sábado, 5 de abril de 2014

Cantão Popular - MONTARGILA - mais uma Fábrica

Mais uma fábrica de Cantão Popular: Montargila (Algés)

Deambulando por umas velharias na periferia de Lisboa, encontrei mais um prato do Cantão Popular, ou por vezes referido como "Miragaia".

Tal como sempre e não resistindo voltei o prato, esperando não encontrar qualquer marca no seu tardoz, quando para meu espanto identifico perfeitamente a marca "MONTARGILA" - mais uma fábrica de Cantão Popular !





 

 

Como sabem, o Cantão Popular é uma adaptação livre e ingénua da loiça inglesa do “Willow Pattern” e foi fabricado em Portugal por várias fábricas, a maioria anónima, desde o início do século XIX até quase aos anos 60 ou 70 do século XX.

Há imensas variantes ao motivo, que também é executado em pastas diferentes.

O cantão popular foi fabricado pela Fábrica de Miragaia (entre 1827 – 1840) – 2º período de fabrico; pela Lusitânia (na fábrica de Coimbra, provavelmente, a partir de 1929); na Fábrica do Cavaco do Porto (entre 1862 – 1920); na Fábrica das Loiças do Pinheiro – S. Roque de Aradas – Aveiro, por volta dos anos 50 do século passado e eventualmente outras mais como Cesol – Coimbra, Darque – Viana; Constância – Lisboa e outras que desconhecemos.
 
Este prato a que nos estamos a referir, contrariamente ao habitual, possui marca e sabe-se assim que foi fabricado na fábrica Montargila.

A Fábrica de Cerâmica de Montargila, situava-se em Algés, mais propriamente na Estrada que liga Algés a Linda-a-Velha, concelho de Oeiras, a qual foi fundada em 1897 por José Joaquim d’Almeida Junça.

Em 1906, teve obras de remodelação e ampliação. Esteve em funcionamento até aos anos 60 e fabricava telha, telhão, tijolo e artigos decorativos de cerâmica, do qual este prato seria um.

Em 2005, era esta a imagem da fábrica extinta.
 
 
 

Refira-se que José Joaquim d’Almeida Junça possuía também a Fábrica de Produtos Cerâmicos, na Rua da Fonte Santa, nº 88 a 96, em Lisboa, fundada em 1882, da qual se apresenta a imagem seguinte (O Independente, n.º 1, de 3 de Fevereiro de 1889).
 
 
 
Foi nesta Fábrica que foram fabricados os pratinhos em terracota comemorativos do VII Centenário do nascimento do Santo António, conforme imagens seguintes.
 

Enfim, mais uma incursão pelas velharias, com a descoberta de mais um prato com história !
 





Um pires com a Cruz de Avis . O encanto das Faianças e Porcelanas







Um pires com a Cruz de Avis - O encanto das Faianças e Porcelanas.


O encanto pelas faianças e porcelanas não é só pelas suas decorações, motivos ou cores, pelas suas marcas, carimbos ou fábricas, em especial pelo seu tipo ou fabrico, inerente à sua idade, uso e história, mas também pelo fascínio que elas nos transmitem, pelas suas particularidades que nos agarram ou que nos ligam por laços inexplicáveis.

Tudo isto vem a propósito de um pires que encontrei numa das feiras de velharias de velharias que visito – Estremoz – um simples pires em porcelana, daqueles vendidos ao “molho”.

Entre muitos espalhados pelo plástico no chão foi o único que me fascinou, e tive de comprar mais duas peças, para fazer o “pack” que estava anunciado, em função do preço estabelecido!

Tratava-se de um pires em porcelana, de bordo recortado, com um filete dourado, com motivos florais em revelo na aba, na mesma cor do vidrado – branco, mas ….. com uma particularidade: com uma fita verde e a Cruz Verde de Avis – foram estes os motivos que me chamaram!





O hábito e a curiosidade logo me levaram a voltar o mesmo e ver o que estava gravado no mesmo: um carimbo com “Wawel – Made in Poland” e outro “Serfogo-Portugal – Miratejo- Tel.(01) 255 20 31

 

A Cruz de Avis e a correspondente Ordem Militar de Avis, destina-se a premiar altos serviços militares, sendo exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, bem como a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares, …., e lá me vem a lembrança à EPI – Escola Prática de Infantaria, em Mafra.

Para a atribuição de qualquer grau da Ordem Militar de Avis, são condições necessárias, as seguintes:

a) Ter prestado, pelo menos, sete anos de serviço a contar da data da graduação ou promoção a oficial;

b) Ter no decurso da carreira militar revelado elevados atributos morais e profissionais, manifestados através de uma irrepreensível conduta, reconhecidas qualidades cívicas e virtudes militares;

c) Ter prestado serviços altamente meritórios, reconhecidamente relevantes e distintos e que tenham contribuído para o prestígio militar das Forças Armadas ou da Guarda Nacional Republicana, com especial relevância para os serviços prestados em campanha ou com risco de vida.

Os graus e as insígnias da Ordem de Avis correspondem aos seguintes postos da hierarquia militar:

- Vice-almirante ou tenente-general e postos superiores. Grã-Cruz;
- Capitão-de-mar-e-guerra ou coronel e contra-almirante ou major-general: Grande-oficial;
- Capitão-de-fragata ou tenente-coronel: Comendador;
- Capitão-tenente ou major: Oficial;
- Primeiro-tenente ou capitão: cavaleiro ou Dama.

O distintivo da Ordem Militar de Avis é uma cruz florida, de esmalte verde, perfilada de ouro. A cor da ordem é o verde.

Ora o distintivo que se encontrava no pires de porcelana em apreço - a Medalha de Cavaleiro ou Dama da Ordem de Avis.




A insígnia é a cruz singela, suspensa numa fita verde.

As senhoras agraciadas com a Ordem Militar de Avis podem usar a insígnia pendente de um laço. Nos atos solenes, os Cavaleiros podem usar, pendente do pescoço por uma fita verde, o distintivo com as dimensões do grau de Comendador…

Um simples e vulgar pires, comercializado por uma empresa de Vale de Milhaços (Corroios) que se dedica à comercialização de louça utilitária para o lar, e neste caso de louça fabricada na cidade de Wawel, na Polónia – complexo fortificado na margem esquerda do rio Vístula, em Cracóvia, famosa pelas porcelanas que produz, ditas “da china”.


                                                                                       WAWEL vista do Rio Vístula



                                                                   Castelo de Wawel á direita e Catedral à esquerda

Enfim, um simples pires, com muito afecto que será mais uma peça da minha colecção de faianças e porcelanas.

terça-feira, 1 de abril de 2014

VELHARIAS, TRALHAS E TRAQUITANAS

Meus Caros,

Este blog será um espaço de partilha e divulgação de gostos e de troca de informações e conhecimentos sobre diversos assuntos: velharias, antiguidades, mobiliário, cerâmicas, vidros, numismática, livros e outros mais.

Relatos de estórias e encantos com pessoas anónimas, nas vivências do antigo e do mais genuíno que Portugal tem.

Viver o presente, valorizar o passado, transpondo-o para o futuro!

Será um prazer  intenso a partilha de conhecimentos e informação e uma satisfação enorme com os comentários e dicas que surgirão.



Pote em Faiança Branca "MAFRA" (réplica de louça do século XVIII)

Existem originais no Convento de Mafra, fabricadas em olarias locais encomendadas por D. João V para os frades que habitaram o Real Convento de Mafra