata-se
de uma tampa de terrina, de forma rectangular de cantos arredondados; peça
moldada, de encaixe, em cúpula, com pega elevada, de interessante configuração.
A
decoração é pintada por estampilhagem e esponjado a cor de amora (vinoso),
sobre fundo branco, possuindo dos dois lados da pega uma paisagem tipo “Casario
e Árvores”, com um conjunto de edifício, um deles com uma cúpula, possuindo
este e outro à sua esquerda, uma mastro com uma bandeira.
O
terceiro edifício, de menor porte, com telhados de duas águas, possui um
óculo
na empena, estando todos enquadrados em vegetação luxuriante, em que os troncos
foram efectuados por estampilhagem, com recurso a “stencil” (chapa recortada) e a folhagem a técnica de esponjado.
Na
bordadura da tampa uma cercadura vegetalista estampilhada, assemelhando-se a
uma grinalda, terminando junto ao bordo com a aplicação de um esponjado
Trata-se
de uma tampa de travessa não marcada, com uma massa de textura fina, de esmaltado
leitoso, mais ou menos homogéneo, mas com falhas pontuais do mesmo.
Peça
interessante, que cativa o olhar de um qualquer – é o fascínio da Faiança de
José dos Reis (dos Santos), de Alcobaça, que mesmo sem carimbo ou marca,
permite-nos considerar que será desse fabrico, e do seu período de fabricação, provavelmente,
entre 1875 e 1898.
Pela
análise da decoração, do tipo de pintura realizada e da comparação efectuada com
outras peças, atribuídas a José dos Reis, apresentadas, nomeadamente no livro “
Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira
(2008), leva-nos a considerar, sem quaisquer dúvidas, ser uma peça de José dos
Reis.
FONTES:
1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de
Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;
2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950”,
de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 (?);
3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao
presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de
Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.
4) – “Faiança Portuguesa Séculos
XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.
5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros
Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda
Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial
Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.
6) – “Faiança Portuguesa – Seculos
XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos,
1985.
7)
– “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto -
Outubro de 2001.
8)
– “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 –
ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da
Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.