quarta-feira, 4 de março de 2015

PRATINHOS EM FAIANÇA COM DECORAÇÃO FLORAIS E “RENDAS”, COM MARCA, MAS DE FABRICO DESCONHECIDO “AVL”- DE COIMBRA.

Algo que nos intrigava há já algum tempo era a existência de pratinhos em Faiança, decorados com motivos vegetalistas, com “rendas”, interessantes, com marcas do seu fabrico, mas o qual se desconhecia.




A fonte (1) há já bastante tempo que vem exibindo os pratinhos, que a seguir se apresenta, policromados, com decoração floral simples, desenvolvida em círculos concêntricos, desde a aba e em todo o covo, possuindo no limite da aba uma cercadura, constituída por um ou vários filetes, completados com pequenos semicírculos ou simples borrões, geralmente azuis.

Trata-se de uma faiança com ornamentação na cor azul-cobalto, ou roxo-manganês e por vezes com apontamentos noutras cores sob o esmalte branco, leitoso, com decoração vegetalista, à base de flores, de folhagem de árvores ou arbustos.


A grande incógnita é a sua marca, um “logo” constituído por um “A”, sob o mesmo um “V” e no losango formado pelos mesmos, um “L”…. Que fabrico seria?

 
A marca que exibem, desenhada manualmente, apresenta a cor a manganês ou vinoso, sobre um vidrado escorrido, leitoso, em que a pasta apresenta uma cor amarelada, cor de grão,  evidenciando uma qualidade inferior, com menor quantidade de caulino.

Dado que a marca nunca foi identificada até ao momento, também ninguém se atreveu a sugerir um fabrico, … do Norte, de Coimbra, de Alcobaça, de…?, mas na verdade, pela sua apresentação levasse a sugerir que fosse fabrico de Coimbra – mas sem certezas.

Os meus pratos:




Pela decoração da aba, desenho miúdo abstracto com motivos florais, intercalados com “rendas” – a imaginaria transposição para a cerâmica da arte da renda de bilros e os seus motivos – animais e aves intercaladas entre ramos e flores; e pela cor azul forte – pigmentos bastante densos - cobalto, poder-se-á considerar que há alguma semelhança com a faiança de Coimbra, dita de “Brioso”.


Provavelmente seguidores mais recentes daqueles do século XVIII, talvez de meados do Século XX.

Notam-se as marcas das trempes na aba, bem assim como no tardoz, para além de algumas imperfeições da pasta e “borrões” da pintura usada na decoração. O vidrado é imperfeito, escorrido, baço, com pouco brilho e nota-se a cor de grão da pasta.




Foi através de aturada pesquisa e mais especificamente pela fonte (10), que se fez luz!

Trata-se de uma reprodução de faiança produzida numa fábrica de louça decorativa em Condeixa, de Coimbra.

São, na verdade de peças interessantes, mesmo sendo reproduções livres e ao gosto do artista de outras peças mais antigas, mas em que o imaginário, a dedicação e o empenho desses “artistas” da cerâmica decorativa, está patente na qualidade das mesmas.

No presente caso, reproduzem-se o que costuma ser designado como pratos “de rendas”, sendo já raras e preciosas peças salvas da destruição das frágeis peças de louça decorativa, produzidas – em meados do Sec. XX – na fábrica que foi fundada em Condeixa, por Armando Vaz Lameiro, e daí a marca “AVL” – as iniciais do seu nome.














Cremos que inicialmente as peças eram “assinadas” somente com “A.V.L.”, “COIMBRA” e as iniciais do pintor, por exemplo, J.G., como o prato que está exibido na fonte (10) e pertença da colecção do Dr. José Machado Lopes.


Pela análise detalhada comparativa efectuada entre o tardoz deste prato e os que apresentamos, verificamos que o frete e as moldagens são muito semelhantes, o que nos leva a concluir que se trata de produção da referida fábrica.

Os pratinhos apresentados na fonte (1) crêem-se ser de produção mais recente que a dos nossos pratinhos, eventualmente das décadas de 60 ou 70 do século passado, em função do motivo e da própria decoração.

Em suma, trata-se de mais uma produção de faiança decorativa inspirada em peças existentes em museus, tal como o Museu Machado de Castro, com decorações ditas “de Briosos” do século XVIII, como a Fábrica Viúva Alfredo de Oliveira VAO Coimbra, a qual iniciou a sua produção no início da década de 30 do século passado a qual se prolongou, pese embora com variações e alterações de decoração, até início da década de 70, assim cremos.

Fontes:


2) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

3) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

4) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985

5) – “Cerâmica de Coimbra: do século XVI – XX”, de Alexandre Nobre Pais, João Coroado, António Pacheco, Edições Inapa, 2007.


7) – “Louça Tradicional de Coimbra – 1869- 1965, de António Pessoa, Ipt – Instituto Politécnico de Tomar.





domingo, 15 de fevereiro de 2015

PRATO EM FAIANÇA COM DECORAÇÃO FLORAL ESTAMPILHADA NA ABA. FABRICO DO NORTE OU DE COIMBRA (?),

Porque será que os pratos em faiança, mais antigos, de uso mais comum e popular, eram mais pequenos? Seria para os seus utilizadores comerem menos?


Este pequeno prato, em faiança “grossa”, simples, com intensa decoração floral, simétrica, monocromática, cor-de-rosa forte, na aba chamou-nos a atenção. A decoração no covo é singela e reporta-se a dois filetes, concêntricos, na mesma cor.


A decoração da aba foi aplicada por estampilhagem, com uso a stencil – chapa recortada, para a pintura do motivo em causa.


O tardoz do prato evidencia um esmalte leitoso, muito poroso, com a apresentação da massa.


A atribuição do seu fabrico não é fácil, pois não há qualquer marca ou carimbo que o permita identificar com segurança.


É de Coimbra! É fabrico do Norte!, Afinal em que ficamos.

Na fonte (1) é exibido um pratão em que o mesmo é considerado como “possível fabrico de Coimbra”.

A decoração da aba do mesmo, é precisamente igual ao do prato que estamos a apresentar.


Igualmente na mesma fonte (1) surge um novo prato, a seguir exibido, e em que é dito que “embora estes pratos tenham surgido em inumeradas fábrica do Norte, a decoração simétrica da aba sugere origem de Coimbra


Mais uma vez a decoração da aba é igual à do nosso prato.

Ainda através de uma outra consulta à mesma fonte (1) é exibido um pratão, em que, mais uma vez, a decoração da aba é igual ao do nosso prato, mas a identificação do mesmo é diferente: “…Pratão em faiança do Norte, provável origem da fábrica Cavaco” (????)


Mais pesquisas efectuámos e convictos ficamos que se trata na verdade de um fabrico de Coimbra.
  
Pela decoração floral simétrica estampilhada na aba e a singeleza dos dois filetes limitadores do covo, leva-nos a considerar como sendo de fabrico de Coimbra e não do Norte.


Fontes:


2) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

3) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.


4) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985

PRATO GRANDE EM FAIANÇA, FABRICO DO NORTE (?); MOTIVO CANTÃO POPULAR.

O motivo “Cantão Popular” é uma obsessão que temos a nível da faiança, devido à diversidade da sua decoração, à incógnita do seu fabrico, às tonalidades de azul aplicadas, às suas semelhanças e diversidades, enfim devido à sua beleza.


Apresentamos agora um grande prato, partido, colado, gateado com dez “agrafos” já muito enferrujados, enfim estimado.


Cremos tratar-se de um fabrico do Norte, provavelmente do final do século XIX, ou início do XX, assemelhando-se um pouco ao que se diz, ser fabrico “Miragaia”, mas sem certezas….


Os motivos básicos e repetentes deste motivo estão presentes: o edifício (tipo pagode ou palácio?) ao gosto oriental, com as suas cúpulas características; os vários vãos de fenestração; a vegetação, as nuvens; os espelhos de água…


A característica cercadura da aba do prato: um duplo filete, ladeando uma faixa larga, com espaçamento e afastamento irregular – evidenciando a mão e o traço não firme do seu artista ou a rapidez da sua execução.


Após este duplo filete envolvendo a faixa, aprecia-se uma cercadura com o espinhado pelo exterior, irregular, secundado por uma canelura ondulada já mais próxima do covo.


No limite do covo vê-se, igualmente, um duplo filete ladeando uma faixa larga, tudo na cor azul, mais escura. Vê-se igualmente um borrão nesta decoração, certamente por descuido do seu artista, ou por escorrimento do pincel.


É a configuração desta cercadura e a sua composição que nos leva a considerar ser uma peça de fabrico do Norte.


Por outro lado, a sua textura, o tipo a cor da pasta – cor de grão (visível no tardoz do prato), o tipo de vidrado – leitoso e escorrido, leva-nos a induzir que o seu fabrico seja provavelmente da segunda metade do século XIX ou inicio do XX – será?


Certezas – não se têm, mas o prato é interessantíssimo, por isso, aqui fica o seu registo.


FONTES:

1) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

4) – “Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX”, Vasco Valente, Livraria Fernando Machado – Porto,

5) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

6) – “Fábrica de Louça de Miragaia”, Museu Nacional Soares dos Reis, Edição IMC, Lisboa, 2008.

7) - http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/75570/3/72863.1.pdf; (A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista; LAURA CRISTINA PEIXOTO DE SOUSA, 2013).



TERRINA, EM FAIANÇA AZUL E BRANCA, DO NORTE? DE MIRAGAIA ?

A vida é feita de uma continuidade de acontecimentos, mais ou menos previsíveis e imprevisíveis, e são estes, especialmente, que nos condicionam e nos limitam na forma de actuar, de existir e viver.

Mas, “só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”, como diz Dalai Lama.

E a viver, vamos continuando a ocupar algum do tempo de ócio com uma das paixões que temos, a Faiança, a sua análise, estudo e divulgação.


Hoje apresentamos uma interessantíssima terrina, em Faiança Azul e Branca, muito antiga, já um pouco “desgastada” e “carcomida” pelos anos.


Uma deslumbrante peça em faiança azul e branca, de fabrico … do Norte? Cremos que sim! Fabrico de ???? A grande incógnita. Não teremos a leviandade de sugerir que seja de “Miragaia” ou de “Santo António de Vale de Piedade” ou de “Darque” ou de outra fábrica.


Trata-se de uma terrina, de forma oval; peça moldada, com tampa de encaixe, em cúpula, com pega elevada, em forma de asa.


A decoração é pintada a azul, sobre fundo branco, possuindo a toda a volta e na tampa uma exuberante paisagem tipo oriental, com edifícios composto com vários corpos, o central, mais alto e mais expressivo, todos ao gosto oriental.


A esta decoração têm-se vindo a denominar como o motivo “País”, ou “País Miragaia”, sendo que é inspirado num motivo inglês largamente produzido pela Fábrica Inglesa Herculaneum Pottery.


Terrina interessante, que cativa o olhar de um qualquer – é o fascínio da Faiança Azul e Branca, mas que sem carimbo ou marca não permite uma identificação concreta da sua origem de fabrico, da fábrica e do período em que foi efectuada.


Sob o vidrado de aspecto leitoso e com alguma porosidade apercebemos-nos de uma pasta amarelada, tipo cor de grão, mas que não nos dá mais pistas para além disso mesmo.


Apesar de tudo, parece-nos que poderá ser uma peça fabricada no século XIX, mais provavelmente na primeira metade, pois consideramos que não apresenta semelhanças ou influências do fabrico da Faiança da Fábrica de Miragaia, do seu segundo período de fabricação, 1822-1850. Será mesmo assim?


Os elementos preponderantes desta decoração são as paisagens e os conjuntos edificados, ao gosto e estilo oriental, na cor azul, com linhas que nos podem encaminhar para o motivo “País”, mas numa fase mais primária da sua implementação na faiança em Portugal, sem estampilhagens ou esponjados, mas com a decoração efectuada manualmente, sem recurso a técnicas “especiais”.


A terrina em Faiança Azul e Branca de que fabrico será, então? Miragaia? – não cremos. De que fábrica será?


A incógnita mantém-se, mas a peça em faiança Azul e Branca, vale por si só, mesmo sem se conhecer o seu fabrico.

Para regalo de todos nós aqui fica a apresentação da mesma.

FONTES:

1) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

2) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

3) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

4) – “Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX”, Vasco Valente, Livraria Fernando Machado – Porto,

5) – “Cerâmica Portuense – Evolução Empresarial e Estruturas Edificadas”, Teresa Soeiro, Jorge Fernandes Lacerda, Silvestre Lacerda, Joaquim Oliveira, Edição Portugália, Nova série, volume XVI, 1995.

6) – “Fábrica de Louça de Miragaia”, Museu Nacional Soares dos Reis, Edição IMC, Lisboa, 2008.


TAMPA DE TERRINA, EM FAIANÇA DE JOSÉ DOS REIS - ALCOBAÇA

“Vão-se os anéis, ficam os dedos”… vão-se as terrinas ficam as tampas!

Hoje apresentamos mais uma tampa de terrina, deveras interessante: pequena, monocromática, na cor vinoso (cor de amora).


Trata-se de uma tampa de terrina, de forma rectangular de cantos arredondados; peça moldada, de encaixe, em cúpula, com pega elevada, de interessante configuração.

A decoração é pintada por estampilhagem e esponjado a cor de amora (vinoso), sobre fundo branco, possuindo dos dois lados da pega uma paisagem tipo “Casario e Árvores”, com um conjunto de edifício, um deles com uma cúpula, possuindo este e outro à sua esquerda, uma mastro com uma bandeira.


O terceiro edifício, de menor porte, com telhados de duas águas, possui um
óculo na empena, estando todos enquadrados em vegetação luxuriante, em que os troncos foram efectuados por estampilhagem, com recurso a “stencil” (chapa recortada) e a folhagem a técnica de esponjado.


Na bordadura da tampa uma cercadura vegetalista estampilhada, assemelhando-se a uma grinalda, terminando junto ao bordo com a aplicação de um esponjado


Trata-se de uma tampa de travessa não marcada, com uma massa de textura fina, de esmaltado leitoso, mais ou menos homogéneo, mas com falhas pontuais do mesmo.


Peça interessante, que cativa o olhar de um qualquer – é o fascínio da Faiança de José dos Reis (dos Santos), de Alcobaça, que mesmo sem carimbo ou marca, permite-nos considerar que será desse fabrico, e do seu período de fabricação, provavelmente, entre 1875 e 1898.


Pela análise da decoração, do tipo de pintura realizada e da comparação efectuada com outras peças, atribuídas a José dos Reis, apresentadas, nomeadamente no livro “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira (2008), leva-nos a considerar, sem quaisquer dúvidas, ser uma peça de José dos Reis.


FONTES:

1) – “ Cem anos de Louça em Alcobaça”, de Jorge Pereira de Sampaio e Luís Peres Pereira, 2008;

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950”, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 (?);


3) - “Cerâmica em Alcobaça – 1875 até ao presente: CeRamiCa PLUS” – Galeria de Exposições Temporárias – Mosteiro de Alcobaça; 6 de Abril a 4 de Maio 2011; Município de Alcobaça, 2011.

4) – “Faiança Portuguesa Séculos XVIII-XIX”, Colecção Pereira de Sampaio, Editores ACD, 2008.

5) – “Cerâmica Portuguesa e Outros Estudos”, de José Queirós, Organização, Apresentação, Notas e Adenda Iconográfica de José Manuel Garcia e Orlando da Rocha Pinto, Editorial Presença, 3ª Edição, Lisboa, 1987.

6) – “Faiança Portuguesa – Seculos XVIII-XIX”, de Arthur de Sandão, Livraria Civilização, 2º Volume, Barcelos, 1985.

7) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.


8) – “A Faiança de Raul da Bernarda & F.os, Lda. – Fundada em 1875 – ALCOBAÇA”, de Jorge Pereira de Sampaio, Edição Particular da Fábrica Raul da Bernarda & F.os, Lda., Alcobaça, Outubro, 2000.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PRATO COVO EM FAIANÇA DA CERÂMICA ALCOA INDUSTRIAL - ALCOBAÇA

Mais uma apresentação de um prato covo em faiança branca de uma fábrica da região de Alcobaça.


Trata-se de uma peça carimbada, com carimbo circular, na cor verde com a indicação, na coroa circular, de CERÂMICA – ALCOA – INDUSTRIAL e no círculo interior J. R. – Tel. 63165 - ?????????.


Trata-se na verdade de uma outra fábrica de faiança da região de Alcobaça, segundo cremos já extinta, e que se dedicou em meados e finais do século passado ao fabrico de faiança utilitária de uso doméstico, vidrada na cor branca e com decorações semelhantes a outras faianças de outras fábricas, nomeadamente da Fábrica de Loiça de Sacavém.


O presente prato covo, possui no limite da aba e na concordância desta com o covo, um filete fino, a dourado.


A decoração policroma, com o motivo, dito “Pintassilgo”, assemelha-se a motivo idêntico largamente produzido nas décadas de 50 e 60 Pela Fábrica de Loiça de Sacavém.

 


A decoração policromática é constituída por um pintassilgo, com plumagem exuberante, pousado sobre um ramo, com flores rosas e folhas verdes e com outros dois motivos, diferentes, mas semelhantes, de um pequeno ramo com flor e folhas idênticas ao da decoração com o pintassilgo.


Constitui, sem dúvida, uma cópia de motivo e decoração semelhante ao que a Fábrica de Loiça de Sacavém produzia, pese embora com ligeira menos qualidade, mas que a “olho simples” se confundia com a mesma e assim beneficiava comercialmente da fama granjeada pela louça de Sacavém, permitindo a sua inserção no mercado, pese embora de âmbito regional – mais uma vez à volta de Alcobaça, Leiria e pouco mais.

No tardoz do prato, a marca a cor verde, é concludente – faiança da CERAMICA – ALCOA – INDUSTRIAL – J. R. – Tel. 63165 – sem dúvida uma outra Fábrica de Cerâmica de existiu na zona de Alcobaça, entretanto extinta.



Pelas pesquisas efectuadas, concluímos que tratava, provavelmente da Cerâmica Alcoa, Lda, que se dedicava à fabricação de artigos de uso doméstico de faiança, porcelana e grés fino (do seu título constitutivo), possuía o NIPC 500908532, mas que em 18-07-2012 já não existia, o que pressupõe o seu antecipado encerramento.

Mais não conseguimos, mas gostaríamos, pois trata-se de mais uma Fábrica de Cerâmica da zona de Alcobaça que existiu e que se torna relevante a sua inventariação e registo, pese embora de produção com âmbito restrito de comercialização, como cremos.

O motivo ”Pintassilgo” foi algo recorrente e imitado por outras fábricas de faiança, para além da Fábrica de Loiça de Sacavém, vejamos pois o mesmo motivo, desenvolvido quer por esta, qquer por outras:

1- Fábrica de Loiça de Sacavém:



2- Faianças da Pinheira –Aveiro:



Fontes:
1) - https://www.jornaldeleiria.pt/files/_Historia_da_Industria_Ceramica_537cc5fa24cb3.pdf

2) – “Faiança de Alcobaça, de 1875 a 1950”, de Jorge Pereira de Sampaio, Estar Editora, Coleção Fundamental, 1997 (?);

3) – “A Loiça de Alcobaça”, de João da Bernarda, Edições ASA, 1ª Edição, Porto - Outubro de 2001.