quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DOIS INTERESSANTES PRATOS DA CORTICEIRA DO PORTO, DE 1931

As peças de faiança, mais simples, mais modestas, de uso utilitário corrente também são, por vezes, interessantes e contribuem para traçar a imagem evolutiva e a história de uma fábrica e dos seus períodos de fabrico.










Tudo isto a propósito de dois pratos, sopeiros, de uso doméstico correntes, com uma singela decoração de cinco filetes na aba: um no limite da bordadura da aba, na cor preta e outro semelhante na transição da aba para o covo; os restantes três no meio da aba, equidistantes entre si, sendo o central de cor azul celeste e os outros dois que o ladeiam igualmente pretos.










Peças em faiança leitosa, com várias imperfeições de fabrico, e com “os pontos” das trempes da cozedura perfeitamente evidentes, quer na frente dos pratos, quer no seu tardoz – aqui ainda mais notórios.


Mas afinal o que torna interessante estes pratos? A sua marca, pois são pratos marcados identificando o seu fabrico!










Possuem marcas circulares gravadas na pasta, com a indicação, na coroa exterior “CORTICEIRA” e “PORTO” e no círculo interior “1931”, sendo que uma das marcas, para além de gravada na pasta também possui sobre a mesma um carimbo na cor verde, ou foi efectuada uma pintura, sobre a marca para evidenciar a mesma.


Crê-se que esta fábrica – Corticeira do Porto - laborou desde os finais do século XIX até meados da década de sessenta do século XX, logo, os pratos que apresentamos corresponde já ao último período de laboração da fábrica, quando a produção de peças e a sua decoração eram mais simples, com menor beleza e algum descuido de qualidade.

Carimbo Inicial (Provável)
Carimbo 2ª fase de fabrico
Carimbo 2ª fase de fabrico (parte final)
Carimbo 3ª fase
Carimbo fase final (na Calçada das Carquejeiras)
Carimbo fase final (na Calçada das Carquejeiras)
Marcação manual, peças pintadas à mão

Marcação manual, peças pintadas à mão (fase final). Provavelmente.


As próprias marcas ou carimbos já não possuíam a exuberância de anteriores períodos, em que no círculo central existia o monograma “CP” e exteriormente à coroa, ladeando a mesma, dois ramos de louro – uma marca “laureada”; ou noutras fases de fabrico em que o carimbo era muito mais simples, mas muito característico da fábrica - só o monograma: um entrelaçado “C-P”, geralmente na cor verde.

Cremos pois, que este carimbo corresponde ao último período de fabrico da Fábrica da Corticeira do Porto.










É talvez de todas as fábricas existentes, da que menos se sabe, e apesar de toda a pesquisa já efectuada e de vários trabalhos publicados sobre as cerâmicas do Porto, pouco se descobriu.


Dá-se como certo que teria ficado a laborar em parte  das instalações pela fábrica do Carvalhinho, na Calçada e  Rua da Corticeira, em 1923, sob a orientação do industrial António Silva; e posteriormente por um funcionário daquele, António Pereira da Silva.

Quando começou a laborar desconhece-se. Presume-se que laborou até meados da década de sessenta do século passado.

Fontes:

3 comentários:

  1. Boa noite, tenho peça com símbolo que parece da terceira fase mas sem o círculo, de que ano será?

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    1. Cara Patrícia Campos,
      Boa noite,
      À priori indicia que será uma peça, provavelmente, do início do século XX, talvez da primeira década.
      Mas haveria que analisar a peça, em pormenor.
      Cumprimentos,
      Jorge Gomes

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  2. Tenho uma travessa com o símbolo da terceira fase, de que ano será? Quanto valerá?

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